Orçamento de Mairinque para 2011 vai contra determinação do Tribunal de Contas.


Em 6 de agosto de 2010, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo divulgou o comunicado 29/2010 que determina  que a autorização para créditos suplementares não deve superar os índices de inflação esperados para 2011, de forma a impedir a desfiguração da lei orçamentária.
O orçamento de São Roque segue esta norma e previu margem de 5% para retirar recursos de um programa ou de uma secretaria para outra, mas em Mairinque o poder Executivo  não segue esta determinação. A apresentação da  Comissão de Finanças da Câmara Municipal de Mairinque informa que a margem de manobra  será de 20% e que este percentual é maior , visto que o artigo 2º informa que não entre neste percentual os pagamentos referentes a:
          de pessoal e seus encargos
         de juros, amortização e demais encargos da dívida pública consolidada do município
         da contribuição ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP
         de precatórios judiciais
         de despesas vinculadas a convênios firmados com a União e o Estado
         de repasses automáticos efetuados pelos governos Federal e Estadual, para as áreas da Saúde, Educação, Assistência Social e programas de infra-estrutura de transportes.
         de despesas vinculadas ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB e a Quota do Salário Educação – QSE.
Deste modo, com isso o Poder Executivo recebe uma carta branca e destrói a peça orçamentária. Além disto, ao persistir neste erro, corre o sério risco de ter as contas reprovadas pelo TCE e se torna inelegível. O relator do orçamento poderá evitar todos estes problemas ao seguir as determinações do TCE.
06.08.2010
Comunicado SDG nº 29/2010
 
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo comunica que, na elaboração do projeto de lei orçamentária, deve a Administração atentar para os seguintes cuidados.
1. Para satisfazer princípio básico de responsabilidade fiscal, os programas governamentais devem ser bem previstos, daí evitando as constantes alterações ao longo da execução orçamentária.
2. O projeto orçamentário agregará todas as entidades públicas do nível de governo, o que inclui Administração direta, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista; isso, nos termos do art. 165, § 5º da Constituição.
3. Nos moldes do § 8º da mencionada norma, a autorização para créditos suplementares não deve superar os índices de inflação esperados para 2011, de forma a impedir a desfiguração da lei orçamentária.
4. Tendo em mira o princípio orçamentário da exclusividade, os institutos constitucionais da transposição, remanejamento e transferência serão objeto de lei específica e, não, de autorização genérica no orçamento anual (art. 165, VI da CF).
5. Conforme o art. 15 da Lei nº 4.320, de 1964, a despesa orçamentária será decomposta, no mínimo, até o nível do elemento.
6. Quanto aos precatórios judiciais, o montante das dotações deve conformar-se à opção feita no Decreto
que, a modo dos incisos I e II, § 1º, art. 97 do ADCT, tenha sido editado pelo Poder Executivo.
7. Caso ainda exista dívida líquida de curto prazo (déficit financeiro), há de haver previsão de superávit orçamentário, contendo-se parte da despesa sob a forma de Reserva de Contingência.
8. De igual modo, há de haver Reserva de Contingência para evitar despesa à conta de eventual reserva financeira do regime próprio de previdência (art. 8º da Portaria Interministerial nº 163, de 2001, alterado pela Portaria Conjunta n º 1, de 2010 – STN/SOF).
9. A inclusão de obras e outros projetos depende do atendimento orçamentário dos que estão em andamento (art. 45 da Lei de Responsabilidade Fiscal).
10. À vista do art. 165, § 6º da Constituição, há de se elaborar anexo demonstrando a perda de receita face às renúncias fiscais que ainda persistem no ente estatal (isenções, anistias, remissões e subsídios).
11. No escopo de controlar o art. 73, VI, “b” e VII da Lei Eleitoral, deve haver específica Atividade para os gastos de propaganda e publicidade, especialmente quanto ao último ano de mandato.
12. Para satisfazer o princípio da transparência fiscal, há de também haver específica Atividade para recepcionar despesas sob o regime de adiantamento (art. 68 e 69 da Lei nº. 4.320, de 1964).
13. O orçamento legislativo deve conformar-se aos novos limites da Emenda Constitucional nº 58, de 2009, sendo que, em hipótese alguma, deve a Prefeitura assumir gastos próprios da Câmara de Vereadores.
14. As dotações da Educação devem apresentar certa folga, no intento de suportar eventual crescimento da receita de impostos e dos repasses do Fundo da Educação Básica – FUNDEB.

SDG, 05 de agosto de 2010.

Sérgio Ciquera Rossi
SECRETÁRIO DIRETOR GERAL
Republicado por ter saído com incorreções

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