SABESP propõe contrato de mais 30 anos em São Roque. Será que vai dar?!?

do Jornal da Estância

Em um momento em que o mundo tem sede, onde 97% da água existente no planeta é salgada e quase 2% está sob a forma de neve e gelo, nos restas menos de 1% de água potável e limpa para nosso consumo. Embora moremos num país privilegiado, onde cada brasileiro consome cerca de 132 litros de água por dia, no mundo, milhões de pobres sobrevivem com menos de 19 litros. Sem contar que 3,3 milhões de pessoas morrem a cada ano devido às doenças relacionadas com a falta da água tratada. Segundo informações do SUS, a cada um real que se deixa de  investir em saneamento, o SUS gasta quatro reais, em conseqüência das doenças causadas pelas águas contaminadas.

Na Estância Turística de São Roque a empresa responsável pelo saneamento básico é a Sabesp. Foi durante o mandato do Prefeito Quintino de Lima, em 1979 que foi aprovada a Lei 1.204 que autorizou a Sabesp a ter a concessão durante 30 anos para a execução, exploração dos serviços de abastecimento de água e de coleta e destinação final dos esgotos sanitários do município. Ocorre que passados quase 30 anos, o serviço da Sabesp com relação ao esgoto não chega a ser nem um pouco satisfatório, haja vista que a empresa não trata um único metro cúbico de esgoto em nossa cidade contribuindo para que lancemos a totalidade de nossos esgotos in natura em nossos rios e mananciais, envenenando com isso a flora e fauna são-roquense

Assim como em outras cidades do Estado de São Paulo o contrato firmado com a Sabesp, na época, lhe concedeu amplos poderes e direitos para atuar na sua prestação de serviços junto aos municípios. Embora em São Roque,  a Sabesp cobre  80% sobre a água consumida, a título de taxa de esgoto, este serviço nunca foi prestado em nosso Município. Ocorre que a Sabesp fornece o recuo do esgoto e não executa o tratamento final do mesmo antes de despejá-los em nossos rios.

Devido ao retardo de investimentos na recuperação da rede de água potável instalada, diversos vazamentos se espalharam pelos bairros, levando dias para serem reparados permitindo que ocorram vazamentos de milhares de metros cúbicos de água por semana a fio, em conseqüência, bairros inteiros definham por dias sem abastecimento de água. Trata-se de crime ambiental.               Em 1997 a Sabesp iniciou a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), no Bairro do Guaçu. Uma obra que previa gastos em torno de 14 milhões de reais e que resolveria toda esta questão ambiental em nosso município.  A empresa, Araguaia, responsável pela construção, abandonou a obra causando, além de um prejuízo financeiro, um grande prejuízo ambiental para todos nós. Não se sabe ao certo o que ocorreu na época, porém até recentemente era possível encontrarmos esta mesma empreiteira, prestando serviços a Sabesp.

Passados 30 anos de contrato, São Roque terá que tomar um posicionamento com relação à renovação ou não do contrato com a empresa estatal. A responsabilidade esta nas mãos de nossos governantes, os Vereadores e o Prefeito.

Recentemente a Câmara Municipal de nossa cidade recebeu das mãos do Executivo a minuta do contrato proposto pela Sabesp, trata-se de uma renovação por mais 30 anos, onde a Sabesp, promete em menos de 3 anos fazer todos as obras necessárias para que possamos ter 100% de tratamento de esgoto e 100% de água potável, coisa que ela não conseguiu fazer em 30 anos. Na minuta do contrato, a Sabesp apresenta sua planilha de cálculos e afirma que o saneamento básico é deficitário. Nesta mesma planilha uma situação chama muita atenção, que é a previsão de que, findado esse próximo contrato, ou seja, daqui mais 30 anos, O Município deverá dever para eles perto de 63 milhões de reais. É mais ou menos assim: eles não fizeram nada em 30 anos, fechamos um contrato de mais 30, e após esse período ainda saímos devendo uma verdadeira fortuna para a Sabesp. É mole?!?!? O lado bom disso é que estamos percebendo que alguns vereadores estão bastante atentos à situação e já propuseram mudanças significativas ao contrato. Agora, aguardam o posicionamento da Sabesp. A maioria defende que da maneira como está  redigido o contrato não dá para votar favorável.