Ações contra enchentes atrasam em SP



Após transbordamentos no início do ano, Alckmin fixou metas de limpeza dos rios, que não serão cumpridas

Até o início do verão, em dezembro, governo vai desassorear 60% do que havia prometido no Tietê e no Pinheiros


Nelson Antoine - 11.jan.2011/Folhapress
Veículos ilhados em alagamento na marginal Tietê 

ALENCAR IZIDORO
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

As ações de combate a enchentes anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) logo após as chuvas registradas no início deste ano atrasaram e ficarão inacabadas no próximo verão.
Com 11 dias de mandato, após um dia caótico em São Paulo diante do transbordamento do Tietê e do Pinheiros, Alckmin divulgou que aceleraria a retirada de sedimentos dos rios para tentar evitar alagamentos na temporada de chuvas seguinte.
Até dezembro, no entanto, quando começa o verão, ele conseguirá desassorear (retirar sedimentos da calha) apenas 60% do que havia anunciado para os dois rios.
O governo prometeu, então, remover 1,5 milhão de m3 do Pinheiros ainda este ano. Agora, a expectativa é que apenas 800 mil m3 sejam retirados até dezembro.
No Tietê, Alckmin disse que faria novo contrato para eliminar 2,1 milhões de m3 de materiais também este ano.
A nova meta considerada realista pelo governo é hoje de 1,4 milhão de m3 -embora, oficialmente, considere até 1,7 milhão de m3. O restante só fica pronto em 2013.
Especialistas atestam que o total que será retirado até o fim do ano deve dar uma folga ao sistema, mas há necessidade de outras medidas até o verão, para que os dias de caos sejam minimizados.
"O problema das sub-bacias [todos os pequenos córregos e rios da cidade chegam ao Tietê] também precisa ser atacado", afirma Mario Thadeu Leme de Barros, professor da USP e especialista em drenagem urbana.
O desassoreamento de toda a cidade, diz ele, é essencial para sobrecarregar menos o Tietê. "Outra coisa é fazer a construção de diques ou a instalação de bombas nas zonas mais baixas", afirma.
Aluisio Canholi, experiente pesquisador do tema, considera "bastante satisfatória" a quantidade de sedimento que será retirada este ano.
Mas faz um adendo: o desassoreamento precisa ser feito de forma escalonada. Os pontos de maior concentração de sedimento, perto dos afluentes principais como o Tamanduateí, Aricanduva e Cabuçu de Cima, precisam ser priorizados, diz Canholi.
"Assim como as áreas das barragens da Penha e Móvel (sob o Cebolão)", afirma.

LIMPEZA
O governo diz que, no Pinheiros, questionamentos judiciais atrasaram a contratação, só viabilizada no mês passado, pelo valor de R$ 71,8 milhões, por 20 meses.
No Tietê, uma licitação foi anulada e teve que ser refeita após contestação do TCE (Tribunal de Contas do Estado) sobre as regras de seleção. O contrato também só foi assinado em maio, por 20 meses, ao custo de R$ 107,6 milhões.
Outra preocupação do governo paulista para a próxima temporada de chuvas é a sujeira nos piscinões. "Alguns estão com bastante assoreamento", afirma Edson Giriboni, secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.

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