Alckmin abriga aliados derrotados





FABIO LEITE
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) virou abrigo de políticos correligionários do tucano ou de partidos aliados que foram reprovados nas urnas em 2010. Ao menos sete candidatos a deputado federal ou estadual que não conseguiram se eleger em outubro ganharam cargos no primeiro e segundo escalões da administração estadual ou em conselhos de estatais paulistas. E a lista ainda pode aumentar.
Um dos últimos a conseguir refúgio no governo tucano foi o ex-deputado federal Fernando Chucre (PSDB). Malsucedido na campanha de reeleição, ele foi nomeado por Alckmin no final de abril como coordenador-geral do Programa de Recuperação Socioambiental da Serra do Mar, no lugar do coronel da reserva Elizeu Eclair Teixeira Borges, indicado pelo ex-governador José Serra (PSDB) em 2009.
Colega de Chucre na bancada tucana da Câmara dos Deputados até o ano passado, o ex-deputado federal Lobbe Neto virou presidente da Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam), que coordena estudos e pesquisas relativos à gestão e políticas públicas municipais. Além disso, Lobbe tem assento no conselho de administração da Imprensa Oficial, que paga jetom de R$ 3,5 mil por reunião.
Já o tucano Raul Christiano, que também não se elegeu federal, atua como coordenador de comunicação da Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos e foi indicado conselheiro da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos. A EMTU, aliás, que tem como diretor de gestão operacional Evandro Losacco, candidato derrotado a uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PSDB.
Quem também não conseguiu se eleger deputado estadual mas foi indicado para trabalhar no governo é o tucano Milton Flávio, que exerceu mandato entre janeiro e março na Assembleia com a nomeação de alguns eleitos para o governo. Professor assistente da UNESP em Botucatu, ele foi deslocado para trabalhar com o colega de partido José Aníbal na Secretaria Estadual de Energia.
Dos tucanos quem se deu melhor foi Silvio Torres, único derrotado nas urnas que ganhou cargo no primeiro escalão. Ele é secretário de Habitação. Na composição do governo, Alckmin optou por nomear políticos de sua confiança. É o caso de Aníbal, Bruno Covas (Meio Ambiente), Emanuel Fernandes (Planejamento), Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano), Júlio Semeghini (Gestão) e Paulo Barbosa (Desenvolvimento econômico).
A lista de candidatos derrotados abrigados pelo governo não inclui apenas políticos do PSDB. Ari Friedenbach, que perdeu a última eleição a deputado federal pelo PPS foi nomeado assessor técnico de gabinete.
A relação pode aumentar com a indicação de outros políticos reprovados nas urnas. No PTB é tida como “questão de tempo” as nomeações dos ex-deputados estaduais Conte Lopes e Waldir Agnello, que não se reelegeram, para algum cargo na administração.
Outro lado
Em nota enviada por e-mail à reportagem do JT, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que “não há relação” entre as nomeações para cargos de confiança e a filiação partidária dos políticos nomeados. “Todas as nomeações feitas pela administração direta ou indireta obedecem critérios técnicos e levam em conta a formação acadêmica, experiências na administração pública e histórico profissional.”
Segundo a subsecretaria de comunicação do governo, entre os políticos apontados pela reportagem estão engenheiros (Evandro Losacco), advogados (Ari Friedenbach), jornalistas (Raul Christiano e Silvio Torres), arquitetos (Fernando Chucre) e administradores, “com competência para exercer a função para a qual foram contratados”.

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