Bairros nobres têm 1 estupro a cada 4 dias



Neste ano, oito delegacias da capital registraram 42 casos; há relatos de ataques dentro de ônibus, em cemitérios e até em um hospital


Camilla Haddad - O Estado de S.Paulo
JORNAL DA TARDE
A cada quatro dias, pelo menos um estupro foi registrado entre janeiro e maio em delegacias de bairros nobres ou regiões com grande concentração de bares badalados na capital. O número aparece nas estatísticas da Secretaria da Segurança Pública, que ontem divulgou o balanço de maio. Houve aumento de 10,7% no número de estupros em relação aos cinco primeiros meses de 2010. Outros crimes registraram crescimento: latrocínio, furto e roubo de veículos.
Juntas, as delegacias do Itaim-Bibi (15.ºDP), Campo Belo (27.ºDP), Pinheiros (14.ºDP), Perdizes (23.ºDP), Santa Cecília (77.ºDP), Brooklin (96.ºDP), Santo Amaro (11.ºDP) e Cambuci (6.ºDP) acumulam 42 registros. Um dos casos mais recentes foi o de uma estudante de 20 anos que teria sido violentada no dia 17 por um bombeiro civil socorrista na boate Kiss & Fly, na Villa Daslu, Itaim-Bibi.
A Polícia Civil investiga ainda a possibilidade de ter ocorrido em março, na mesma casa, um "boa noite Cinderela" - golpe em que se coloca sonífero na bebida da pessoa para depois roubá-la. A vítima seria uma turista do Rio. Além do roubo, ela teria sofrido abuso sexual. A boate foi procurada por e-mail e telefone, mas não se manifestou.
O delegado titular do 15.º DP, Paul Verduraz, diz que a carioca deverá ser chamada para depor. "Vamos verificar se há relação (com o crime deste mês). A dificuldade é que ela mora no Rio", diz.
Nas ocorrências de estupro registradas nas delegacias citadas acima, a maioria das vítimas é mulher, já adulta, que passava pelas rua ou estava dentro de residências. Mas há relatos de ataques em ônibus, cemitérios e até em um hospital (veja ao lado). Desde 2009, o crime de estupro foi unificado com o atentado violento ao pudor, segundo a Lei 12.015/2009, e mesmo sem o ato sexual consumado o crime é considerado estupro.
Para o comandante da Polícia Militar, Alvaro Batista Camilo, esse delito é difícil de se combater. "Ocorre longe das vistas da polícia e na maioria das vezes entre pessoas conhecidas, muitas vezes parentes, primos e dentro da própria casa." Segundo ele, o estupro não tem classe social, ocorre em toda a cidade e é uma ação premeditada.
Já a delegada Joceleide Caetano de Souza, titular da 8.ª Delegacia de Defesa da Mulher, na zona leste, diz que atualmente as mulheres têm denunciado mais esse crime. "Em estupros praticados na rua e de autoria desconhecida, a maior parte das mulheres registra, pois tem medo de eventual gravidez e doenças."
ALGUNS CASOS
Hospital
Um dos casos de estupro deste ano aconteceu em um hospital da zona sul. Segundo ocorrência registrada no 15º DP (Itaim-Bibi), uma mulher de cerca de 30 anos relatou que, após passar por uma cirurgia delicada, ficou na sala de recuperação, onde um funcionário da unidade teria "passado a mão" nela. O homem usava jaleco.
Cemitério
Em outro episódio, registrado no 23º DP (Perdizes), uma mulher disse que trabalhava em um cemitério à noite quando dois homens se aproximaram e tentaram seduzi-la. Como ela não deu atenção, eles então partiram para cima dela e fizeram ameaças. Um deles passou a mão em seu corpo e os dois a violentaram.
Ônibus
Um dos crimes relatados no 23º DP (Perdizes) é de uma jovem que estava sentada em um dos últimos bancos de um ônibus municipal quando um homem, sob ameaça de arma, fez com que a vítima sentasse ao lado dele. O veículo levava poucos passageiros. O homem fez a moça passar a mão em seu órgão genital e depois a obrigou a descer do coletivo para estuprá-la. 


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