Desapropriações desagradam moradores




Quinze imóveis localizados entre as ruas Moacyr Figueira, Ema Zacchi Police e Pedro José Ribeiro, no Além Linha, devem ser desapropriados para dar lugar ao novo prédio do Centro de Educação Infantil "Professora Beatriz de Moraes Leite Fogaça" (CEI-16). As edificações foram avaliadas por peritos designados pela Justiça, mas alguns proprietários contestam a "desvalorização" dos imóveis pois o saldo não será suficiente para adquirir outro na região central.

A professora Joelma Aparecida de Souza, de 34 anos, mora na casa 25 da rua Ema Zacchi há catorze anos. Ela reclama da forma como chegou a notícia da desapropriação. "Uma pessoa chegou e avisou que teríamos dez dias para desocupar a casa." Joelma conta que o pai foi vítima de acidente vascular cerebral e tem outras doenças como pressão alta e diabetes. "Quase foi parar no hospital," comenta. A mãe dela também teria passado mal.

Embora não saiba ao certo o valor apresentado, a professora explica que teria sido avaliado bem inferior. "Onde vamos encontrar uma casa no centro, que acomode todos e no valor que vão pagar?," questiona. No imóvel de doze cômodos vivem ela, o irmão e pais, além das famílias de dois outros irmãos que têm esposas e filhos. Seu irmão, o operador de utilidades Deivid José de Souza, 28, conta que ninguém chamou para negociar.

Os valores teriam sido "impostos" aos moradores, critica. "Temos nossa vida aqui e não dá para mudar," reclama. Pelos cáculos de Joelma, uma casa no centro deve ultrapassar os R$ 300 mil. A dona de casa Adriana Carriel, 43, alugou um imóvel na rua Moacyr Figueira há um mês, mas já começou a procurar outro. "Meu contrato é de seis meses e a gente achava que até o final do ano não ia acontecer nada." A área de 10x40 tem outras duas casas ocupadas por famílias, explica.

Adriana fala da revolta do dono do imóvel que aluga e de outro proprietário vizinho diante do baixo valor oferecido. "Parece que o valor é bem mais baixo do que vale mesmo," observa. Já a cabeleireira Marlene Gorete Batista, 48, estabelecida há mais de sete anos junto à ponte dos Ferroviários quer indenização porque terá prejuízos com a mudança. "Vou perder meus clientes. E depois, o valor que vão pagar é bem abaixo da tabela," destaca.

Já no ferro velho junto à ponte, os trabalhadores começaram a desocupar o imóvel há quase uma semana. O encarregado Roberto de Lima, 27, acredita que não conseguirão entregar o espaço em dez dias como teria sido pedido. "É muita coisa, mas o pessoal já não está mais trazendo material," afirma. O comerciante Roberto Catani Neto, 41, conta que alguns imóveis estão desocupados. Para ele, o novo projeto deve pôr fim ao "submundo" próximo à ponte dos Ferroviários. 

Depósito em juízo 
Atualmente, o CEI-16 funciona entre a avenida Afonso Vergueiro e a rua Miranda Azevedo. De acordo com a Secretaria de Comunicação (Secom), a unidade atende 175 crianças e deve ampliar com outras oitenta vagas. O setor não informa o valor do investimento, mas adianta que as obras começam após a definição das desapropriações e conclusão do processo licitatório. A Secom revela que a situação dos imóveis não permitiu uma desapropriação administrativa. Os documentos dos particulares não se encontravam completamente regularizados, sendo realizado via judicial. A Secom informa que o processo começou no ano passado e os imóveis foram avaliados por peritos designados pela Justiça e os valores depositados em juízo.

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