Família pede esclarecimento de crime




Caio do Valle
Ontem (12), o enterro do estudante Alisson de Paula Guerreiro, de 15 anos, morto com um tiro na cabeça na noite da última sexta-feira pelo policial militar Erisvan da Paz, de 37 anos, foi marcado por clamores de justiça e o anúncio de um abaixo-assinado para pedir o esclarecimento do crime.
Familiares e amigos do adolescente também disseram que planejam uma passeata em homenagem a ele nesta sexta-feira, dia 17, data em que a morte completará uma semana.
Cerca de 100 pessoas – muitas vestindo camisetas com a foto do garoto e a inscrição “saudade eterna” – acompanharam o sepultamento, no Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, na zona leste da capital, perto do local onde o garoto morreu. No fim do cortejo, os participantes gritaram a palavra “justiça” algumas vezes.
Segundo testemunhas, o jovem foi atingido por um disparo na nuca quando o soldado da Força Tática tentou segurá-lo pelo capuz com a mão em que carregava uma pistola. O tiro teria sido acidental: Paz teria “desequilibrado” a arma. O crime ocorreu na Avenida Doutor Ussiel Cirilo, onde há alguns bares.
“A intenção desse abaixo-assinado é que a verdade venha à tona. Isso não pode ficar impune. Uma pessoa não pode simplesmente dar um tiro em uma criança e falar que foi descuido”, afirmou o vigilante Ed Carlos Paulino de Paula, de 29 anos, tio de Alisson. Ele disse que há dúvidas pendentes. “Por que eles (os policiais) demoraram quase 40 minutos para levar o menino até o pronto-socorro, sendo que do local onde ocorreu o fato até o hospital são cinco minutos?”
O objetivo é entregar a carta com as assinaturas, que começam a ser colhidas hoje na vizinhança da casa onde Alisson morava, a um representante da polícia, no fim do mês. O garoto vivia com a mãe e dois irmãos.
A costureira Janaína Martins, de 37 anos, madrasta do menino, falou sobre o ato. “Quero fazer a passeata da porta da casa dele até o local da ocorrência, para chegar na hora em que atiraram, 22h30.”
No boletim do 63º DP (Vila Jacuí), o crime foi registrado como tendo ocorrido às 23h30. Janaína nega. “Esse foi o horário em que a gente foi avisada”, disse. Segundo ela, Alisson tinha hematomas na face.
A PM informou ontem que o caso é apurado pela Corregedoria e que Paz continua preso no presídio militar Romão Gomes, na zona norte. Ele foi indiciado por homicídio culposo (sem a intenção).
FOTO: SÉRGIO NEVES/AE

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