Funcionários do CHS fazem greve hoje



Mas o atendimento de urgência do Pronto-Socorro será mantido

Rosimeire Silva
      rosimeire.silva@jcruzeiro.com.br

O Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) poderá ter o atendimento interrompido hoje em função da greve dos servidores estaduais da saúde. Cerca de 2,5 mil funcionários que atuam na unidade prometem cruzar os braços a partir das 8h para participarem da mobilização. A diretora regional do SindSaúde, Maria do Amparo de Oliveira, garante, no entanto, que a paralisação não atingirá o serviços de urgência e emergência realizados pelo Pronto-Socorro.

Segundo ela, em reunião realizada no início desta semana com a categoria ficou decidido que o movimento na cidade seria parcial e deveria se concentrar principalmente nos serviços ambulatoriais e de enfermaria, onde são realizados atendimentos eletivos. Nesses departamentos, a orientação é para que seja mantida 30% da equipe de trabalho, conforme determina a legislação. A diretoria do CHS não informou o número de pacientes que passam diariamente pela unidade hospitalar, mas segundo estimativa do sindicato, somente o Ambulatório realiza mais de dois mil atendimentos diários nas diversas especialidades médicas. Deste total, cerca de 60% são de pacientes provenientes dos 47 municípios da área de abrangência da regional da saúde.

De acordo com Maria do Amparo, desde segunda-feira, quando foi iniciada a mobilização, o sindicato vem solicitando à direção do CHS para que comunique os pacientes agendados sobre a interrupção dos serviços para que não se desloquem até o local. A previsão é de que a greve seja mantida até amanhã. Na sexta-feira está marcada nova assembleia na Capital para decidir sobre a continuidade do movimento. A sindicalista disse que ainda hoje deve ocorrer uma reunião entre o secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, e a direção do SindSaúde para negociar as reivindicações da categoria, mas que ainda assim a paralisação está mantida.

Além dos funcionários do CHS, o movimento deve mobilizar também os servidores que atuam na Sucem, Instituto Adolfo Lutz e na Departamento Regional de Saúde (DRS). A Secretaria da Saúde mantém em Sorocaba cerca de três mil servidores. Após a concentração em frente ao Hospital Regional, os manifestantes devem seguir em passeata pelas ruas para chamar a atenção da comunidade para o movimento. Os funcionários da saúde do Estado pedem reajuste de 26% nos salários a título de reposição das perdas acumuladas nos últimos três anos, além da criação de um plano de carreira. 

Segundo a dirigente sindical, essa falta de correção nos vencimentos tem provocado uma defasagem nos salários em todas as funções, no comparativo com o valor recebido pelos servidores municipais. Ela cita como exemplo o caso dos médicos, que têm um salário médio R$ 1.559 pago pelo Estado para uma carga horária de 20 horas semanais, quando na administração municipal, a remuneração média é de R$ 3 mil. Já as enfermeiras da rede estadual de saúde, com carga horária de 30 horas semanais, recebem piso de R$ 1,2 mil, enquanto o município chega a pagar R$ 3 mil.

Maria do Amparo informou que o Governo do Estado ainda não apresentou nenhuma proposta em relação a correção dos salários, sendo oferecida apenas uma correção nos valores correspondentes ao Plano de Gratificação de cerca de 3,5%. Além de não ser um benefício pago a todos os servidores, a diretora sindical disse que essa proposta não atende aos interesses da categoria, já que o valor não é incorporado aos salários.
 
Secretaria mantém posição 
A Secretaria de Estado da Saúde ratificou, em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o mesmo posicionamento em relação à greve divulgado desde o anúncio do movimento, no dia 1º de junho. Segundo o comunicado, a Secretaria da Saúde realizou neste ano pelo menos seis reuniões com representantes do sindicato para buscar um entendimento em relação à pauta de reivindicações. Uma das propostas apresentadas pelo Governo seria referente ao reajuste do Prêmio do Incentivo, espécie de bonificação condicionada à avaliação de desempenho dos funcionários, segundo critérios de assiduidade, interesse, cooperação, responsabilidade e eficiência. O reajuste oferecido, segundo a nota, é de 12% sobre o valor prêmio para as categorias da pasta com menor remuneração.

Estaria também em fase final de estudos, a implantação de um plano de cargos e salários da Secretaria que deverá, de acordo com a assessoria, promover a revisão dos cargos existentes e suas respectivas remunerações. A Secretaria informou, ainda, que estaria em estudo pelo Governo a concessão de um aumento de 80% sobre o valor do vale-alimentação. "A Secretaria mantém a disposição de continuar conversando com o SindSaúde e espera que os funcionários não paralisem suas atividades de modo a não prejudicar a população usuária do SUS no Estado", encerra a nota. A assessoria de imprensa não confirmou a reunião que seria realizada hoje entre o secretário de Saúde e representantes do sindicato.

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