‘Não estamos distribuindo dinheiro’



Vitor Lippi diz que repasse solicitado por diretoria da Santa Casa é ‘irreal’ e não condiz com levantamento feito pelo governo. Prefeito afirma que direção do hospital está usando questão do pronto-socorro como forma de ameaçar população


Mayco Geretti
Agência BOM DIA
Se de um lado a direção da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba coloca como determinante que a prefeitura  dobre o valor do repasse que faz ao hospital para que o Pronto Socorro-Municipal continue funcionando, de outro o prefeito Vitor Lippi segue com um pensamento bastante diferente. Ele afirma que o valor de  R$ 1,5 milhão ao mês solicitado pela diretoria da irmandade é “irreal” em comparação com o levantamento de custos realizado pelo governo municipal.
Atualmente a prefeitura repassa à Santa Casa R$ 707 mil por mês para bancar o pronto-socorro, mas a direção do hospital alega que o valor mensal de operação oscila em torno de R$ 1,5 milhão (dado do mês de fevereiro). Segundo o provedor da Santa Casa, José Antonio Fasiaben, o convênio assinado com a prefeitura em 1999 previa cerca de 7 mil atendimentos ao mês, mas hoje são cerca de 13 mil atendimentos, o que alavancou o custo.
Segundo Lippi, técnicos da prefeitura possuem levantamentos detalhados de quanto custa manter o Pronto-Socorro Municipal. “Já fizemos vários reajustes. O aumento da demanda alegado pela Santa Casa já está sendo considerado no nosso repasse. Nestes 12 anos de contrato a inflação subiu pouco mais de 100% e nós reajustamos nosso repasse em mais de 500%. O que aumentamos além da inflação é suficiente para cobrir essa demanda extra.”
Sem ampliação /Além de reivindicar  que a prefeitura dobre o valor do repasse, a diretoria da Santa Casa quer que o governo municipal invista na ampliação das alas que recebem pacientes que dão entrada na unidade de saúde via pronto-socorro, mas acabam precisando de internação ou mesmo de procedimentos cirúrgicos. O provedor José Antonio Fasiaben afirma que o projeto de ampliação custaria algo em torno de R$ 10 milhões, entre obras e equipamentos.
Lippi, no entanto, afirma que um estudo já pronto realizado pela prefeitura prevê uma ampliação a um custo de R$ 2 milhões. Como alternativa à ampliação de leitos de internação na Santa Casa o prefeito afirma que está negociando cerca de 200 leitos com o Hospital Evangélico, que receberiam pacientes que chegassem ao Pronto-Socorro Municipal da Santa Casa e necessitassem de internação. Os leitos são comuns, sendo que os casos mais graves continuariam sendo atendidos nas UTIs da Santa Casa de Misericórdia.
O BOM DIA tentou contato com o provedor José Antonio Fasiaben na quinta-feira e nesta sexta (03), mas não obteve retorno.
13 mil
pacientes passam pelo Pronto-Socorro da Santa Casa ao mês. Já nas unidades pré-hospitalares das zonas norte e oeste de Sorocaba, que também atendem urgências e emergências pela rede municipal,  passam de 11 a 13 mil pacientes ao mês. 
10 mi
é aproximadamente quanto custaria, segundo a diretoria,  uma obra de ampliação das dependências da Santa Casa destinadas aos pacientes que chegam via pronto-socorro. Segundo a prefeitura, há projeto ao custo de R$ 2 milhões.
Prefeito condena ‘ameaça’
O prefeito Vitor Lippi afirma que os informes publicitários veiculados pela Santa Casa através da imprensa são uma forma de ameaça à população. “A prefeitura sempre manteve o diálogo e a negociação caminhava até que esse anúncio repentino veio à tona. Uma semana antes o tratamento era cordial.  Não acho correto esse tom de ameaça que está sendo usado.”
O prefeito voltou a dizer que se a Santa Casa de Sorocaba está em dificuldades financeiras, isso não é decorrente da operação do Pronto-Socorro Municipal. “Se eles quiserem reclamar que os repasses do governo federal via Sistema Único de Saúde são totalmente defasados eu concordo, mas não é justo que joguem toda a culpa no pronto-socorro. Todas as Santas Casas têm apresentado problemas financeiros da mesma ordem, pois os repasses do SUS são impraticáveis.”
Apesar das críticas – relatadas ao BOM DIA durante um evento realizado no estacionamento da prefeitura na manhã desta sexta (03) –, Lippi adotou um tom apaziguador antes do fim da entrevista: “Vou me reunir com a direção da Santa Casa para dialogarmos. Queremos conversar sobre valores, mas para isso preciso receber em mãos informação, dados”. 
Entenda o caso
Contagem regressiva
Nesta semana a Santa Casa de Misericórdia publicou um informe publicitário na imprensa local alegando que encerrará os atendimentos no Pronto-Socorro Municipal, que presta atendimento integral via SUS (Sistema Único de Saúde). A direção da unidade de saúde afirma que por contrato a prefeitura tem a obrigação de bancar integralmente o funcionamento do PS, mas os valores fornecidos atualmente não seriam suficientes. A Santa Casa está cumprindo o prazo contratual de 90 dias para encerrar o atendimento e, caso não haja acerto, fechará o PS em definitivo em 1º de setembro.

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