OMS confirma que bactéria E. coli pode ser transmitida de pessoa para pessoa



Segundo a Organização, apesar de já conhecida, é a primeira vez que a cepa é identificada em um surto

Reuters e Agência Estado
GENEBRA - A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta sexta-feira que a bactéria intestinal E. coli Enterohemorragica pode ser transmitida de pessoa para pessoa através dos sedimentos ou por via oral."Este tipo de transmissão nos preocupa e, por esta razão, queremos que se reforcem as mensagens relativas à higiene pessoal", declarou a epidemiologista da OMS Andrea Ellis.
A especialista assinalou que por enquanto todos os casos "estão relacionados com o norte da Alemanha", de modo que se acredita que a exposição à bactéria esteja "limitada a essa área". A cepa da bactéria Escherichia coli (E.coli) já foi detectada em humanos anteriormente, informou a OMS, ainda que alguns pesquisadores tenham afirmado o contrário.
"A cepa que foi detectada na Alemanha é muito rara, já é conhecida entre humanos, mas é a primeira vez que foi identificada em um surto", afirmou Fadela Chaib, porta-voz da agência de saúde das Nações Unidas. "Esta cepa foi identificada em casos humanos, mas não em surtos." Ela se recusou a fazer comentários diretos sobre a pesquisa, mas indicou que os especialistas em saúde da organização podem abordar a questão ainda nesta sexta-feira.
Os comentários da porta-voz da OMS surgem depois que um grupo de pesquisadores em Hamburgo descobriu com a ajuda de especialistas chineses que a cepa da E.coli é um "novo tipo" extremamente agressivo e resistente a antibióticos.
Sobre as vias de transmissão, explicou que o contágio "pode ocorrer sem uma higiene adequada", por isso que uma medida de prevenção eficaz é lavar bem as mãos após ir ao banheiro e antes de tocar nos alimentos.
O EHEC tem um período de incubação médio de três a quatro dias, com a maioria de pacientes que se recuperam em 10 dias, mas em uma pequena parte dos pacientes principalmente crianças e idosos - a infecção pode levar ao SUH, uma doença grave que se caracteriza por causar insuficiência renal aguda.
Uma vez que aparece o SUH surge a doença em toda sua gravidade, com um risco de mortalidade entre 3% e 5%, segundo dados da OMS.
O SUH é a causa mais comum de insuficiência renal grave em crianças e pode causar complicações neurológicas até 25% de pacientes e deixar sequelas.
Em entrevista coletiva, Ellis mencionou que um aspecto incomum deste surto é o grande número de casos de SUH e também o fato de que os adultos sejam os mais afetados, quando normalmente não é o grupo de maior risco. Além disso, comentou que o maior impacto está entre as mulheres por supostamente tenderem a consumir mais vegetais crus em saladas, e acredita-se que é ali onde está a origem da bactéria.
"O mais provável é que neste caso o modo de transmissão seja através dos alimentos, mas não sabemos qual. E isto também não significa que não possa ser outra coisa", enfatizou, após explicar que a água, o contato com animais ou com pessoas infectadas também são outros modos conhecidos de transmissão.
De outro lado, precisou que a variante da bactéria letal que circula na Alemanha tinha sido vista já no ser humano, mas sempre de maneira esporádica e nunca em situações de epidemia. O especialista reconheceu que "há algo nesta bactéria que a torna particularmente virulenta", mas ainda não se decifrou o que é.
Sobre o tratamento, indicou que a OMS desaconselha a administração de antidiarréicos e antibióticos "porque podem piorar a situação", embora "pode surgir casos particulares que os usem". Entre as razões - acrescentou - é que os antidiarréicos desaceleram o trânsito intestinal, o que faz com que o risco de absorção da toxina liberada pelo E. coli seja maior. Questionada se este surto epidêmico é passageiro, Ellis respondeu que "é muito cedo para afirmar".
Força-tarefa. A Alemanha estabeleceu nesta sexta-feira uma força-tarefa nacional, na corrida para conter a disseminação de uma bactéria mortal, para encontrar a fonte de uma cepa altamente tóxica de E.coli.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, envolto em uma disputa comercial com a União Europeia depois que Moscou proibiu as importação de frutas e vegetais frescos do bloco, agravou a crise dizendo que não irá "envenenar" os russo suspendendo o embargo.
Alertas repetidos aos alemão para que não comam saladas de vegetais - abalando fazendeiros e lojas justamente na alta temporada - as autoridades sanitárias disseram ter registrado 199 novos casos da cepa rara e altamente tóxica da infecção nos últimos dois dias.
Os cientistas lutam para localizar a contaminação, supostamente causada por má higiene em uma fazenda, no transporte, em uma loja ou distribuidor de alimentos.
Institutos de saúde por toda a Europa têm tentado tranquilizar o público sublinhando que a E.coli, causa frequente de envenenamento alimentar, geralmente pode ser evitada lavando os vegetais e as mãos antes de se comer, reduzindo os riscos de se transmitir a bactéria das fezes de uma pessoa infectada.
Mas a resistência da cepa a alguns antibióticos e a incapacidade de descobrir a fonte do surto, tornada mais difícil pela natureza das saladas que incluem uma variedade de produtos de diferentes produtores, despertou preocupações.
Reagindo a pedidos da UE para que a Rússia suspenda a proibição de quinta-feira às importações e respeito o princípio de livre-comércio, Putin disse: "Não podemos envenenar nosso povo em nome de algum lema." 

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