Por Dilma, Lula ‘enquadra’ o PT

O ex-presidente Lula cobrou neste sábado (18) da bancada do PT no Congresso maior unidade em defesa do governo de sua sucessora, Dilma Rousseff. “Essa unidade é essencial para Dilma governar”, afirmou o ex-presidente.
Em encontro de representantes petistas das macrorregiões de São Paulo, organizado pelo diretório estadual da sigla na cidade de Sumaré, Lula disse que tem recebido pedidos de diversas áreas do partido para que interceda e se reúna com a bancada no Congresso, com o objetivo de garantir sua unidade.
Embora tenha dito que não fará isso, por enquanto, o ex-presidente conclamou os deputados petistas a atuarem de maneira conjunta. “A Dilma precisa saber todos os dias que a bancada está unida”, afirmou.
O ex-presidente observou que a primeira e mais dramática crise política de seu governo, que resultou no escândalo do mensalão, em 2005, teve início num momento em que a bancada não estava unida. “Nós temos 88 parlamentares num conjunto de 513”, disse.
“Quando ocorre qualquer fissura na bancada não faltam partidos para colocar cunhas com o objetivo de aumentar a divisão”, completou.
Lula também disse que os parlamentares petistas devem parar de pensar exclusivamente na manutenção de suas bases políticas. “Precisam dedicar mais tempo ao partido, como se fazia antigamente”, afirmou.
Dirigindo-se à militância, de maneira geral, o ex-presidente conclamou todos a não se intimidar nem abaixar a cabeça diante do que considera ataques da oposição e da “mídia”: “A cada vez que o PT se fortalece, eles atacam e achincalham o partido. O jogo é duro. Não abaixem a cabeça quando começarem a achincalhar.”
Palocci e Dr. HélioLula citou como exemplo de ataques injustos ao partido o episódio do sequestro do empresário Abílio Diniz, ocorrido em 1989, ano das eleições presidenciais, quando ocorreram tentativas de associar o caso à militância petista. Mais adiante, numa referência indireta ao caso mais recente de seu amigo Antonio Palocci, que se demitiu da chefia da Casa Civil em meio a uma onda de suspeitas sobre o rápido crescimento de seu patrimônio, Lula afirmou: “Eu tô de saco cheio de ver companheiro acusado, humilhado, e depois não se provar nada.”
O recado também foi entendido como um apoio ao prefeito de Campinas, Dr. Hélio (PDT), que tem como vice um petista e está ameaçado de impeachment. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) , foi outro a defender Dr. Hélio: “Quando fizeram o que fizeram comigo, Dr. Hélio teve a coragem de me defender publicamente”, afirmou.
Razões da criseDurante a crise política que culminou na saída de Palocci da Casa Civil, o PT se mostrou pouco disposto a defender o então principal articulador da presidente. Os motivos da falta de empenho eram insatisfações com nomeações para cargos de segundo e terceiros escalões do governo federal. Além disso, os parlamentares petistas, principalmente os de São Paulo, sentem-se “desprestigiados” no atual governo, pois nenhum deputado paulista foi escolhido por Dilma para ocupar um cargo de destaque no primeiro escalão federal.
Para aumentar ainda mais o descontentamento, a presidente escolheu a senadora Ideli Salvatti (SC) para o lugar de Luiz Sérgio (RJ) no comando do Ministério das Relações Institucionais. O PT-SP dava como certa a indicação do deputado Cândido Vaccarezza, atual líder do governo e eleito por São Paulo.

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