Só Brasil e mais 9 países, entre 40, têm juro positivo



País lidera ranking de juros mais altos, muito à frente do segundo colocado; outros países mantêm juros abaixo da inflação, na tentativa de reanimar a economia

Roberta Scrivano - O Estado de S.Paulo
Entre as 40 principais economias do mundo, 29 têm juro real negativo. Apenas dez países mostram juro real positivo e um deles pratica taxa de 0% ao ano. O juro real mais alto é o brasileiro, com taxa de 6,8% ao ano. O segundo lugar é do Chile, que tem juro real de 1,5% anual. Os dados são de levantamento feito por Jason Vieira, da Cruzeiro do Sul Corretora.
Economistas explicam que a atual configuração do ranking se dá, basicamente, por dois motivos. O primeiro tem a ver com a crise financeira de 2008, que forçou a redução das taxas de juros ao redor do mundo, ao ponto de deixá-las negativas. O objetivo dos países com o recuo é tentar aquecer a suas economias.
O segundo fator - e que explica porque o Brasil é o líder (com folga) da listagem - está relacionado à alta taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação no País. Na quarta-feira, o Banco Central elevou novamente a Selic em 0,25 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, reforçando a posição brasileira na listagem.
"Agora, o Brasil está em primeiro com taxa real de 6,8% porque a inflação do País obrigou o Banco Central a subir a Selic", comenta Rafael Martelo, economista da Tendências Consultoria.
A professora do Insper (ex-Ibmec São Paulo) Vitória Saddi acredita também que a memória de hiperinflação no Brasil "provoca medo no governo em reduzir o juro". Ela cita, no entanto, que a curva do juro está em queda. "Em 2002 tínhamos juro real próximo de 40% ao ano."
Para o Brasil ter juro real de 1,5% (como é o do Chile) seria necessário reduzir a Selic (hoje em 12,25% ao ano) para algo como 5,5% ao ano - considerando a meta de inflação de 4,5% anuais.
Enquanto o Brasil eleva o juro para conter a inflação provocada sobretudo pelo consumo excessivo, os países desenvolvidos derrubam suas taxas para tentar movimentar suas economias.
"O padrão histórico é juro real positivo", frisa Martelo, da Tendências. "As taxas negativas são sazonais. É mais uma das tentativas de recuperação econômica", endossa Vitória. 


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