ENQUANTO SERRA FALA DE ALOPRADOS, APENAS UMA PERGUNTA PARA O EX-GOVERNADOR DE SP: ONDE FOI PARAR O INQUÉRITO, DURANTE SEU GOVERNO EM SP, QUE APURAVA A MÁFIA DOS PARASITAS?



iG - 30/06/2011
Serra abandona tom amigável e fala de 'aloprados' em festa de FHC
Destoando dos demais oradores, ex-governador aproveitou discurso em homenagem ao ex-presidente para atacar PT
 
Estadão
Serra acusa Mercadante e cobra reabertura de investigação sobre aloprados
Segundo ele, a entrevista concedida à 'Veja' pelo petista Expedito Veloso, apontando Mercadante como 'mentor intelectual' da tentativa de compra do dossiê contra Serra, respalda a reabertura das investigações
 
Leia aqui as repercussões da fala de Serra sobre os "aloprados"
 
CADÊ O INQUÉRITO SOBRE A MÁFIA DOS PARASITAS?
 
Acompanhe as íntegras de duas matérias da Folha de S. Paulo, em agosto de 2008, que denunciaram o sumiço e/ou engavetamento das apurações sobre a Máfia dos Parasitas em SP, durante o governo Serra.
Leia as declarações do delegado Luís Augusto Castilho Storni, inicialmente responsável pelas investigações e posteriormente promovido, do promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro e da da juíza da 2ª Vara Criminal, Daniela Martins de Castro Mariani Cavallanti.
Um escândalo!!!!!
 
Folha - 14/08/2008

Acusados de fraude na saúde "somem" de investigação
Empresas tidas como "peças-chave" do esquema de corrupção não estão em inquéritos

Esquema que desviou cerca de R$ 100 milhões foi denunciado sem citar Halex Istar e Embramed Indústria de Produtos Hospitalares
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN 
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase um ano após terem sido apontadas pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Ministério Público como suspeitas de encabeçar um esquema de fraude em licitações na saúde, não há nenhuma investigação policial ou processo em andamento atualmente contra duas empresas do setor hospitalar.
Durante meses, as investigações trataram as empresas Halex Istar Farmacêutica e Embramed Indústria de Produtos Hospitalares -além de seus donos- como "peças-chave" no esquema, mas quando a denúncia foi feita à Justiça elas não foram citadas no processo.
Nos documentos da chamada Operação Parasitas, o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro informou à Justiça, em dezembro de 2008, que as duas empresas seriam investigadas à parte pelo delegado Luís Augusto Castilho Storni, em dois inquéritos policiais.
Certidões obtidas pela Folha na Justiça, no entanto, demonstram que isso não ocorreu -dois inquéritos foram abertos, mas em nenhum há os nomes das empresas.
Na denúncia feita à Justiça em dezembro de 2008, 13 pessoas e seis pequenas empresas viraram rés em processo. Nenhuma era a Halex ou a Embramed. Elas foram citadas em duas notas de rodapé -com a informação de que seriam investigadas à parte.

Investigação
A Operação Parasitas, que durou de setembro de 2007 a novembro de 2008, investigou um esquema de corrupção que desviou cerca de R$ 100 milhões entre 2004 e 2008, segundo o governo estadual. A investigação foi feita pela Polícia Civil, pelo Ministério Público Estadual e pela Casa Civil do governo paulista. Segundo a apuração, Halex Istar Farmacêutica e a Embramed Indústria de Produtos Hospitalares repassavam seus produtos para firmas menores, que participavam das licitações fraudadas. Em alguns casos, as duas cometiam, segundo as autoridades, as fraudes diretamente.

Concorrência
Com base na investigação da polícia, o juiz Vinicius de Toledo Piza Peluso, do Tribunal de Justiça de SP, escreveu, no fim de outubro de 2008, que a Halex manipulou uma concorrência no Hospital Pérola Byington. A empresa é acusada de vender soro com valor 308% mais alto do que a menor oferta -R$ 1,22 a unidade contra R$ 4,99, em agosto de 2007.
Escuta telefônica demonstra que um dos sócios da Halex, Zanone Alves de Carvalho, tinha informações privilegiadas sobre as concorrências. "Destas [empresas], a Embramed apresenta evidência de atuação preponderante [chave no esquema], sendo sua atuação em conjunto com a Halex Istar, Venkuri e Smiths Medical", escreveu o delegado Storni em um de seus relatórios, com data de 7 de outubro do ano passado.
Em vez de citar a Halex e a Embramed nos dois novos inquéritos abertos para investigá-las -como o promotor Carneiro informou à Justiça que aconteceria-, o delegado apenas repetiu os nomes das pessoas e empresas que já constavam no inquérito policial que deu origem à operação.
A Halex pertence a Heno Jacomo Perillo, primo de Marconi Perillo (PSDB-GO), vice-presidente do Senado e governador de Goiás duas vezes. O nome do político aparece anotado à mão, ao lado do de Heno, na ficha de formação societária da empresa que integra a documentação da operação.
A Embramed Indústria e Comércio de Produtos Hospitalares tem entre seus sócios o médico infectologista Rudolf Uri Hutzler, do conselho deliberativo do Hospital Albert Einstein, e seus familiares. 

Ouça as gravações
outro lado
Promotor e polícia dizem que fizeram sua parte
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro disse que sua atuação foi dentro da legalidade e que a Halex Istar e a Embramed deveriam continuar a ser investigadas pela polícia.
Questionado se isso ocorreu, disse: "Acho que sim. A Embramed, não tenho certeza absoluta. A Halex Istar, tenho certeza absoluta".
"A denúncia colheu as provas que estavam no primeiro inquérito e essas provas davam conta do núcleo forte da quadrilha, que eram aquelas que constaram nela [denúncia]", continuou o promotor.
Sobre citar Halex e Embramed em notas de rodapé na denúncia, Carneiro disse que o fez "porque as investigações em relação a essas empresas permaneceriam para ser melhor fundamentadas em dois inquéritos em poder da polícia".
Já o delegado Luís Augusto Castilho Storni, apontado pelo promotor Carneiro como responsável por indiciar Halex e Embramed e seus sócios em inquéritos decorrentes da Operação Parasitas, sustenta que não houve nenhum tipo de favorecimento no caso.
"Não tem inquérito específico para a Halex e a Embramed. Tem inquérito para apurar [o envolvimento] as prefeituras e fraudes nas prefeituras e inquérito para investigar lavagem de dinheiro. Pode ser que as duas [empresas] caiam nesses dois inquéritos, mas não tenho como te falar", disse.
O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) afirmou nunca ter intercedido pela empresa do primo, Heno Jacomo Perillo, e que só ficou sabendo dos problemas policiais com a Halex Istar pela imprensa.
"Jamais", foi a resposta dele ao ser questionado se havia pedido ajuda a Halex.
O advogado Adriano Salles Vanni, da Halex, disse que a empresa ou seus responsáveis não são alvo de investigação da polícia, bem como não são réus em nenhum processo judicial.
Diretor da Embramed, Arthur Weltman Hutzler, declarou: "A Embramed foi equivocadamente envolvida na operação. A apuração dos fatos comprovou o não envolvimento da empresa. A empresa desconhece o andamento do processo judicial".

Folha - 21/08/2008

Sumiço de nomes em investigação é apurado
Juíza classifica como anormal a omissão de duas empresas e seus donos, tidos como "peças-chave" em esquema de corrupção 

Documentos sobre o caso são enviados para Procuradoria Geral de Justiça, Polícia Civil, Tribunal de Justiça e Secretaria de Estado da Fazenda 


ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL 

A Justiça determinou nesta semana investigação para tentar descobrir por que duas empresas de materiais médico-hospitalares e seus donos, suspeitos de encabeçar fraudes em licitações na área da saúde no Estado de São Paulo, sumiram de uma investigação policial.
O sumiço de Halex Istar Farmacêutica e Embramed Indústria de Produtos Hospitalares -além de seus donos- da investigação foi revelado no dia 14 pelaFolha. Durante toda a chamada Operação Parasitas, as empresas foram tidas como "peças-chave" nas fraudes.
A juíza da 2ª Vara Criminal, Daniela Martins de Castro Mariani Cavallanti, considerou anormal a "ausência de indicação expressa dos nomes das empresas e seus sócios". Até hoje, não há inquérito ou processo contra Halex e Embramed nem contra seus donos.
Na semana passada, a Embramed informou que a inclusão de seu nome na investigação foi um engano e que tudo foi resolvido. O advogado Adriano Salles Vanni, da Halex, disse que a empresa ou seus donos não são alvo de investigação nem réus em São Paulo.
A juíza afirma que a Embramed até se aproveita da situação. A magistrada diz que a empresa tirou certidões para "demonstrar a clientes que nada havia contra ela na "Operação Parasitas'".
Quando denunciou à Justiça, em dezembro de 2008, 13 pessoas físicas e seis empresas, o promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro registrou que Halex e Embramed deviam ser investigadas em novos inquéritos abertos pelo delegado Luís Augusto Castilho Storni.
Nesses novos inquéritos, que ficaram sem procedimento investigatório de dezembro de 2008 até abril, Storni só repetiu os nomes das pessoas físicas e jurídicas que já constavam no inquérito policial de 2007.
Documentos sobre o sumiço das empresas foram entregues ao Procurador Geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, ao delegado-geral da Polícia Civil, Domingos Paulo Neto, e para a corregedora da Polícia Civil, Maria Inês Trefiglio Valente.
A Corregedoria Geral de Justiça também recebeu o documento, assim como a Secretaria da Fazenda.
O motivo de a juíza ter pedido providências da Fazenda se deve ao fato de que o fiscal de rendas Antonio Carlos de Moura Campos, que rastreou as empresas, é defendido em outras causas pelo advogado Roberto Podval, o mesmo de uma das seis empresas rés no processo, a Home Care Medical, representante da Halex.
A Halex tem entre seus donos Heno Jacomo Perillo, primo de Marconi Perillo (PSDB-GO), vice-presidente do Senado e ex-governador de Goiás.
outro lado
Delegado diz ter ficado indignado com suspeita
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado Luís Augusto Castilho Storni, promovido a chefe da recém-criada Delegacia sobre Crimes de Lavagem de Dinheiro e Ocultação de Bens e Valores, não quis conceder entrevista à Folha.
Ao contrário do que fez na semana passada, quando concedeu três entrevistas, Storni disse que se manifestaria por meio da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública. Oito questões foram enviadas à assessoria, mas nenhuma delas foi respondida até o fechamento desta edição.
Na semana passada, Storni disse: "Não tem inquérito específico para a Halex e a Embramed. Tem inquérito para apurar [o envolvimento] as prefeituras e fraudes nas prefeituras e inquérito para investigar lavagem de dinheiro. Pode ser que as duas [empresas] caiam nesses dois inquéritos, mas não tenho como te falar".
Após a Folha revelar o sumiço das empresas Halex e Embramed e seus donos da investigação, Storni enviou carta ao jornal para contestar o texto.
"As condutas das pessoas físicas vinculadas à Embramed e Halex (e referimo-nos às pessoas físicas, posto que em Direito Penal a responsabilidade da pessoa jurídica é sempre excepcional), estão sim, diferentemente do alegado na matéria publicada, sendo objeto de investigação em ambos os inquéritos, causando-nos, portanto, estranheza e indignação o conteúdo da publicação, fruto, a toda evidência, de motivos inconfessáveis", escreveu Storni.
O promotor José Reinaldo Guimarães Carneiro, promovido recentemente a chefe do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, disse que agiu dentro da lei quando, ao oferecer denúncia à Justiça, documentou que Halex e Embramed deviam ser alvo de inquéritos separados.
Quando foi questionado se existiam ou não os inquéritos, Carneiro respondeu: "Acho que sim. A Embramed, não tenho certeza absoluta. A Halex Istar, tenho certeza absoluta".
O procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, disse que a atuação de Carneiro foi legítima e que o que aconteceu foi uma "falha" da polícia.
José Clóvis Cabrera, diretor executivo da Administração Tributária, da Secretaria da Fazenda, disse confiar no trabalho de Antonio Carlos de Moura Campos. Segundo ele, o fato de Moura ter o mesmo advogado de uma das empresas rés no processo é "coincidência".

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