Estado planeja Metrô Lapa-Moema



Plano de investimentos do governo paulista até 2015 também prevê linha da Avenida Jornalista Roberto Marinho até Guarulhos




Paulo Saldaña, Renato Machado, Rodrigo Burgarelli e Fabio Mazzitelli - O Estado de S.Paulo
Projetar duas linhas inéditas de metrô, ampliar em 37 mil as vagas em presídios, concluir o Teatro da Dança, construir 42 unidades da Fundação Casa e completar o anel ferroviário em volta da capital. Essas são algumas das principais metas do governo do Estado de São Paulo para os próximos quatro anos. Para concretizá-las, estima-se um gasto de quase R$ 1 trilhão - que ainda pode ser revisto - até 2015.
O Estado obteve com exclusividade o Plano Plurianual (PPA) do período 2012-2015, previsto para ter sido finalizado na última sexta-feira, segundo o cronograma oficial. Grandes obras estão planejadas em várias áreas, ainda que muitas que haviam sido previstas no PPA de 2008-2011 não tenham sido concluídas (veja detalhes na C3).
O plano é uma obrigação constitucional e deve ser apresentado até o mês de agosto do primeiro ano de todos os mandatos executivos. Sua função é detalhar as metas e os investimentos que cada secretaria deve executar até o próximo governo. O projeto será enviado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Assembleia Legislativa em agosto. O governo afirmou que o plano ainda está em fase de elaboração e podem ocorrer mudanças.
O plano prevê uma linha de metrô ligando a Lapa (zona oeste) à região da Avenida Faria Lima e de Moema (zona sul). A estimativa é que o projeto comece a ser trabalhado em 2013, mas as obras não devem começar neste período. Outra linha citada é uma de longa extensão: a Água Espraiada-Guarulhos deve ligar a Avenida Jornalista Roberto Marinho ao município da Grande São Paulo.
Outras duas linhas de metrô, cujos projetos já haviam sido anunciados, devem entrar na fase de obras, assim como os prolongamentos de ramais como o 2-Verde (até Cidade Tiradentes), o 4-Amarela (até Taboão) e o 5-Lilás (até a Chácara Klabin).
Em grande parte, os investimentos em transporte público são feitos para atender a demanda constatada nas pesquisas de Origem e Destino, realizadas a cada dez anos. Mas especialistas alertam que outros fatores devem ser analisados, porque o plano pode ajudar a desenvolver regiões. "Não se pode ver o transporte isoladamente. Deve haver reorganização do espaço urbano para estimular atividades e emprego", disse o professor Ronaldo Balassiano, da COPPE-UFRJ, um dos principais centros de estudos de transporte do País.
Já na pasta de Segurança Pública, o objetivo é investir na investigação para aumentar o índice de elucidação dos crimes no Estado. Com o aumento nos quadros e mais de R$ 2 bilhões em investimentos, a secretaria quer aumentar o porcentual de solução de homicídios de autoria desconhecida de 21% para 25% na capital. "É uma estimativa modesta", diz o especialista Guaracy Mingardi. Para ele, seria possível chegar a 40%, com melhoria nos equipamentos e na gestão dos recursos. 

Plano de metas do governo de São Paulo prevê ampliação do metrô

Construção de mais unidades da Fundação Casa e investimentos em segurança estão entre outros projetos para 2015

O Estado de S.Paulo
O próximo Plano Plurianual (PPA) prevê também para a área dos transportes a conclusão dos projetos atuais, novos corredores de ônibus e alguns "puxadinhos" no Metrô e na CPTM. Além da capital, Guarulhos e a região do ABC serão as mais beneficiadas pelos projetos, se as promessas saírem do papel. 
Daniel Teixeira/AE
Daniel Teixeira/AE
Metrô de Higienópolis à zona leste

A polêmica Linha 6-Laranja (a da Estação Higienópolis-Pacaembu), por exemplo, vai ganhar uma expansão a partir da Vila Brasilândia, na zona norte. A previsão é de que ela vá até o futuro centro de eventos da Prefeitura em Pirituba e à Rodovia dos Bandeirantes. Na outra ponta, vai até a zona leste, no Jardim Anália Franco e Cidade Líder.

Na CPTM também vai haver expansão do Expresso Leste (Linha 12-Safira), que não vai mais terminar em Calmon Viana e agora vai até Suzano. A expansão na Linha 9-Esmeralda (até Varginha) já havia sido anunciada.

Outra novidade no PPA é a previsão de um ramal pequeno a partir de Alphaville para se ligar, provavelmente em Barueri, à Linha 8-Diamante da CPTM. Para a região do ABC, o governo planeja tirar do papel o monotrilho ligando a estação do Tamanduateí da CPTM até o bairro do Alvarenga, em São Bernardo do Campo. A região também vai ganhar um trem expresso partindo da Luz, com seis paradas, e ainda está nos planos um metrô leve entre o ABC e Guarulhos.

Os planos preveem para o segundo maior município do Estado o chamado Trem de Guarulhos, que vai do Brás até a região do Parque Cecap (já em Guarulhos), onde deve ocorrer uma ampliação até Cumbica. O corredor Guarulhos-Tucuruvi está novamente no PPA, mas a promessa é tão antiga que muitos duvidam de que vá sair.
Perito deve apurar 1 crime/ dia
Na área de segurança, o objetivo é priorizar a investigação. Para aumentar o número de homicídios e roubos elucidados, a Secretaria da Segurança Pública estima que seja necessário multiplicar por dois o número de peritos da Polícia Científica, responsáveis pela elaboração de laudos de perícia nos casos investigados. Atualmente, segundo dados preliminares do novo PPA, cada perito tem, em média, 2,34 casos para trabalhar em um dia. 

A meta é que esse índice caia para 1 caso por dia até 2015. "Falta perícia para tudo, desde furto em residência até roubos de carro", diz o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi, que vê com bons olhos a iniciativa da pasta. "Outro ponto importante é a digitalização do sistema de coleta de digitais. É algo que está sendo feito, mas a passos de tartaruga", afirmou.

Outro destaque da secretaria é a tentativa de finalizar 37 presídios no interior do Estado, necessários para desafogar as carceragens nas delegacias e ajudar a cobrir o déficit de 68 mil vagas no sistema prisional paulista. O PPA anterior, do período 2007-2011, já prometia construir 20 unidades, mas apenas 12 devem sair do papel até o fim do ano - grande parte das dificuldades foi imposta pelos municípios, que costumam recusar as penitenciárias previstas pelo governo do Estado.

Metas mais ambiciosas foram postas para o Corpo de Bombeiros. O plano prevê que as atividades preventivas contra incêndios, como projetos de segurança, vistorias e consultas técnicas, quadrupliquem no período. As intervenções operacionais de emergência devem crescer na mesma proporção - de 497 mil para 2 milhões por ano até 2015. O maior desafio, porém, é aumentar o número de homens: são apenas 9.824 para todo o Estado de São Paulo.

Fundação Casa: 180 unidades
O planejamento da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania prevê que 180 unidades de internação da Fundação Casa estejam em funcionamento até 2015. Hoje, segundo a fundação, já há 138 prédios que internam jovens no Estado. 

A projeção consolida o modelo de descentralização dessas unidades, iniciado na década passado no Estado. Recomendada desde o início dos anos 1990 pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a descentralização prevê unidades menores espalhadas pelo Estado e se opõe aos complexos da antiga Febem, que chegaram a concentrar mais de 2 mil internos no mesmo local e se tornaram fontes de rebeliões frequentes até pouco tempo atrás.

A internação, medida socioeducativa mais extrema para adolescentes em conflito com a lei, era aplicada em 2010 para 6,2 mil jovens em São Paulo, segundo levantamento da Secretaria Nacional de Direitos Humanos.

"É preferível uma previsão pessimista, antevendo mais internações de jovens, e ter vaga sobrando a ficar com unidades superlotadas", diz o promotor de Justiça Wilson Tafner, que acompanhou de perto o processo de descentralização na antiga Febem.

O plano da Fundação Casa prevê redução no crescimento de internações. Até 2015, a meta é aumentar em 28% o número de adolescentes internados, contra 33% da projeção feita no Plano Plurianual anterior (2008-2011).
Plano anterior fica incompleto

Além de objetivos novos e ambiciosos, constam também do plano promessas antigas que o último governo não tirou do papel. Um exemplo é a habitação popular. Do total de 80 mil novas moradias previstas no PPA 2008-2011, foram entregues 49 mil até junho deste ano. Mesmo estando ainda distante do objetivo, a meta para o próximo quadriênio é 26% superior e atinge mais de 101 mil unidades. 

Na segurança, a promessa repetida são os presídios no interior, que não saíram por pressão dos prefeitos e por problemas nas licitações. Na área dos transportes, o passivo com que se inicia o PPA é de duas linhas de metrô e outras duas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Os paulistanos comemoram atualmente a entrega - que será feita até setembro - da primeira fase da Linha 4-Amarela. Mas o planejamento de 2008 previa que outras duas fases seriam inauguradas neste ano, uma delas a expansão até a Vila Sônia (com outras cinco estações) e a seguinte saindo da capital até Taboão da Serra. 

Os outros atrasos foram na Linha 5-Lilás, que seria prolongada do Largo 13 até a Chácara Klabin. As obras já estavam atrasadas, mas no fim do ano passado todo o processo foi paralisado após denúncias de que os vencedores da licitação para o segundo trecho eram conhecidos antes da abertura dos envelopes. 
Essas três metas se repetem agora no próximo PPA, assim como a Linha 13-Jade da CPTM, o chamado Trem de Guarulhos. Outra meta prevista anteriormente era o Expresso Aeroporto (entre Luz e Cumbica), que depois foi abandonado pela gestão José Serra (PSDB)

Para eles, apagão faz parte da rotina

Em cidades da Grande São Paulo, famílias ainda têm de recorrer a lampiões, fornos a lenha e velas não só em dias de grandes blecautes


Márcio Pinho - O Estado de S.Paulo
Os telefones celulares têm cada vez mais funções, mas a mais imprescindível para alguns moradores da Grande São Paulo tem sido a boa e velha luzinha da tela que os ajuda a enfrentar recorrentes apagões e a demora em se retomar o fornecimento de energia elétrica. Lampiões a gás, forno a lenha e velas de todos os tipos foram itens incorporados à rotina de famílias que vivem com um pé na pré-história.
Epitacio Pessoa/AE
Epitacio Pessoa/AE
Trevas. Para Washington e a mulher, Sueli, velas não são suficientes: família comprou lampião para enfrentar noites sem luz
Há 27 anos, as quedas de energia atormentam o aposentado Arnóbio Washington Filho, de 59. Os problemas começaram quando ele se mudou para o Parque Rizzo II, um bolsão residencial na cidade de Cotia, próximo à Granja Viana. A região é bastante arborizada e, em dias de vento e chuva, é comum galhos atingirem a rede elétrica, comprometendo a distribuição de energia. "Acredito que pelo menos umas cinco vezes por ano ficamos sem energia por isso", diz.
A frequência fez com que velas deixassem de ser suficientes e Washington tivesse de adotar um lampião a gás. Como um aldeão com sua lamparina, ele sai de madrugada com o artefato para abrir o portão para os filhos entrarem com o carro na garagem, já que o controle remoto de nada adianta nesses dias. Uma luminária também está sempre a mão e funciona como luz de emergência.
"Não há nenhum vestígio de luz artificial, porque ficamos em região isolada, reféns da situação. É um breu total", afirma Washington, que transformou sua casa quase em um parque aquático com seis caixas d"água. O motivo é que, quando falta energia, não é possível bombear a água do poço. "Temos de armazenar para o pior."
Fogão. Na parte oeste da Região Metropolitana de São Paulo, quem também fica às escuras em dias de chuva é o morador de Embu das Artes Albert Silva Ribeiro, de 22 anos. Vivendo há um ano na atual residência, no Jardim Pinheirinho, o ajudante de reposição diz que os apagões se repetem, mas que alcançaram seu ápice em junho deste ano. A energia desapareceu com os ventos de 124 km/h do dia 7 de junho, uma terça-feira, e só voltou na sexta-feira da mesma semana.
Durante os quatro dias sem energia, Albert recorreu ao fogão a lenha montado no quintal de sua casa com latas de tinta vazias e tábuas. Foi a forma encontrada pelas seis pessoas que moram com Ribeiro para tomar banho. Nele, conseguiam esquentar de uma vez só uma grande quantidade de água. Além disso, uma lata de 20 litros de óleo funciona muitas vezes como um caldeirão. "Toda vez que falta energia é uma trabalheira para poder tomar banho quente. Já nem desmontamos mais o fogão", conta Albert.
O próximo passo na estratégia da família será comprar uma geladeira de isopor para evitar que toda a comida da geladeira estrague, como ocorreu no apagão de junho. Carne, frango e outros alimentos estão entre os alimentos que foram jogados fora.
Capital. Em outro extremo da Região Metropolitana, no Grajaú, bairro da zona sul de São Paulo, tomar banho também é um desafio. O morador Nyldo Moreira conta que sua avó Marly Batista de Souza, de 67, tem problemas de saúde e não pode tomar banho gelado. Nos dias de apagão, sem o chuveiro, a alternativa encontrada é esquentar água no fogão. "Essa falta de luz tornou-se também falta de respeito das autoridades, que de fato não se mostram competentes", afirma.
Segundo ele, sempre que há expectativa de chuva, os moradores já se programam para enfrentar um apagão. Tanto que em sua casa até vela de sete dias, comum para orações porque duram mais do que as comuns, acabam sendo usadas para iluminar o ambiente durante os períodos sem energia elétrica. 

‘O Brasil não pode ficar para trás na disputa cambial’, diz Mantega

Ministro comenta as medidas para conter a desvalorização do dólar e diz que o câmbio tem impacto relativo na inflação


Adriana Fernandes, Beatriz Abreu, Fabio Graner e Renata Veríssimo de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirma que o governo não vai manipular o câmbio para combater a inflação e que a estratégia é garantir competitividade da indústria nacional. Ele defende as medidas que dão superpoderes ao Conselho Monetário Nacional para conter a especulação financeira e a valorização do real.
O real valorizado, na avaliação do ministro, pode ajudar na queda da inflação, mas não se pode confundir medidas cambias com as de combate à inflação. A contenção da alta de preços, como sinalizou o ministro, se dá por um crescimento menor do crédito, a elevação da taxa de juros, as medidas prudenciais, o aumento do poupança para o pagamento dos juros da dívida interna e a redução do gasto público.
O ministro não banca que a inflação vai recuar ao centro da meta (4,5%) em 2012, defende cautela na política de juros e diz que a posição do governo Dilma Rousseff é de combater a inflação "(sem) derrubar a economia". Ele deu a deu a entrevista ao Estado na quinta-feira, um dia após o anúncio das fortes medidas cambias.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
A ata da última reunião do Copom se retirou o compromisso de convergir o IPCA à meta em 2012. O governo alongou o horizonte?
Confesso que não li a ata, mas se tivesse (lido) não comentaria. A ata tem múltiplas interpretações. Prefiro que o mercado interprete. Aí, eu vou ler a interpretação do mercado.
O sr. está comprometido com a convergência do IPCA em 2012?
A Fazenda está empenhada em levar o IPCA ao seu menor nível possível. Sempre. Essa é a missão.
Há problema se a convergência ocorrer apenas em 2013?
Eu prefiro que o Banco Central responda. Quando o CMN (Conselho Monetário Nacional) estabelece que o centro da meta é 4,5%, significa que estaremos perseguindo esse valor, num período mais curto, mais longo, etc.
Mas essa decisão é importante para a calibragem do superávit primário.
Nós adotamos a diretriz do BC em relação à convergência.
É possível acelerar o crescimento da economia para 5% em 2012 e reduzir o IPCA para 4,5%?
Sim. É preciso ver a natureza da inflação deste ano. Se as commodities tiverem mais bem comportadas em 2012, e tudo indica que estarão, uma das principais pressões inflacionárias mundiais não ocorrerá. Não somos favoráveis que caia muito, porque lucramos com commodities. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Também não acredito que o petróleo vai continuar subindo.
Não teria problema administrar uma queda mais suave do IPCA...
O BC é quem tem a resposta para isso. Você está querendo que eu diga que não tem problema (risos).
Se for preciso conter ainda mais a demanda, a Fazenda apoia?
Se tiver algum repique inflacionário, tomaremos medidas adicionais para reduzir o nível de consumo. Podem ficar tranquilos.
Restringir o crédito?
Com certeza. Se for necessário, conteremos mais o crédito.
Limitar o crediário? Os gastos com cartão de crédito?
Aí, já estamos indo longe demais.
Há indicativos de resistência para queda da inflação.
Se tiver algum risco de inflação elevada, tomaremos todas as medidas para segurar a inflação. É claro que não vamos fazer medidas absurdas, como matar a formiga com tiro de canhão. Isso nós não vamos fazer. Vamos procurar preservar o crescimento. Essa é a diferença.
É um desafio.
Para nós, combater a inflação não é derrubar a economia, como já se fez. Não adianta nada ter uma economia sem inflação, mas sem crescimento e emprego. Esse é o desafio do gestor. Aquele que diz "eu vou derrubar a inflação", e derruba o prédio, a casa, não tem vantagem nenhuma. Aí, é fácil. Nós somos pagos justamente para conciliar isso: segurar a inflação, porém, sem derrubar a economia.
Com as novas medidas cambiais, que deram ao Conselho Monetário, superpoderes contra especulação, o Brasil caminha para um órgão supervisor de derivativos?
Não há necessidade. Temos o BC, a CVM, o Ministério da Fazenda. E, agora, o CMN coordenando tudo isso. Estamos bem.
Essa maior intervenção não deixa o mercado disfuncional?
O mercado financeiro sempre deve ser muito bem regulado e fiscalizado. Quando desregula, já se viu no que dá: a crise de 2008. O mercado de derivativos é o que tem mais risco, pela possibilidade de alavancagem. Mas tem a função de dar hedge, dar seguro às transações. Isso é perfeito!
Quanto está envolvido nesse mercado?
Muitos bilhões. Chamou nossa atenção a posição dos estrangeiros. De repente, a posição vendida em dólar aumentou e US$ 24 bilhões eram estrangeiros. Aí, vimos que havia forte tendência especulativa.
Por que a medida não foi só em cima dos estrangeiros?
Para impedir as triangulações. Não é muito fácil lidar com esse mercado, que é criativo. A medida é geral e pega todo o mercado. E, ao contrário do que dizem, não haverá migração para fora.
O sr. está seguro?
Não vão migrar porque as operações têm de ter uma perna no Brasil. Quem diz isso está equivocado.
As medidas podem ser ajustadas?
Estamos sempre prontos para fazer correções. A medida é ampla, não é simples e a gente não consegue imaginar todas as implicações que ela pode ter. Nós não podíamos conversar antes, porque senão seria fácil: "Olha pessoal, nós vamos tomar essa medida..." Medida cambial não pode se anunciar antes.
O governo tentou, mas não conseguiu, manter o dólar em R$ 1,60. e agora está em R$ 1,50. Pode subir até o fim do ano?
O governo não trabalha com patamar de câmbio, que é flutuante. Vemos um momento de desvalorização forte do dólar, que está num momento ruim. Tem gente se livrando dos títulos americanos, por causa dessa confusão que eles criaram em torno do orçamento.
O governo consegue monitorar a exposição cambial das empresas?
Houve um aumento da exposição a dólar, e isso você detecta na dívida externa, que subiu para US$ 283 bilhões.
Mas as medidas não resolvem a questão do fluxo de capitais para o País.
Não! Diminuiu o fluxo. Tomamos medidas quando o fluxo financeiro no ano era recorde. As empresas brasileiras estão tomando menos risco em dólar.
O sr. chegou a identificar as empresas?
Não podemos fazer isso. Tem sigilo envolvido. Quando restringimos o crédito aqui, para diminuir a demanda e o consumo, ficou mais atraente tomar dinheiro fora. Não posso dizer que houve arbitragem. Alguma sempre há. Certamente, bancos tomaram para fazer arbitragem.
Então...
Cabe a nós mantê-los dentro de princípios de prudência, o que conseguimos. Não acho que há exposição exagerada. Nós até advertimos: "Pessoal, é melhor não aumentar sua exposição porque esse mercado uma hora vira". Não está nas Escrituras que o real vai sempre se valorizar. Em algum momento pode dar um problema nos Estados Unidos, uma desvalorização do real - espero até que tenha mesmo. Eles têm de pensar na ida e na volta dessa brincadeira. Está entrando muito investimento direto. É recorde.
Isso é suspeito?
A gente tem sempre de vigiar para ver. Em 12 meses, dá mais de US$ 65 bilhões. Sempre tenho de suspeitar de movimentos que não são regulares. Quando vejo movimento excepcional, não regular, sou obrigado a olhar. Eu, pessoalmente, olho as posições todo dia.
As medidas fecharam o mercado brasileiro para a especulação?
Não existe isso. Todos os mercados do mundo têm especulação, que é constitutiva da economia capitalista.
O mercado está engessado com os superpoderes do Conselho Monetário?
Não estamos engessando o mercado brasileiro, que é um dos mais dinâmicos e por isso tem também muita atratividade. A BM&F é segura, a Cetip é segura, o mercado brasileiro é muito atrativo porque ele é seguro e permite rentabilidade. Engessar, de jeito nenhum. Só aumentamos a segurança. Até poderia dizer que, no futuro, isso vai atrair mais capital, mas o sadio, que se sentirá mais protegido.
O sr. fica nervoso com o dólar perto de R$ 1,50 e lança medida cambial?
Nós acompanhamos dia a dia e vamos simulando medidas, que não nascem de repente.
E quando o dólar chega perto de R$ 1,50?
Aí, fico angustiado.
O dólar vai ficar nesse patamar de R$ 1,55 e R$ 1,60? É confortável?
Confortável é aquele patamar que dá competitividade ao Brasil.
Qual é?
É muito difícil calcular. Câmbio de equilíbrio é muito difícil.
A presidente Dilma tinha dito que a intenção era não mexer no câmbio devido a dificuldade de convergir a inflação para a meta. O que mudou?
As medidas que nós tomamos não têm impacto na inflação. O quadro se agravou. Tem gente vendendo títulos dos EUA e buscando alternativas de aplicação.
Por que não tem impacto na inflação?
O câmbio tem um impacto relativo na inflação. Ele tem colaborado muito com a inflação, pois tem caído. Mas não precisa colaborar tanto assim (risos)! O dólar a R$ 1,20 ia colaborar tremendamente, mas aí acabava com a indústria brasileira.
Com a inflação alta, longe do centro da meta, não seria bom manter a ajuda extra do câmbio?
Há medidas específicas para baixar a inflação. Não é pelo câmbio que se vai combater a inflação. O câmbio pode ajudar, mas as medidas fundamentais são o crescimento menor do crédito, elevação da taxa de juros, medidas prudenciais, aumento do (superávit) primário, redução do gasto público. Não vamos confundir as coisas. Não manipulamos câmbio por causa da inflação.
Se o BC perde esse braço (câmbio) do combate à inflação, volta a discussão de aumentar os juros.
Mas a inflação está caindo.
Nesta época do ano a inflação sempre cai. Depois sobe de novo...
Cai mesmo? Não é assim, em economia não tem "essa época cai mesmo". Continuaremos alertas. Agora, não será usando o câmbio. Isso resolve um problema e cria outro. Ajuda na inflação, mas tira a competitividade da indústria brasileira, entrega nosso mercado para os estrangeiros, penaliza a indústria.
É isso que está acontecendo, não é?
Isso prejudica diretamente a indústria, o setor de manufaturados, porque este é um setor que não se recuperou da crise mundial. Todo mundo está brigando pelos mercados que estão aí e uma das maneiras de brigar é com a manipulação cambial, desvalorizar sua moeda. Nós não podemos ficar para trás nessa brincadeira.
Há um pessimismo do mercado com as medidas de política industrial. O sr. mandou dizer que a política industrial não será um fiasco...
Eu nunca pensei que as medidas poderiam ser um fiasco. Eu coloquei a Receita em pé de guerra e indo atrás dos produtos que têm falsificação.
Como assim?
O Brasil hoje é um dos países que mais tem ações antidumping no mundo. Às vezes, não adianta. Eu faço antidumping em um país X e este país pega mercadoria, manda para o país Y e este manda para o Brasil. Estou mandando pegar todos os produtos que estão assim e vão entrar na linha cinza da Receita, serão fiscalizados rigorosamente.
Há espaço para desoneração? Fala-se em R$ 45 bilhões até 2015.
Não existe esse número, não tem esse número de jeito nenhum.
É muito alto?
Claro. Temos de zelar pelas contas públicas. Se desonerar tudo, derruba o primário (o superávit gerado para o pagamento de juros da dívida).
Aí o BC tem de aumentar juros.
Aí fica pior. Agora, não tem R$ 45 bilhões de jeito nenhum.
Não estaria faltando um apoio efetivo às empresas?
De fato, a situação do comércio de manufaturados é a parte mais crítica da economia mundial, que não se recuperou da crise.
Não deveria ser mais agressivo nas desonerações do que acelerar a devolução de créditos?
Desoneração nós temos feito e vamos continuar fazendo. As desonerações sempre têm os limites orçamentários, porque não podemos descumprir as metas fiscais. Vão me aplaudir por desonerar, mas vão criticar por não cumprir a meta. Então, tem de equilibrar o jogo.
Não dá para segurar mais o gasto público e ser mais agressivo ao desonerar?
Nós seguramos bastante o gasto.
Mas não dá pra ir além?
Nós estamos dentro das metas. Também não dá para asfixiar o setor público, que tem de fazer investimentos, programas sociais, pagar salários e aposentadorias. Não dá para dizer: "Vou passar uma navalha e corto". Se exagerar, você desequilibra a equação. Não dá para passar a navalha.
Desonerar a folha não é melhor do que outras desonerações pontuais?
É muito importante para dinamizar a economia, mas não está pronta para esta etapa. Não podemos fazer de improviso. Tem de ser feita com cautela.
Quando sairá a desoneração da folha?
Ainda este ano. Calculo que em um mês e meio teremos essa medida. A medida tem de ser boa para a produção, senão não adianta.
O ministro da Previdência (Garibaldi Alves) disse que o ideal era não fazer.
Tá, mas o governo já decidiu que vai fazer. É uma decisão de governo. É claro que não queremos prejudicar a Previdência.
O que o sr. espera do impasse nos EUA sobre o teto da dívida?
Espero que o bom senso prevaleça. Essa situação é inédita. Nunca vi uma situação assim, na qual o país mais poderoso do planeta, com uma boa parte dos títulos que são negociados no mundo, tenha o risco, mesmo que remoto, de dar um default. Só a cogitação é um absurdo. Acredito que o Congresso tenha a consciência que a economia americana não é local. Não é uma briguinha lá, entre republicanos e democratas. Essas ações têm repercussão mundial. Do contrário, eles vão acelerar a decadência da importância americana. É bom que eles resolvam logo essa situação, que está causando inquietação no mundo todo.
O sr. acredita na possibilidade de um rebaixamento dos EUA?
É preciso amadurecimento. Certas questões não podem ser politizadas. Demos lição disso no Brasil. Vimos como em momentos de conflito político nós fomos maduros de não envolver a economia. Preservamos o interesse da população. A nossa oposição nunca chegou a colocar uma situação crítica: "Para desgastar um governo fazemos qualquer coisa, até derrubamos o país".
Qual sua expectativa?
Tenho confiança que o Congresso dos EUA não prejudicará o mundo por algo que é da política. Quem fez aquela dívida não foi o presidente Obama. A culpa é da crise e talvez dos governos anteriores.
Mas é ele quem está sentando naquela cadeira agora.
Ele está sentado na cadeira, mas não foi ele que criou a crise de 2008. Quando Obama assumiu o governo, a crise já tinha eclodido.
É uma herança maldita do Bush?
Não sei se foi. Não sei se antes do Bush, também tinha lá o Greenspan (Allan Greenspan, ex-presidente do Fed, o Banco Central dos EUA). Não vamos acusar ninguém. Mas o que podemos dizer é que o Obama não é responsável pela crise americana. Os americanos são responsáveis. Wall Street é responsável e etc. Não dá para dizer que o Obama fez tudo errado e penalizar o homem. A dívida subiu porque ia subir mesmo. Não foi só nos EUA. Subiu na Grã-Bretanha, na França e em vários locais.
Independente de qualquer desfecho, eles farão cortes, e o estímulo econômico continuará sendo os juros baixos. Isso não trará mais dólares para cá?
Você tem razão. A política monetária flexível (nos EUA) infelizmente vai continuar. Mesmo superada essa situação, o problema é que, infelizmente, a economia dos EUA não se recuperou e não está se recuperando. Isso é que é triste. E o governo parece que não tem as condições de fazer essa recuperação. Ele está sendo cerceado em parte pelo Congresso.
O sr. espera uma terceira rodada de estímulo monetário?
Pode vir, porque o relatório do Fed dizia que a economia está aquém do que deveria, sinalizando que terá que continuar fazendo estímulos monetários. Eu vejo a situação na Europa mais lenta do que desejaríamos. Infelizmente, o mundo avançado vai continuar dando dor de cabeça para nós.
O real continuará valorizado, não há como alterar isso?
Dizer que o real vai continuar a se valorizar eu não subscrevo. Pode ser. Mas também podemos ter surpresas. Por isso eu digo: acautelem-se aqueles que estão expostos em dólar. A qualquer momento, poderemos ter uma reviravolta. Um agravamento da crise agora poderia causar isso. As coisas são inesperadas.
O poder do governo da presidente Dilma está no equilíbrio da economia?
É a solidez da economia, na capacidade de crescer sem inflação, criando emprego... Sem déficit público, tendo um grande mercado consumidor que eles não têm. São as vantagens que dão hoje ao Brasil as condições de até enfrentar um cenário adverso. Aliás, o cenário internacional hoje está adverso.
É preciso ter cautela com os juros por causa desse cenário adverso?
Precisa. É verdade. Precisa ter cautela com os juros. E, portanto, temos de criar as condições para que a nossa taxa de juros seja reduzida.
Não há o risco de se repetir o que ocorreu em 2008, quando se avaliou que o BC de Henrique Meirelles errou o timing dos juros?
(Silêncio). Eu não sei (risos).
O sr. queria falar alguma coisa sobre isso?
Eu não queria falar nada. Eu não falei nada. Eu só dei risada porque ela deu risada. É contágio. É o contágio. Em economia tem muito disso.
O que é possível fazer?
É importante que a gente crie condições para que a taxa de juros seja cada vez menor. É claro que, no momento em que a inflação sobe, tem de elevar os juros. Não tem jeito.
A meta cheia de superávit primário será feita em 2012?
O pessoal está discutindo o Orçamento para 2012. Não quero influenciar. Mas vamos continuar com a mesma política fiscal rigorosa em 2012, 2013 e 2014.
O sr. não está se comprometendo com a meta em 2012, como fez este ano.
Este ano eu me comprometi. Nós estamos com um processo de elaboração orçamentária, que é complicado. O que eu posso dizer é que, enquanto eu for ministro, procurarei buscar a meta cheia em todos os anos.
A gasolina terá reajuste? O presidente da Petrobrás, Sérgio Gabrielli, disse que haveria.
Diz ele que não falou isso. Pode ser que tenha havido, digamos, uma forma de expressão infeliz.
Será preciso aumentar no momento atual?
No momento atual achamos que não há o que fazer.
O Banco Central vem seguindo essa cautela com juros com esses aumentos bem baixinhos da Selic, de 0,25%?
Bem baixinho? É a mais alta do mundo! Aumentou 1,5 ponto porcentual. Qual foi o país que aumentou isso?Não tem nada de baixinho.
Mas, então, o BC não está tendo uma cautela com os juros?
Está tendo a dose que eles acham que é a adequada. Eu concordo com a dose. Mas ela não é baixinha.
O sr. agora está tendo uma política de boa vizinhança com o BC?
Você acha? Se você acha, eu não vou te contrariar. O que eu posso dizer é que eu tenho uma relação muito boa com o BC, de parceria.

Família volta ao Nordeste em busca de novo sonho

Artur Rodrigues
do Agora
Arroz, feijão, rabada e refrigerante. O almoço do último dia 22 foi o melhor da vida de Josenildo e Maria do Carmo. Claro que a fome acumulada após dois dias sem um prato de comida no estômago ajudou no tempero. Mas o que deu gosto especial mesmo foi que, após um ano tentando a vida em São Paulo, era a primeira vez que os dois almoçavam em casa, em Lagoa da Canoa, no agreste alagoano.
Josenildo dos Santos Silva, 42 anos, e Maria do Carmo da Silva Santos, 40, pais de Richarlysson, 2, fazem parte de um grupo que só cresce no Brasil, o de ex-retirantes.
São brasileiros que vieram ao Estado mais rico do país cheios de sonhos, mas perceberam que São Paulo já não é mais a terra das oportunidades para quem chega só com vontade de trabalhar.
FERNANDO DE BARROS E SILVA

São Paulo à venda 

SÃO PAULO - Sem que isso seja muito evidente, Gilberto Kassab está patrocinando um novo ciclo de especulação imobiliária na cidade. O mesmo setor que contribuiu com milhões para a eleição do prefeito em 2008 está sendo beneficiado em operações urbanas mais do que duvidosas, justamente a um ano da próxima campanha municipal.
De várias maneiras, regiões de São Paulo estão sendo terceirizadas, alienadas ou vendidas para o mercado. O caso mais flagrante é o da "troca" de áreas públicas por creches -ideia que partiu do Secovi, o sindicato do setor imobiliário.
Kassab havia prometido zerar a carência de vagas nas creches. Há mais de 140 mil crianças na fila de espera. Perto do fim do mandato, o problema social se transforma em oportunidade de negócio. Afinal, alguém precisa lucrar com a promessa que não será cumprida.
Quem acredita que as construtoras beneficiadas com áreas nobres farão adequadamente 200, 300, 400 creches na periferia?
Não é só. Kassab vai dar à iniciativa privada o poder de desapropriar uma enorme extensão da Pompeia, como já ocorre, a passo de cágado, na Nova Luz (ou cracolândia). Este é um tipo de concessão que só parece ter sentido numa região arruinada, onde as empresas não investiriam sem atrativos. Mas na Pompeia? Por que facilitar lucros privados gigantescos numa área já valorizada? Não cheira bem.
Por fim, a prefeitura está prestes a aprovar um novo polo de escritórios de luxo na avenida Chucri Zaidan, continuação da Berrini. É mais um capítulo de uma dinâmica perversa: enquanto a região central, com infraestrutura já pronta, permanece subocupada, em estado de degradação, os impostos do paulistano vão financiar a expansão de transporte público, luz, água etc. até os confins da cidade, para onde fogem os ricos seguindo a corrida do ouro do mercado imobiliário.
Tudo somado, o kassabismo é uma espécie de neomalufismo. Essa é a escola em que ele se formou.
Painel

RANIER BRAGON (interino) - painel@uol.com.br

Batismo de fogo

Na imersão a que pretende submeter Fernando Haddad nas zonais paulistanas, o PT cuidará de aproximá-lo de líderes católicos para eliminar vestígios do boicote pregado por parte da cúpula da Igreja aos petistas na campanha de 2010 -subestimado pelo partido à ocasião. Já próximo do padre Rosalvino Viñayo, de Itaquera, o ministro da Educação estará com d. Angélico Bernardino, da Brasilândia.
A despeito da resistência interna à candidatura de Haddad à prefeitura da capital, dirigentes avaliam que Lula, seu mais obstinado cabo eleitoral, ainda não entrou em campo para colocá-lo definitivamente no páreo. "Quando ele mergulhar de cabeça, ninguém segura", afirma um grão-petista.

Parceria Os presidentes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Sérgio Guerra (PE), vão se reunir para discutir a política de aliança entre os dois partidos nas eleições municipais e a estratégia de atuação no Congresso até o fim do ano.

Lupa A fama de detalhista de Dilma Rousseff se espalha. Assessores garantem que são poucas as listas que não passam por sua mão: de convidados a almoços a acompanhantes nas viagens no Aerolula. Em alguns casos, ela mandou desconvidar assessores previamente escalados para reuniões. 

Balanço Restou apenas um nome indicado por Alfredo Nascimento no Ministério dos Transportes, em Brasília, a chefe da Consultoria Jurídica, Yolanda Corrêa Pereira. Nos Estados, continuam os afilhados Sílvio Romano (Docas do Maranhão), Afonso Lins (Dnit do Amazonas) e Sebastião Reis (Hidrovias e Portos da Amazônia). 

A sós O presidente de Furnas, Flávio Decat, conversou com Edison Lobão (Minas e Energia) na quinta. Quem sabe do riscado afirma: Decat já avisou a Luiz Hamann, diretor financeiro de Furnas e ligado ao líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que é grande a pressão para substitui-lo por Paulo Sérgio Petis.

Na gaveta O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que vai cobrar em plenário, nesta semana, que o governo coloque para votar ou retire o regime de urgência do projeto de acesso à informação, que acaba com a possibilidade de sigilo eterno de documentos. A tramitação do texto está barrada por Fernando Collor (PTB-AL), presidente da Comissão de Relações Exteriores.

Delay Foi na sexta-feira de manhã que Nelson Jobim (Defesa) deu os primeiros sinais de que a "ficha" caíra. Até então, quando questionado sobre a declaração de voto em José Serra, ele se limitava a rebater com um "o que eu fiz de errado?". 

Documento Diante da movimentação de Paulo Skaf para se firmar como "Plano B" do PMDB para a eleição paulistana, a direção do partido em São Paulo pretende cobrar do presidente da Fiesp uma declaração pública, gravada, de apoio à pré-candidatura de Gabriel Chalita à prefeitura.

Fiel da balança Se o câmbio é o problema do momento para Dilma, a valorização do real ajuda o governo paulista a fechar no azul. Projeções da equipe econômica de Geraldo Alckmin indicam sobra orçamentária de R$ 2,9 bilhões em 2011. O incremento na receita se deve, em grande parte, ao ICMS recolhido sobre importações.

Do contra Depois da CUT anunciar que recorrerá à Justiça contra a concessão de aeroportos à iniciativa privada, proposta anunciada pelo governo Dilma, a Força Sindical prepara um documento a favor da medida.
Obra malfeita barra aluno deficiente em escola pública

Relatório do Tribunal de Contas do Estado aponta que desde

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Na escola estadual Brigadeiro Eduardo Gomes, zona norte da capital, o governo gastou com reformas para torná-la acessível a deficientes. Mas deixou uma escada com quatro lances, quase 50 degraus, como única forma de se chegar à quadra. O cadeirante precisa ser levado por colegas ou servidores.
Perto dali, a reforma do colégio Parque Anhanguera permite a circulação do cadeirante. Mas o deficiente visual não conta com indicação no solo para evitar choque com obstáculos ou evitar a queda em escadas.Os colégios integraram o programa de obras do governo paulista para tornar acessível parte da rede estadual de ensino, a maior do país. Foram gastos R$ 690 milhões desde 2007 (para acessibilidade e outras necessidades).
Elas integraram também o grupo de escolas onde as obras foram insuficientes ou mal feitas, segundo auditoria do Tribunal de Contas de SP.Foram analisados 100 dos 850 colégios reformados.
Em metade da amostra houve "irregularidades" no trabalho ou "oportunidade de melhoria que deixaria o prédio plenamente acessível".Dois dos princípios de um local adaptado é que o deficiente possa ter acesso a todos ambientes e autonomia para locomoção. Legislações federal, estadual e municipal exigem que prédios públicos já sejam adaptados.Na auditoria do tribunal, algumas das falhas mais encontradas foram ausência de piso tátil para deficientes visuais e de local adaptado para que cadeirantes possam socializar nas quadras.

OBRA INCOMPLETA
A Folha visitou semana passada duas das escolas reformadas. Na Parque Anhanguera, o cadeirante conta com rampas e elevador.
Mas o deficiente visual não possui indicações no solo para andar com segurança.O colégio tem hoje um aluno com essa deficiência. O diretor da escola, Reginaldo Lopes, diz que o estudante nunca teve problema porque os colegas o guiam. "Ao mesmo tempo que o jovem é cruel, também é acolhedor."Na Brigadeiro Eduardo Gomes, há indicação para o deficiente visual, mas o cadeirante não chega à quadra.A engenheira Sanrlei Polini, que acompanhou a Folha, destacou a quase ausência de identificação de ambientes adaptados (exigência legal). "Mas o governo está no caminho, só não pode parar", disse a especialista em regularização de imóveis.Outro problema apontado pela auditoria é o descumprimento da meta lançada em 2007 pelo então governo José Serra (PSDB) de tornar acessível 50% das escolas es0taduais até 2010.
Atualmente, a proporção está em 15%.A auditoria foi usada para julgamento das contas do 0governador em 2010, aprovadas no final de junho.

1/07/2011 - 08h00

Obras malfeitas barram alunos deficientes em escolas públicas; veja

DE SÃO PAUL
O
Auditoria do Tribunal de Contas de São Paulo revela que houve "irregularidades" na reforma de escolas da rede estadual de ensino que passaram por um programa do governo paulista para melhorar o acesso para deficientes, como informa Fábio Takahashi em reportagem na Folha deste domingo.
íntegra do texto está disponível para assinantes do jornal e do UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Folha visitou algumas das escolas reformadas e mostra no vídeo acima alguns destes problemas apontados.
Na escola estadual Parque Anhanguera, o cadeirante conta com rampas e elevador, porém o deficiente visual não possui indicações no solo para andar com segurança.
Na Brigadeiro Eduardo Gomes, há indicação para o deficiente visual, mas o cadeirante não chega à quadra.
A engenheira Sanrlei Polini, que acompanhou a reportagem, destacou a quase ausência de identificação de ambientes adaptados (exigência legal). "Mas o governo está no caminho, só não pode parar", disse a especialista em regularização de imóveis.
Dois dos princípios de um local adaptado é que o deficiente possa ter acesso a todos ambientes e autonomia para locomoção. Legislações federal, estadual e municipal exigem que prédios públicos já sejam adaptados.
Outro problema apontado pela auditoria é o descumprimento da meta lançada em 2007 pelo então governo José Serra (PSDB) de tornar acessível 50% das escolas estaduais até 2010. Atualmente, a proporção está em 15%.A auditoria foi usada para julgamento das contas do governador em 2010, aprovadas no final de junho.
Marcio Neves/Folhapress
Aluno cadeirante passa por caminho esburacado em escola da zona norte de São Paulo
Aluno cadeirante passa por caminho esburacado em escola da zona norte de São Paulo
OUTRO LADO
A Secretaria da Educação afirmou que fará novas intervenções para solucionar os problemas encontrados na acessibilidade das escolas.
"Vamos voltar e fazer o trabalho de novo. Se for falha de execução, acionaremos as empresas que fizeram o serviço", disse o chefe de gabinete da pasta, Fernando Padula. Segundo a Secretaria há também possibilidade de ter havido erros nos projetos feitos pelo governo.
A Secretaria da Educação afirmou que apresentou à Promotoria plano para quase triplicar o número de escolas adaptadas em dez anos. O plano prevê obras em 1.495 escolas, ao custo total de R$ 1,3 bilhão.
Editoria de Arte/Folhapress

Família volta ao Nordeste em busca de novo sonho

Artur Rodrigues
do Agora
Arroz, feijão, rabada e refrigerante. O almoço do último dia 22 foi o melhor da vida de Josenildo e Maria do Carmo. Claro que a fome acumulada após dois dias sem um prato de comida no estômago ajudou no tempero. Mas o que deu gosto especial mesmo foi que, após um ano tentando a vida em São Paulo, era a primeira vez que os dois almoçavam em casa, em Lagoa da Canoa, no agreste alagoano.
Josenildo dos Santos Silva, 42 anos, e Maria do Carmo da Silva Santos, 40, pais de Richarlysson, 2, fazem parte de um grupo que só cresce no Brasil, o de ex-retirantes.
São brasileiros que vieram ao Estado mais rico do país cheios de sonhos, mas perceberam que São Paulo já não é mais a terra das oportunidades para quem chega só com vontade de trabalhar.
31/07/2011 | ELEIÇÕES 2012

França desiste e PT passa a ter dois pré-candidatos

Hamilton Pereira e Iara Bernardi permanecem na disputa
Notícia publicada na edição de 31/07/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 004 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.


Marcelo Andrademarcelo.andrade@jcruzeiro.com.br

O vereador e vice-presidente da Câmara de Sorocaba, Francisco França, decidiu retirar sua pré-candidatura à Prefeitura pelo Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais de 2012, quando tentará se reeleger para o seu terceiro mandato como vereador. Com isso, o PT passa a ter dois pré-candidatos: o deputado estadual Hamilton Pereira e a ex-deputada federal Iara Bernardi. Ambos não sinalizam que deverão desistir e, caso não haja consenso, a escolha poderá vir por meio de prévias internas, que acontecem a partir de maio do próximo ano.

O anúncio oficial da desistência de se lançar pré-candidato a prefeito foi feito na tarde de ontem, sob a argumentação de que sua decisão teria vindo após "amplos debates com grupos de apoio". A desistência de França acontece no momento em que o parlamentar havia ganhado força interna dentro da sigla local. Isso porque o anúncio antecipado por parte de Hamilton de se lançar pré-candidato, ocorrido logo no início do ano, não teria agradado parte dos dirigentes da sigla na cidade e militantes de diferentes grupos do partido, que defendem a indicação de outros nomes, não sem antes passar por uma discussão mais aprofundada sobre o assunto. França também nomeou como sexto assessor o coordenador do Núcleo do PT de Aparecidinha e também presidente da Associação de Amigos do Bairro, Ilton Mendonça. A coluna Informação Livre, publicada no último dia 27, revelou que internamente dentro do PT havia articulação visando garantir força a então pré-candidatura de França. A aposta era de que se numa prévia partidária o vereador viesse a unir seus votos, em sua maioria, de dentro do Sindicato dos Condutores, entidade da qual é vice-presidente, aos votos do seu novo assessor, com os votos do ex-vereador Arnô Pereira, da ex-deputada Iara Bernardi e do ex-vereador Antônio Sérgio Ismael, marido de Iara, poderia ser o escolhido, diante da maioria com poder de voto.

Tom conciliador

Ontem, entretanto, o vereador, por meio de nota, adotou tom moderado e de conciliação. Pregou a unidade partidária e disse que dará prioridade ao Legislativo local. "Há alguns meses me coloquei como pré-candidato a prefeito para disputar as eleições municipais de 2012 pelo PT. Mas sabemos que a vida pública exige doação e decisões complexas que atendem as necessidades sociais e partidárias", disse e completou: "Quero humildemente pedir que depositem a mesma esperança e ainda confiança na candidatura a ser escolhida pelo PT para disputar a prefeitura de Sorocaba em 2012, afinal já é hora de mudar. Desejo aos companheiros Iara Bernardi e Hamilton Pereira, ambos pré-candidatos, toda sorte para seguirem nessa caminhada que precisará, acima de tudo, de união partidária. Estarei pronto a contribuir, sempre pelo bem de Sorocaba e do partido", finalizou em nota.

O presidente do Diretório Municipal do PT, José Carlos Triniti Fernandes, já havia sido comunicado da desistência de França no dia anterior. Disse à reportagem que é uma decisão do vereador e que a respeita. Porém, defende que a escolha do pré-candidato não necessita de prévias. "Isso acaba por causar desgaste", resumiu.

Pannunzio nega ser candidato

Feijoada para comemorar seu aniversário de 68 anos reúne lideranças locais; Maria Lúcia Amary e Alckmin não foram

O aniversariante recebe um beijo da sua esposa Maria Inês

Gilson Hanashiro/ Agência BOM DIAO aniversariante recebe um beijo da sua esposa Maria Inês
Tatiane Patron
Agência BOM DIA
Em comemoração aos seus 68 anos, o ex-deputado federal (PSDB) Antônio Carlos Pannunzio reuniu amigos e familiares em uma feijoada sábado (30) no Sítio Capuavinha, na rodovia SP-79, sentido Piedade. Durante o discurso de agradecimento, corregilionários enalteceram que o ex-parlamentar pode ser o futuro prefeito de Sorocaba. Porém, Pannunzio nega que esteja na lista de pré-candidatos do PSDB.
Os nomes citados para concorrer à vaga do Executivo são a deputada estadual Maria Lúcia Amary - que não esteve na festividade, o ex-deputado e ex-prefeito Flávio Chaves que teria estado lá, porém não foi presenciado pela reportagem.
Apesar de Pannunzio dizer que não está entre os nomes prediletos, o presidente do Diretório Municipal, Benedito Carlos Pascoal, o Beca, afirma que ele também concorre a pré-candidatura. “Ainda não temos data para divulgar quem será o escolhido, mas já temos quatro pré-candidatos excelentes. Estamos fechando a chapa de vereadores, que contará com 30 representantes do partido”, explica.
Já o prefeito Vitor Lippi esclarece que os corregilionários estão unidos para que o partido conquiste a vitória na cidade”.
O vereador Martinez (PSDB) relata que apoiará a escolha do partido. “Conheço muito bem a cidade. Trabalhei 30 anos na Prefeitura e 20, na Câmara”, se candidata.
Estiveram no aniversário, o vereador Francisco Moko Yabiku (PSDB), Neusa Maldonado (PSDB), vice-prefeito José Ailton Ribeiro (PSDB), secretário de Governo e Relações Institucionais, Paulo Francisco Mendes, secretário Segurança Comunitária, Roberto Montgomery Soares, diretor-geral do Saae, Geraldo Caiuby, empresários Antônio Beldi e Cláudio Costa, ambientalista Jorge Alvarenga e prefeitos e vereadores de municípios da região. A esposa Maria Inês Moron, os quatro filhos e o netinho também homenagearam o ex-deputado.
SEM PRESENÇA ILUSTRE/ O governador  Geraldo Alckmin (PSDB) não compareceu à festa de Pannunzio. Sua presença estava confirmada, porém ele foi ao Rio de Janeiro para participar do sorteio das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014, cuja sede é o Brasil. Antes teve inauguração do metrô.

Memorial da América Latina
Apesar do convite para presidir a instituição, Pannunzio aguarda nomeação do  governador, que ocorrerá  em breve
200
convidados estiveram no aniversário
Ferrovia
Pannunzio disse que está acompanhando a possível instalação do trem que ligará Sorocaba a São Paulo, junto ao secretário Secretaria de Transportes Metropolitanos , Jurandir Fernandes

.


Postar um comentário

0 Comentários