Já falta mão de obra especializada em turismo e hotelaria na região de Sorocaba



Profissionais do ramo consideram a situação preocupante, cursos universitários do ramo fecharam

Carolina Santana
carolina.santana@jcruzeiro.com.br 

O aquecimento do setor de turismo e hotelaria, tão benéfico à região, está vivendo um momento delicado e que tende a se tornar ainda mais acentuado com a chegada da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, ambas sediadas no Brasil. O problema é que já há falta de mão-de-obra especializada para esse setor. Apesar desta dificuldade permear diversos segmentos da economia, para o setor de hotelaria e turismo na região, o entrave é ainda maior, com a possibilidade já anunciada de as cidades de Sorocaba, Itu, São Roque e Porto Feliz receberem uma seleção na Copa de 2014 e a vinda confirmada de novos hotéis.
De acordo com o subgerente do hotel Transamérica Flat, em Sorocaba, Felipe Tonche Santos, é realmente preocupante a carência do mercado hoteleiro por profissionais qualificados. "Estou com uma vaga de líder na área de segurança que não consigo preencher há dois meses", conta. "Existe muita gente no mercado, mas que não está qualificada. Percebemos, principalmente, muita dificuldade com a língua portuguesa", ressalta Tonche.
De acordo com ele, a falta de profissionais qualificados acontece, não só na região de Sorocaba, mas em todo o país, e a forma encontrada pela rede para suprir essa deficiência foi treinar aquele trabalhador onde se identifica um potencial, apesar do custo e do tempo envolvidos. "A rede possui uma programação completa de cursos. Dependendo da área, demora mais ou menos para se preparar um profissional, mas não há alternativa", fala Felipe.
O professor e coordenador do curso de Hotelaria da Universidade de Sorocaba (Uniso), Pedro Zille Dutra, que também é membro do Conselho Municipal de Turismo, confirma essa realidade. Segundo ele, apenas neste momento, há seis vagas anunciadas na faculdade para empresas da área de hotelaria na região. Os cargos vão desde as atividades de base, como garçons, até gerenciais. "As escolas continuam formando os profissionais, mas não é o suficiente para suprir a demanda. Outra questão é que os salários nessa área ainda são baixos e os profissionais acabam migrando para a área industrial", afirma Zille.
A própria Uniso, por exemplo, teve fechado um curso de turismo. "O turismo caiu no Brasil de uma forma geral. Havia centenas de escolas de turismo no Brasil, mas a mão-de-obra não estava sendo absorvida. Hoje, só restaram as universidades públicas federais, pois as particulares fecharam todas. A hotelaria, por sua vez, vem se mantendo porque é mais abrangente e oferece um leque maior de oportunidades de trabalho, ainda que não forme em quantidade necessária", comenta.
O proprietário da agência Costa Turismo, de Votorantim, Igor Tadeu Costa Caldini, conhece bem a realidade de escassez do profissional dessa área. "Temos uma dificuldade tremenda em encontrar pessoas especializadas ou com experiência na área de turismo, mesmo com a ajuda de agências de emprego", diz Caldini. Assim como o subgerente do hotel Transamérica Flat, ele sente que a força de barganha do mercado de trabalho está, hoje, na mão do empregado. "Há tanta abundância de vagas, que é o trabalhador quem está escolhendo onde vai trabalhar".
 
Novos hotéis na cidade 
Ainda outra variável dessa equação é a falta de vagas para hóspedes nos hotéis da região durante os dias de semana. Para o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares de Sorocaba, Antonio Francisco Gonçalves, o "Botafogo", é evidente o fato de que a formação de mão-de-obra e a estrutura de serviços não acompanharam, no mesmo ritmo, o estrondoso crescimento econômico da região. "Nós, como sindicato patronal, estamos hoje preocupados com uma questão que deveria ser dos trabalhadores, que é a capacitação profissional. Para se ter uma ideia da situação atual, em parceria com o Rotary, acabamos de formar oito garçons e, antes mesmos de concluído o curso, todos já estavam empregados", relata Botafogo.
Segundo o empresário, a cidade de Sorocaba receberá mais três hotéis nos próximos dois ou três anos, mas, até lá, a situação de demanda reprimida por leitos, durante os dias de semana, deverá continuar. "Além disso, Sorocaba não tem um hotel cinco estrelas para atender um público específico, diferentemente de São Roque, Porto Feliz e Itu", destaca. 
Botafogo também chama a atenção para o fato de o projeto dos roteiros do trem turístico de Sorocaba para Iperó, São Roque, Votorantim e Laranjal Paulista estar, diz ele, parado. "Os quatro roteiros do trem partindo de Sorocaba, que já estão, inclusive, aprovados pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), encontram-se parados. Enquanto isso, o roteiro de Itu para Salto já recebe grandes investimentos por parte do Ministério do Turismo", reclama.
 

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