PSD: lista de apoio tem 6 mortos e 1 preso


Ao menos seis eleitores paulistanos que já morreram e um sétimo que está preso aparecem como apoiadores, na capital, do PSD, partido que está sendo criado pelo prefeito Gilberto Kassab. As supostas fraudes foram constatadas em três dos 57 cartórios eleitorais paulistanos e estão sendo encaminhadas ao Ministério Público Eleitoral e à Polícia Federal, que já apuram outras denúncias de irregularidades na coleta de assinaturas da nova legenda.
No cartório da Vila Prudente, zona leste, de uma lista com 975 assinaturas entregue na semana passada três delas eram de eleitores que constam como falecidos no cadastro eleitoral. “Fizemos uma conferência com base na assinatura do caderno de votação e descobrimos três casos em que, no cadastro, os eleitores aparecem como mortos”, relatou a chefe substituta do cartório, Lívia Maria Carvalho.
O caso foi encaminhado ao promotor da Zona Eleitoral de Vila Prudente, Antonio Carlos Gasparini. Segundo a assessoria do promotor, ele deve ser incorporado aos inquéritos já instalados pela PF e pela promotoria eleitoral.
Na Capela da Socorro, zona sul, um funcionário do cartório relatou ter constatado a assinatura de um eleitor morto e de um outro que está preso – o condenado em definitivo perde seus direitos políticos no período. O cartório não informou se o preso em questão é provisório ou condenado, mas o incluiu no rol de casos irregulares.
Outros dois casos de “apoiadores” do PSD que já morreram foram identificados no cartório da Vila Matilde, zona leste. Ambos já foram encaminhados à PF e ao juiz da respectiva zona eleitoral.
Erro de informação
No cartório da Lapa, zona oeste, um funcionário contou que há casos em que, de lista de 100 assinaturas de apoio, 80 são descartadas por erros de informação. Segundo ele, problemas mais frequentes são diferença na assinatura do título de eleitor com a da lista do PSD e domicílio ou zona eleitorais não correspondentes ao registro.
A intenção dos líderes do PSD é conseguir o registro do novo partido no Tribunal Superior Eleitoral a tempo de lançar candidatos na eleição de 2012. Para isso, precisa de quase 490 mil assinaturas em ao menos 9 Estados até outubro.
Desde o mês passado, porém, o PSD se vê envolvido em suspeitas de fraudes de assinaturas. Anteontem, a Folha de S. Paulo mostrou que uma perícia, feita a pedido do jornal, constatou falsificações em listas coletadas no Rio e em São Paulo. Um só eleitor teria feito várias assinaturas.
Outro lado
O advogado do PSD, Alberto Rollo, afirmou que está havendo uma “inversão” no caso das assinaturas para a criação do partido de Gilberto Kassab. “É a Justiça Eleitoral que precisa identificar as assinaturas ilegais e não reconhecê-las. Isso vale para todas as assinaturas, sem exceção. O que o PSD está fazendo é distribuir as listas para que as pessoas assinem. O partido não é o responsável por investigar. Aliás, é nosso interesse que investiguem”, diz.
Rollo diz não querer culpar adversários políticos pelo aparecimento de assinaturas de pessoas mortas ou de presos. “Não tem como controlar. Essas assinaturas são colhidas na base. Às vezes são colhidas por gente sem instrução para saber o que pode e o que não pode. Temos assinaturas de ferramenteiros, estivadores, lixeiros…”
O advogado garante que o PSD já tem mais de 1 milhão de assinaturas coletadas. “Vamos além das 490 mil (exigidas pela Justiça Eleitoral) justamente porque sabemos que muitas serão descartadas”, declara Rollo.

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