Sorocaba: Sem frio, mosquito está 5 vezes mais potente



Mesmo com temperaturas muito baixas, o Aedes aegypti, transmissor da dengue, continua a botar ovos e já registra 1.607 casos na época do ano em que ele não deveria ter tanta força; em 2010 eram apenas 320 vítimas


Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA
Juliana dos Santos mostra que retira toda a água dos pneus. Ela os removeu para um local coberto, para evitar que o mosquito da dengue se prolifere em seu interior. Juliana ainda deixa todas as  garrafas de cabeça para baixo.

Juliana dos Santos mostra que retira toda a água dos pneus. Ela os removeu para um local coberto, para evitar que o mosquito da dengue se prolifere em seu interior. Juliana ainda deixa todas as garrafas de cabeça para baixo.
Adriane Souza
Colaboração para o BOM DIA
Sorocaba registrou as temperaturas mais baixas do ano na semana passada. Apesar disso, o município teve   1.607 casos confirmados de dengue apenas entre o outono e o começo  de inverno de 2011. (Veja arte ao final da matéria)
Mesmo assim, muitas pessoas acreditam que pode ser reduzida a vigilância sobre a proliferação do Aedes aegypti, mosquito portador do vírus da dengue. No mesmo período do ano passado, contanto todo o mês de julho, a cidade apresentava 320 casos registrados da doença.
O especialista em mosquitos da Fundação Oswaldo Cruz, Anthony Érico Guimarães, afirma que o comportamento do Aedes aegypti é diferenciado nos dias frios, porém, ele ainda está presente em vários lugares. “Com o calor e a umidade relativa do ar entre 28% e 70%, o mosquito encontra as condições ideais para se reproduzir, mas, em dias frios e mais secos, ele se inibe. Porém, continua a colocar seus ovos normalmente”, afirma o especialista.
Ele esclarece também que o ovo de Aedes aegypti é muito resistente e consegue se manter saudável por um ano, aguardando as condições ideais para germinar e se tornar um mosquito. “Engana-se quem pensa que o mosquito só põe ovos em lugares úmidos e quentes. Ele também deposita seus ovos em lugares secos ou frios, que permanecerão intactos, aguardando o momento ideal para germinar”, esclarece.
No último final de semana, a seção de controle de zoonoses realizou, nos dias 23 e 24, a remoção de materiais já coletados para um local apropriado, na Vila Nova Sorocaba, mas o mutirão contra dengue não aconteceu, por conta do feriado prolongado. “Essas campanhas de combate a dengue são um grande erro, pois elas fazem com que a população se preocupe com a doença só naquele período. É preciso combater a dengue o ano todo, afinal os mosquitos não tiram férias e, por mais que estejam inibidos pelo frio, continuam ativos e  picando”, atesta o especialista.
A manicure Juliana Aparecida dos Santos, que mora no Jardim Pagliato, conta que, independente do clima, joga cloro nos quintal e nos ralos. “Não tenho plantas de verdade. Todas são artificiais para não precisar usar o pratinho. O mosquito da dengue aqui não tem vez.”
Já Luiz Antônio Devide, que mora na Vila Santana – um dos bairros com maior incidência da doença - afirma que, apesar de ter plantas de verdade em casa, a dengue também não tem vez na sua casa. “Já removi o pratinho das plantas. Preocupo-me com isso, principalmente depois que o mutirão da dengue passou por aqui e contou que existem muitos casos da doença no nosso bairro”, relata.
Para ele, a dengue só será combatida quando todas as pessoas compreenderem que o mosquito pode estar onde menos se espera. “Viro tudo de cabeça para baixo, é importante se preocupar com as pequenas coisas”, diz.
De acordo com a área da Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde de Sorocaba, após a suspeita da contaminação pela dengue, o resultado do exame sai em até 48 horas.
Desde o início do mutirão contra a dengue em Sorocaba, 31.340 quilos de entulhos que serviriam como criadouro para o Aedes aegypti foram recolhidos. É válido lembrar que a população deve sempre tomar cuidado, independente do clima, pois, como conclui o especialista da Fundação Oswaldo Cruz, o combate nunca deve parar.
 A dengue e o frio
Em 2010, entre março e julho, Sorocaba confirmou 317 casos da doença. Ao todo, 353 já estavam confirmados até o início de julho
1.714 
é o número de casos que o município já confirmou da doença em 2011
1.607 
é a quantidade de casos confirmados durante o outono e o inverno de 2011
Quebrando o mito
Embora muitos acreditem que a doença se prolifere mais no verão, o levantamento da área da Vigilância em Saúde mostra que apenas 107 casos foram confirmados antes de março desse ano.
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