Caso CHS - Assembleia e Câmara querem ouvir interventor



Em último caso, vereadores estudam ação política e deputados, convocação

Wilson Gonçalves Júnior
      wilson.junior@jcruzeiro.com.br

O interventor do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Luís Cláudio de Azevedo Silva, recebeu ontem um pedido duplo ao ser convidado a prestar esclarecimentos sobre a atual situação da unidade de saúde tanto na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo como na Câmara de Vereadores de Sorocaba. No legislativo estadual, o convite foi aprovado pela Comissão de Saúde no período da tarde e virá em forma de convocação, caso o interventor recuse a primeira proposta. Pela manhã, os vereadores - que não podem convocá-lo, já que estão em esferas distintas - prometeram usar a força política para também ouvi-lo no legislativo sorocabano.

O convite da Assembleia Legislativa foi aprovado ontem à tarde, durante a primeira reunião da Comissão de Saúde. O pedido foi apresentado pelo deputado estadual Hamilton Pereira (PT) e acatado por unanimidade, inclusive pelos deputados da bancada tucana. Votaram favoráveis ao convite a deputada Analice Fernandes (PSDB), Celso Giglio (PSDB), Ulysses Tassinari (PV), Gerson Bittencourt (PT), Milton Vieira (DEM), Itamar Borges (PMDB) e Edinho Silva (PT).

No requerimento apresentado à Comissão, o deputado Hamilton Pereira citou o caso do vendedor Celso dos Santos, de 31 anos, publicado no jornal Cruzeiro do Sul no último dia 28. Ele teve sua cirurgia suspensa, no Hospital Regional, por falta de materiais para a realização do procedimento. Na oportunidade, o comunicado ocorreu na porta do centro cirúrgico, quando o paciente já estava medicado e em jejum. 

O parlamentar explicou ainda que a Câmara Municipal de Sorocaba já tentou ouvir o interventor do CHS. "Está mais do que na hora de o interventor vir a público para esclarecer a sociedade sobre o que está acontecendo, afinal o CHS não pode parar, apesar da necessidade das investigações, papel designado ao interventor", alertou. Caso o interventor recuse o convite, a Comissão de Saúde deverá convocá-lo a prestar esclarecimentos. 

48 horas 
Já os vereadores de Sorocaba, que por duas vezes tentaram ouvir o interventor antes do recesso de julho, voltaram a lembrar o fato na sessão de ontem. O vereador Tonão Silvano (PMDB) foi o primeiro que falou sobre o caso, ao perguntar se o presidente Marinho Marte (PPS) iria novamente tentar convidar o interventor do CHS a prestar esclarecimentos na Câmara de Sorocaba. "Eu gostaria que um dia o governador do Estado de São Paulo estivesse nesta situação para ver o que aconteceria. Ele e outros médicos que são administradores", citou o vereador ao comentar sobre o ocorrido no CHS anteontem, quando pacientes precisaram desembarcar no meio da rua, já que as ambulâncias dos municípios não podem estacionar dentro do Hospital Regional.

O presidente Marinho Marte sugeriu que houvesse um consenso entre os vereadores e que um ofício fosse enviado ao interventor, convidando-o a prestar esclarecimentos na Câmara de Sorocaba, em prazo de 48 horas. O vereador Caldini Crespo (DEM) sugeriu também, em paralelo, que houvesse ainda um contato com o secretário de Saúde, Giovanni Guido Cerri, sobre o novo convite estendido ao interventor. "Acho pouco compreensível quando pessoas que vêm a uma cidade da expressão de Sorocaba acabam não entendendo que têm compromissos com os poderes da cidade". Todos os vereadores que usaram a tribuna ontem acabaram se manifestando favoráveis à convocação do interventor.
 
Apuração continua 
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde informou ontem que o interventor Luís Cláudio de Azevedo Silva realiza, no momento, um trabalho de coleta de informações e adoção de algumas medidas internas preliminares no CHS, com o objetivo de traçar um diagnóstico da situação e propor um cronograma para a readequação do atendimento e do modelo gerencial da unidade. Ainda de acordo com a assessoria, este trabalho ocorre dentro do prazo de 60 dias estipulado pela Secretaria de Estado da Saúde e é fundamental para que todos os dados necessários sejam reunidos de modo a prestar os devidos esclarecimentos à sociedade, aos vereadores de Sorocaba e à Comissão de Saúde e Higiene da Assembleia Legislativa. Em outras palavras, a nota sugere que o interventor só pretende falar com os parlamentares após o levantamento de todas as informações.

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