Controle de fronteira é trabalho 'perverso', diz ministro


LEANDRO MARTINS
DE RIBEIRÃO PRETO
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na noite desta quinta-feira que a tarefa de garantir a segurança nas fronteiras do país é um trabalho "perverso", em referência às dificuldades que existem para o controle dos cerca de 16 mil quilômetros que separam o Brasil dos países vizinhos.
A declaração foi dada pelo ministro em Ribeirão Preto (313 km de SP), durante uma aula magna em uma universidade local. A uma plateia formada majoritariamente por estudantes de direito, Cardozo falou sobre políticas de segurança pública.
Ao tratar da necessidade de uma atuação mais integrada das forças policiais, o ministro usou como exemplo o controle das fronteiras brasileiras.
Ele citou a situação enfrentada em Foz do Iguaçu (PR), onde o país faz fronteira com o Paraguai e a Argentina. Ele disse que é impossível controlar a entrada de armas e drogas no Brasil fiscalizando todos os carros que entram pela ponte da Amizade.
Sem citar nominalmente a Folha, o ministro fez referência a uma reportagem publicada em abril, que revelou a entrada de armas no país por meio de motoboys. Uma arma comprada no lado paraguaio da fronteira que liga Ciudade del Este a Foz do Iguaçu foi entregue pelo motoboy já do lado brasileiro.
"Se nós tivermos que parar todo motoqueiro que passa na ponte da Amizade para verificar se debaixo do banco ele tem uma arma, eu fecho a fronteira", disse Cardozo.
A alternativa, segundo ele, é uma ação mais integrada das polícias e das Forças Armadas, além de um trabalho de inteligência. "Assim, é possível saber que aquele carro específico tem de ser parado." Segundo o ministro, essas ações fazem parte de um novo plano de patrulhamento nas fronteiras.
CORRUPÇÃO
O ministro da Justiça disse ainda que outro ponto fundamental para o sucesso de políticas de segurança é o combate à corrupção dentro das forças policiais e de instituições que atuam nessa área. Para ele, a corrupção dentro dos órgãos de segurança "é a pior que existe".
"Não se combate crime organizado com um corpo de segurança pública marcado pela corrupção", afirmou o ministro.

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