Ex-chanceler Amorim entra no lugar de Jobim, 3º ministro a sair em 7 meses



Série de declarações constrangedoras ao governo levaram a pedido de demissão, entregue na noite de quinta-feira

0João Domingos, Vera Rosa e Fernando Gallo, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA e TABATINGA - Depois de um dia marcado por muita tensão política, a presidente Dilma Rousseff aceitou na quinta-feira, 4, à noite o pedido de demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim. Trata-se do terceiro integrante do primeiro escalão a cair em sete meses de governo. Jobim será substituído por Celso Amorim, que foi ministro de Relações Exteriores no governo Lula.
Fernando Gallo/AE
Fernando Gallo/AE
No Amazonas, Jobim participou da assinatura do Plano Binacional, com o ministro José Eduardo Cardozo
A gota d’água para a queda de Jobim foram as críticas feitas por ele às ministras Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), publicadas na revista Piauí, que circulou na quinta-feira. "Ou você pede para sair ou eu saio com você", disse Dilma a Jobim, por telefone, pouco depois das 15 horas.
Cinco horas depois, o ministro - que estava em Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia - desembarcou em Brasília e encontrou-se com a presidente, no Planalto. Pediu exoneração do cargo "de forma irretratável", alegando razões pessoais. A conversa com Dilma durou cinco minutos. "Não posso continuar na digna função de ministro de Estado da Defesa", escreveu Jobim, na carta de demissão. "Foi uma honra ter servido à senhora e a seu governo. Seja feliz."
Na reportagem da Piauí, o titular da Defesa qualificou Ideli Salvatti como "fraquinha" e disse que Gleisi Hoffman nem sequer conhecia Brasília. Afirmou, ainda, que o governo tinha feito muita "trapalhada" na negociação sobre a Lei de Acesso à Informação e o debate sigilo eterno de documentos ultrassecretos.
Antes de falar com Jobim, Dilma ligou para o vice-presidente, Michel Temer, que estava com ele em Tabatinga. Alertou que a situação do ministro, filiado ao PMDB de Temer, era "insustentável". Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) também participavam de missão oficial para lançar o plano de segurança nas fronteiras e se reuniram com o vice-presidente da Colômbia, Angelino Garzón. Por ordem de Dilma, Jobim antecipou a volta a Brasília.
A presidente planejava transferir Amorim da pasta de Relações Exteriores para a Defesa quando montou a equipe, mas Lula a aconselhou a manter Jobim no cargo por causa das boas relações com as Forças Armadas.
Nas últimas semanas, gestos e declarações de Jobim azedaram a relação com o governo, sobretudo por ter admitido que votou em José Serra (PSDB) em 2010 e ter feito críticas à condução política da administração de Dilma. Jobim era mais um ministro herdado do governo Lula. Os outros dois que saíram foram Antonio Palocci (Casa Civil) e Alfredo Nascimento (Transportes).

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