Intervenção é prorrogada até dezembro



Segundo o interventor, o Estado analisa a viabilidade de aplicar R$ 60 milhões em nova unidade

Marcelo Andrade
      marcelo.andrade@jcruzeiro.com.br

A intervenção no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) deverá se estender até o final de dezembro e, na tentativa de diminuir o número de atendimentos e os problemas no complexo, o governo do Estado já estuda a possibilidade de utilizar os R$ 60 milhões previstos para obras de ampliação e modernização do CHS, na construção de uma nova unidade de atendimento de internação e urgência em um ponto que deverá ser escolhido de forma estratégica para atender a demanda. Durante os próximos quatro meses em que haverá a intervenção, deverá ser colocada em prática uma série de medidas e investimentos que envolvem a questão assistencial e administrativa do complexo hospitalar, entre as quais a aquisição de novos equipamentos médicos hospitalares, realização de obras avaliadas como "emergenciais", bem como a distribuição da demanda atendida com outras unidades da rede estadual e a contratação de novos profissionais na área médica e de enfermagem. 

O anúncio foi feito na tarde de ontem pelo interventor do CHS, Luís Cláudio de Azevedo Silva, durante sabatina na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Disse ainda que o relatório detalhado do diagnóstico encontrado e ainda das medidas que devem ser implementadas a curto e médio prazo será entregue ao secretário de Saúde do Estado, Giovanni Guido Cerri, até o final da próxima semana. Durante as três horas em que participou da sabatina, o interventor foi duramente criticado pelos deputados, sobretudo da própria base de sustentação do governo, sendo que alguns chegaram a colocar em dúvida sua capacidade técnica para assumir tal função, principalmente no início dos trabalhos quando Silva se mostrava econômico nas respostas e ter dito que não havia encontrado problemas em licitações.

O interventor do CHS chegou ao auditório Teotônio Vilela, localizado no primeiro andar da Alesp por volta das 13h30, onde estavam 17 deputados estaduais, entre os quais os eleitos por Sorocaba, Carlos Cézar da Silva (PSC), Hamilton Pereira (PT) e Maria Lúcia Amary (PSDB). De acordo com o interventor, ao longo dos dois meses de atuação na unidade, sua equipe realizou a análise dos principais contratos, bem como a adequação e elaboração de novas licitações. Disse ter encontrado contratos suspeitos e que foram encaminhados para análise da Secretaria Jurídica do Estado. Destacou ainda que foram identificados serviços que estavam previsto em contratos e que não vinham sendo realizados ou que eram feitos "pela metade" por determinadas empresas. 

Citou como exemplo, um celebrado com uma empresa de prestação de serviços de limpeza, onde deveria trabalhar na unidade 60 funcionários, mas que se constatou ser realizados por 40 profissionais. Revelou ainda que, diante das dificuldades encontradas e para não paralisar o atendimento em diversas áreas, após consulta aos promotores do Gaeco, realizou dispensa de licitações para a aquisição de bens e insumos. "Fizemos sim dispensa de licitações e contratações emergenciais, diante de autorização do Gaeco. Consultamos os promotores para saber se haveria problemas. Não dá para resolver problemas de aquisição de material e insumos da noite para noite por meio de licitação diante de todos os problemas", ressaltou. Luís Cláudio disse ainda que outra medida adotada foi o controle efetivo de frequência dos servidores, sobretudo de médicos e enfermeiros, bem como a implantação de escalas padronizadas.
 
Construção 
Questionado sobre os investimentos de R$ 60 milhões anunciados em março pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), para a construção de um prédio dentro do complexo para a implantação de mais 220 leitos (hoje são 400), 40 deles voltados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que tem apenas 10, o que prevê aumentar em 80% a capacidade de realização de cirurgias do CHS, bem como para financiar a reforma dos prédios existentes e transformar o Hospital Regional em hospital escola, o interventor revelou que o governo do Estado já estuda a possibilidade de implantar uma nova unidade fora do CHS, em local estratégico para atender a demanda regional, mas dentro do município de Sorocaba, em local ainda alvo de análise por parte da Secretaria de Saúde do Estado. 

"A secretaria debruçou-se sobre essa demanda para tomar uma atitude de forma mais criteriosa. Agora está se estudando a respeito da caracterização desse serviço novo, desde o que seria colocado nessa nova unidade, bem como a composição e até a localização. Vai ser feito; será em Sorocaba, agora o dimensionamento do serviço vai ser revisto, assim como o posicionamento, ou seja, a localização", disse.

O interventor do CHS disse ainda que o próximo passo a ser realizado pela sua equipe será colocar em prática o plano de ação, que compreende as novas medidas e investimentos de médio e longo prazo que serão implementados na unidade. "Nós encerramos o ciclo do diagnóstico e a gente inicia agora o ciclo do plano de ação, ou seja, de execução. Sai do papel a função de consultor e agora entra a execução. Vamos apresentar ao secretário e acreditamos que tudo deverá ser implementado", ponderou.

Entre as medidas apontadas por ele como necessárias estão a realização de obras consideradas emergenciais, entre as quais a recuperação nas duas unidades de internação, no ambulatório, nas unidades de UTI e climatização. "Também são necessárias obras de modernização na parte de UTI neonatal e pediátrica; a cabine de força está ruim e falta estrutura. A lavanderia precisa ser recuperada, pois ela tem uma estrutura relativamente nova e a gente pode reassumir, ou seja desterceirizar a lavandeira, o que reduziria os custos", disse, sem dar detalhes e custos.

Outra medida anunciada, além da contratação de profissionais, como médicos e enfermeiros, está a distribuição da demanda atendida com outras unidades da rede, inclusive fora da cidade de Sorocaba, a seleção de novas lideranças para o hospital, bem como a adequação de agendas cirúrgicas e a aquisição de novos equipamentos. "São diversos equipamentos que o hospital necessita, como diagnóstico por imagem, equipamentos de raio-x portáteis, ultrassonografia e para oftalmologia, para citar alguns exemplos apenas", resumiu.

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