Luis Nassif: Para entender o caso Eletropaulo



por Luis Nassif, no seu blog, sugestão do leitor Beaumirage
Ainda faltam mais dados para saber as razões do apagão de ontem em São Paulo. Pode ser problema da distribuidora (Eletropaulo) ou da transmissão (CTEEP).
Mas o apagão anterior e a reação do governo de São Paulo – investindo pesadamente contra a Eletropaulo – tem muito mais motivação política do que de defesa do consumidor.
Em abril a Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica) fez sua pesquisa anual de satisfação do consumidor. Houve uma melhora na percepção do cliente da Eletropaulo em relação à empresa.
Aí veio o evento, chuvas e ventos de 160 km por hora, 260 árvores derrubadas na cidade de São Paulo. Todas as redes aéreas de eletricidade são projetadas para suportar ventos de até 80 km/h. Logo, havia um atenuante para os problemas enfrentados pela concessionária.
Qual a razão das críticas do governo paulista?
Simples. No processo de reestruturação das dívidas do setor, depois do apagão de 2002, o BNDES ficou com 49% das ações da Eletropaulo em garantia – mesmo porque o financiamento tomado, antes, pela AES, não tinha garantias reais.
Agora, o BNDES decidiu colocar as ações à venda.
Há um movimento de consolidação do setor de distribuição de energia que tem na Camargo Correa o principal interessado. Em todos os países ocorreu essa consolidação. No Brasil, o setor ainda é bastante pulverizado.
Hoje em dia, a CPFL é controlada pela Camargo e pela Previ. A ideia será juntar CPFL, Eletropaulo e Elektro em uma grande empresa. Para que dê certo, a Previ teria que vender para a Iberdrola sua participação na Neonergia (que atende os mercados do nordeste) e comprar da mesma empresa a Elektro.
O maior obstáculo a essa consolidação é a AES, que não pretende abrir mão da Eletropaulo. E, aliás, tem praticado uma política pesada de distribuição de dividendos.
Os ataques do governo paulista visam enfraquecer sua posição para que a Camargo Correa assuma a liderança do processo no estado.

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