Rossi, 4º ministro a cair, afirma que há complô contra a aliança PT-PMDB


Titular da Agricultura não resiste a denúncias e deixa cargo; em carta a Dilma, peemedebista vê ‘campanha indecente' e alega que familiares e amigos foram expostos de forma indevida


João Domingos, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Pressionado por denúncias de corrupção, tráfico de influência e desvio ético, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão na quarta-feira, 17. Afilhado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), Rossi havia sido blindado no cargo em troca de uma faxina nos postos abaixo, quase todos ocupados por protegidos seus ou parentes de políticos amigos. Nem assim, no entanto, conseguiu se manter. Na carta de demissão, Rossi reclamou de ataques à sua família e atribuiu as denúncias à disputa política.
Ele é o quarto ministro da presidente Dilma Rousseff a cair num prazo de dois meses e dez dias. A primeira queda foi de Antonio Palocci (Casa Civil) na esteira de denúncias de suposto enriquecimento ilícito e aumento do patrimônio em 20 vezes, Em seguida, Alfredo Nascimento (Transportes) não resistiu às denúncias de corrupção na pasta. O outro foi Nelson Jobim (Defesa), obrigado a se afastar após ter criticado ministras do PT.
"Finalmente começam a atacar inocentes, sejam amigos meus, sejam familiares. Todos me estimularam a continuar sendo o primeiro ministro a, com destemor e armado apenas da verdade, enfrentar essa campanha indecente voltada apenas para objetivos políticos, em especial a destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo onde, já perceberam, não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seu desígnios", escreveu Rossi na carta.
O empurrão final para que o ministro da Agricultura entregasse o cargo foi dado nos últimos dois dias, com a notícia, publicada no Correio Braziliense segundo a qual ele e familiares utilizavam um jatinho da empresa Ourofino, que tem negócios com o Ministério da Agricultura. Antes, reportagem da revista Veja mostrara o lobista Júlio Fróes, amigo da cúpula da pasta, atuando nas licitações.
Questionado, Rossi negou que as viagens seriam antiéticas. Mas o caso se enquadra no Código de Ética e Conduta dos Servidores Públicos. De acordo com informações de bastidores do Palácio do Planalto, o vice Michel Temer entendeu que não dava mais para segurar o afilhado, amigo de 30 anos e ex-cunhado. A saída de Rossi, em meio a tantas denúncias, já vinha sendo entendida pelos peemedebistas como fato consumado.
Trajetória. Rossi estava no governo desde 2007. Primeiro, com a ajuda de Temer, que é presidente licenciado do PMDB, assumiu a presidência da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab). Em abril de 2010, substituiu Reinhold Stephanes no Ministério da Agricultura. O titular afastou-se para buscar a reeleição de deputado federal pelo Paraná. Em dezembro Dilma atendeu ao pedido de seu vice e confirmou a permanência de Rossi à frente da Agricultura.

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