Adriane Mendes
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br
Pelo menos três pessoas de São Roque já caíram no golpe do benzimento de dinheiro, totalizando mais de R$ 24 mil de prejuízo entre as vítimas. Os golpistas, que vêm agindo desde meados de julho e buscam sempre as pessoas idosas, usam de artifícios bastante criativos, como imagem de santo e até ovo com sangue. E embora cada abordagem seja de um jeito, os estelionatários possuem em comum a boa aparência e o poder de convencimento. A polícia pede para que as pessoas desconfiem da aproximação de estranhos.
O caso com sugestões mais mirabolantes ocorreu com uma senhora de 75 anos de idade, que foi abordada por uma mulher jovem e bonita quando caminhava pela rua Rui Barbosa. Segundo a vítima, a estranha se aproximou cumprimentando-a e perguntando como ela estava. Diante da reação de estranheza da aposentada, a golpista disse trabalhar numa farmácia, onde a idosa tinha estado dias antes. Aproveitando-se da ingenuidade da vítima, a mulher passou a dizer que estava preocupada com o estado de saúde da avó, que teria diabetes e outros agravantes. A conversa foi ficando agradável e as duas foram almoçar juntas, num restaurante, começando ali a fase determinante do golpe: a estelionatária, que naquele momento já havia se inteirado dos vários problemas da idosa, comentou sobre um benzedor que havia inclusive ajudado a avó enferma.
Terminado o almoço, a golpista foi até o banheiro e ligou para o comparsa, passando todos os dados da vítima. Na rua, a golpista atendeu a uma ligação e disse ser o tal benzedor que estava na cidade, e ambas vão até o homem, que aguardava dentro do carro, estacionado também no centro da cidade. O homem então impressionou a mulher ao acertar detalhes de sua vida, e após ganhar sua confiança, disse que suspeitava que ela estivesse sendo vítima de macumba, e pediu para ela lhe trazer um ovo branco. Dentro do carro, sem que a aposentada percebesse, ele trocou o ovo, e quando ela o quebrou sai um líquido vermelho. O estelionatário disse então ser sangue e que tanto ela como todo seu dinheiro precisavam ser benzidos. Ele a benzeu com crucifixo e uma imagem de Nossa Senhora e a convenceu a retirar todo o dinheiro que tinha no banco.
Ela retirou R$ 5.700,00 e ele envolveu o dinheiro numa folha de caderno, e enquanto ela se abaixava para passar o crucifixo pelas pernas, ele trocou o pacote e disse que o mesmo só poderia ser aberto após cinco dias, caso contrário toda maldição cairia sobre o filho dela. Ao abrir o pacote, idêntico, encontrou apenas talões de papéis enrolados em formato de dinheiro.
Duas vezes vítima
Um aposentado de 77 anos caiu duas vezes, por dois dias seguidos, no mesmo golpe, perdendo R$ 13.400,00. Ele foi abordado na tarde do dia 14 por um homem moreno, de aproximadamente 55 anos, que estava num carro vermelho. O estranho disse que seu dinheiro precisava ser benzido e o aposentado foi à uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) e sacou R$ 6.700,00.
O valor foi colocado numa caixa na frente da vítima, que sem perceber teve a caixa trocada. O golpista disse também ao idoso para só abri-la em uma semana, mas numa atitude muito ousada, o estelionatário retornou no dia seguinte e convenceu a vítima a fazer tudo novamente, sacando o mesmo valor outra vez.
Ao abrir as caixas posteriormente, o idoso descobriu que só havia jornal amassado, e para sua surpresa, descobriu ainda quatro saques de sua conta bancária, nos valores, respectivamente, de R$ 1 mil, R$ 815,00, novamente R$ 1 mil e de R$ 505,00.
Como se fossem conhecidos
Um aposentado de 90 anos e sua mulher de 72 anos também foram vítimas, mas a abordagem foi um pouco diferente. Os dois homens se aproximaram do casal chamando o senhor pelo próprio nome e um dos estelionatários disse que o pai havia trabalhado com ele décadas atrás no bairro Brasital. O idoso realmente havia trabalhado no local citado, e em meio à conversa permitiu que a dupla o acompanhasse até sua casa, na Vila Mike, para benzer a moradia. Lá, os golpistas benzeram R$ 5 mil, colocando o dinheiro num pacote, que foi colocado no bolso, devolvendo, é claro, um pacote idêntico, mas sem o dinheiro. Os dois homens estavam num Fiesta chumbo.
Jamais confiar
O delegado Marcelo Almagro, da Delegacia Central de São Roque, disse que as pessoas não devem, jamais, confiar em estranhos, duvidando sempre que algum desconhecido se parecer muito solícito e oferecendo muitas vantagens. Ao contrário do golpe do bilhete premiado, em que normalmente a vítima também visa lucrar, nos casos do benzimento, a única intenção da vítima, que se deixa levar pelo bom papo do estelionatário, é garantir o bem-estar da família no âmbito espiritual.
Mas para evitar cair em tais golpes, o delegado orienta, especialmente os idosos, a não darem intimidade para estranhos, não se impressionando com a boa aparência e a boa educação do golpista. Ainda segundo o delegado, a polícia está investigando os casos, mas ainda não há nada de concreto. Um casal chegou a ser detido com suspeita de aplicar golpe desse tipo, mas não foi reconhecido pela vítima.
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br
Pelo menos três pessoas de São Roque já caíram no golpe do benzimento de dinheiro, totalizando mais de R$ 24 mil de prejuízo entre as vítimas. Os golpistas, que vêm agindo desde meados de julho e buscam sempre as pessoas idosas, usam de artifícios bastante criativos, como imagem de santo e até ovo com sangue. E embora cada abordagem seja de um jeito, os estelionatários possuem em comum a boa aparência e o poder de convencimento. A polícia pede para que as pessoas desconfiem da aproximação de estranhos.
O caso com sugestões mais mirabolantes ocorreu com uma senhora de 75 anos de idade, que foi abordada por uma mulher jovem e bonita quando caminhava pela rua Rui Barbosa. Segundo a vítima, a estranha se aproximou cumprimentando-a e perguntando como ela estava. Diante da reação de estranheza da aposentada, a golpista disse trabalhar numa farmácia, onde a idosa tinha estado dias antes. Aproveitando-se da ingenuidade da vítima, a mulher passou a dizer que estava preocupada com o estado de saúde da avó, que teria diabetes e outros agravantes. A conversa foi ficando agradável e as duas foram almoçar juntas, num restaurante, começando ali a fase determinante do golpe: a estelionatária, que naquele momento já havia se inteirado dos vários problemas da idosa, comentou sobre um benzedor que havia inclusive ajudado a avó enferma.
Terminado o almoço, a golpista foi até o banheiro e ligou para o comparsa, passando todos os dados da vítima. Na rua, a golpista atendeu a uma ligação e disse ser o tal benzedor que estava na cidade, e ambas vão até o homem, que aguardava dentro do carro, estacionado também no centro da cidade. O homem então impressionou a mulher ao acertar detalhes de sua vida, e após ganhar sua confiança, disse que suspeitava que ela estivesse sendo vítima de macumba, e pediu para ela lhe trazer um ovo branco. Dentro do carro, sem que a aposentada percebesse, ele trocou o ovo, e quando ela o quebrou sai um líquido vermelho. O estelionatário disse então ser sangue e que tanto ela como todo seu dinheiro precisavam ser benzidos. Ele a benzeu com crucifixo e uma imagem de Nossa Senhora e a convenceu a retirar todo o dinheiro que tinha no banco.
Ela retirou R$ 5.700,00 e ele envolveu o dinheiro numa folha de caderno, e enquanto ela se abaixava para passar o crucifixo pelas pernas, ele trocou o pacote e disse que o mesmo só poderia ser aberto após cinco dias, caso contrário toda maldição cairia sobre o filho dela. Ao abrir o pacote, idêntico, encontrou apenas talões de papéis enrolados em formato de dinheiro.
Duas vezes vítima
Um aposentado de 77 anos caiu duas vezes, por dois dias seguidos, no mesmo golpe, perdendo R$ 13.400,00. Ele foi abordado na tarde do dia 14 por um homem moreno, de aproximadamente 55 anos, que estava num carro vermelho. O estranho disse que seu dinheiro precisava ser benzido e o aposentado foi à uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF) e sacou R$ 6.700,00.
O valor foi colocado numa caixa na frente da vítima, que sem perceber teve a caixa trocada. O golpista disse também ao idoso para só abri-la em uma semana, mas numa atitude muito ousada, o estelionatário retornou no dia seguinte e convenceu a vítima a fazer tudo novamente, sacando o mesmo valor outra vez.
Ao abrir as caixas posteriormente, o idoso descobriu que só havia jornal amassado, e para sua surpresa, descobriu ainda quatro saques de sua conta bancária, nos valores, respectivamente, de R$ 1 mil, R$ 815,00, novamente R$ 1 mil e de R$ 505,00.
Como se fossem conhecidos
Um aposentado de 90 anos e sua mulher de 72 anos também foram vítimas, mas a abordagem foi um pouco diferente. Os dois homens se aproximaram do casal chamando o senhor pelo próprio nome e um dos estelionatários disse que o pai havia trabalhado com ele décadas atrás no bairro Brasital. O idoso realmente havia trabalhado no local citado, e em meio à conversa permitiu que a dupla o acompanhasse até sua casa, na Vila Mike, para benzer a moradia. Lá, os golpistas benzeram R$ 5 mil, colocando o dinheiro num pacote, que foi colocado no bolso, devolvendo, é claro, um pacote idêntico, mas sem o dinheiro. Os dois homens estavam num Fiesta chumbo.
Jamais confiar
O delegado Marcelo Almagro, da Delegacia Central de São Roque, disse que as pessoas não devem, jamais, confiar em estranhos, duvidando sempre que algum desconhecido se parecer muito solícito e oferecendo muitas vantagens. Ao contrário do golpe do bilhete premiado, em que normalmente a vítima também visa lucrar, nos casos do benzimento, a única intenção da vítima, que se deixa levar pelo bom papo do estelionatário, é garantir o bem-estar da família no âmbito espiritual.
Mas para evitar cair em tais golpes, o delegado orienta, especialmente os idosos, a não darem intimidade para estranhos, não se impressionando com a boa aparência e a boa educação do golpista. Ainda segundo o delegado, a polícia está investigando os casos, mas ainda não há nada de concreto. Um casal chegou a ser detido com suspeita de aplicar golpe desse tipo, mas não foi reconhecido pela vítima.
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