Violência aterroriza moradores de Aparecidinha que registra três homicídios neste ano



Dois deles foram esclarecidos nesta terça-feira(16) pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais)


Adriane Souza
Carla de Campos
Agência BOM DIA
As estatísticas da Polícia Militar têm retratado o medo dos moradores do bairro Aparecidinha. Até agora já são três homicídios no bairro.  Já em 2010, foram cinco. De acordo com um morador que  prefere não se identificar, após a morte de um encarregado de obras, em julho,  outras cinco pessoas teriam sido assassinadas na semana seguinte.
Como estas mortes não aparecem na estatística oficial, ele alega que alguns dos corpos desapareceram, mas que os moradores teriam conhecimento do fato embora sem coragem para a denúncia. 
“O comentário aqui é que existe uma lista de execução, com mais de 10 pessoas e ninguém aqui quer ter seu nome escrito nela, por isso não denunciamos”, afirma.

A primeira referência do morador é a morte de Jefferson Cerqueira, de 28 anos, no dia 23 de julho. O presidente da Associação de Amigos do Bairro de Aparecidinha, Ilton Mendonça, diz que realmente o medo toma conta das ruas do bairro, mas apenas por conta de crimes violentos, como homicídios, registrados em julho. Segundo ele, as ocorrência de  roubos e furtos são mínimas, geralmente ligadas ao  tráfico de drogas. 
O presidente também destaca o preconceito que a região sofre, mesmo reunindo muitas pessoas de bem. “Morar aqui não é uma vergonha, tem muito trabalhador e a violência urbana está por toda parte. Mas aqui parece dar mais ibope, pois todos associam o bairro com o presídio, que nem está realmente instalado no bairro”, desabafa.
A associação de moradores está elaborando uma agenda positiva para incentivar os jovens a não caírem no mundo do crime.  “Faltam projetos sociais e esportivos em Aparecidinha. E agora aguardamos uma visita do prefeitoVitor Lippi. Temos que lutar para recuperar este bairro porque o povo daqui merece”. O vice-presidente da associação, Paulo Luiz Ramos, também aposta no investimento destinados às crianças como forma de transformação. “Se não tirarmos os pequenos da rua hoje, nossos problemas aqui se tornarão maiores no futuro”, conclui.

Uma moradora, que reside próximo ao local onde Jefferson foi morto, conta que após o crime a Polícia Militar atuou intensamente no bairro. “Até o helicóptero estava fazendo ronda aqui. Mas queremos segurança sempre, não só quando uma pessoa é assassinada”, destaca.
Resposta em menos de um mês 
Polícia procura homem de 19 anos apontado como autor de duas mortes ocorridas em julho
A Polícia já começa a dar respostas aos moradores do Bairro Aparecidinha. Nesta terça-feira (16), a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) apresentou o esclarecimento de dois homicídios ocorridos em julho e que ajudavam a criar a sensação de medo e impunidade na população. Clayton Junior Gomes Uchoa Mendes, 19 anos, é apontado como o autor das mortes de Jeferson Cerqueira, 28 anos, e de Raimundo Alves da Silva, 29. Os crimes foram praticados com intervalo de apenas dois dias, em 23 e 25 de julho. 

Na ocasião, lembra o delegado José Humberto Urban Filho, os crimes ganharam repercussão por serem associados erroneamente pela população ao tráfico de drogas, facções criminosa e proximidade com o presídio. “Mas não tem nada a ver com isso. Os crimes estão ligados, sim, mas foram provocados por motivos passionais”, diz. 
O autor, que morava no  bairro, fugiu para o Maranhão e sua prisão temporária será pedida à justiça.  
Valentão/Tanto as vitímas  quanto o autor não possuiam passagem pela polícia. Jeferson, que era operário da construção civil e estava morando em Aparecidinha por motivo de trabalho, teria assediado mulheres no bairro, despertando a ira de Clayton. “Pelo que apuramos, ele (Clayton) queria ganhar fama. Era o valentão do pedaço. Talvez, até para depois entrar na vida de crime”, informa o delegado, chamando a atenção para o fato dele já possuir uma arma de fogo. 
A primeira morte, dia 23,  foi a de  Jeferson, que recebeu 3 tiros enquanto estava parado sob uma motocicleta na rua Joaquim Machado. Curiosamente, a vítima já morta permaneceu durante horas sob  a moto, equilibrada pelo seu peso. Foi esta cena que a equipe de homicídios da DIG e peritos encontraram quando chegaram ao bairro. 
O segundo crime ocorreu dois dias depois. Raimundo Alves da Silva foi marcado para morrer porque era próximo a Jeferson e manifestou sua intenção de vingar a morte do amigo. Ele estava em um bar quando um homem chegou em uma moto, desembarcou e fez vários disparados, matando-o. 

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