CHS desloca funcionários para serviço de segurança



Empresa deixa o serviço e Estado improvisa. Servidores ficam temerosos

Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br

Funcionários do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) serão deslocados para zelar pela estrutura física do prédio, controlar a entrada e saída de pessoas e manter a integridade física dos médicos, enfermeiros e pacientes. A decisão foi tomada pela direção da instituição de saúde devido à saída da empresa responsável pela vigilância. O trabalho dos profissionais de segurança terminou ontem, às 23h, e o Governo do Estado já tem providenciado um contrato emergencial com outra prestadora de serviço.

A secretaria estadual de Saúde não informou quais e quantos funcionários serão designados para o trabalho de vigilância nas áreas interna e externa do CHS. Segundo a assessoria de imprensa do governo, a empresa Albatroz Segurança desistiu de prestar os serviços. O motivo não foi informado. A Albatroz, sediada em São Paulo, foi procurada pela reportagem do jornal Cruzeiro do Sul para comentar o término dos trabalhos no CHS. Apenas um funcionário estava autorizado a falar, mas ele não foi encontrado para esclarecer a situação.

A direção do CHS também não informou quantos vigilantes trabalhavam nas dependências da instituição de saúde. Durante o dia de ontem, os profissionais de segurança foram encontrados na entrada de veículos do Hospital Regional e na portaria do prédio. Nenhum deles quis comentar o assunto, mas todos confirmaram o encerramento das atividades na noite de ontem. A saída dos vigilantes também foi endossada pelo delegado de base do Sindicato da Saúde de Sorocaba, José Sanches. Segundo ele, o clima entre os funcionários do CHS é de preocupação. "Já temos muitos problemas e agora existe esse agravante da falta de segurança", comenta.

Sanches denuncia que os vigilantes também eram obrigados a acumular o serviço de porteiro nos prédios do CHS. "Esse trabalho não era deles, mas como não havia quem fizesse, eles "quebravam esse galho" para tentar manter a ordem no local", comenta. A secretaria estadual da Saúde também não comentou o assunto. O CHS conta com aproximadamente 1.800 funcionários e somente o ambulatório realiza mais de 2 mil atendimentos diários em diversas especialidades médicas. O local é uma das principais referências do Estado e recebe pacientes provenientes dos 47 municípios da área de abrangência da regional da saúde.
 
Alvo de denúncias 
O CHS tem sido alvo de uma intervenção do Estado. A medida foi tomada após ser deflagrada a Operação Hipócrates, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em junho deste ano. No CHS foram apontadas fraudes no pagamento de plantões a médicos que não compareciam para trabalhar. A denúncia culminou no afastamento do então diretor-geral do CHS, Heitor Fernando Xediek Consani, assinada pelo secretário estadual da Saúde, Giovanni Guido Cerri. Em seu lugar foi nomeado Luís Cláudio de Azevedo Silva.

No dia 5 deste mês, o médico neurocirurgião e ex-secretário estadual de Esportes, Jorge Roberto Pagura, e o ex-diretor do CHS, Sidnei Abdalla, foram formalmente indiciados no inquérito que apura fraudes em plantões e licitações do CHS com envolvimento de médicos, dentistas e enfermeiros. Pagura foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha e falsificação de documentos. Já Abdalla por favorecimento e direcionamento de licitações, prorrogações ilegais de contratos e formação de quadrilha.

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