Catadores de lixo atuam dentro de aterro em Votorantim



Apesar da área ser cercada, várias pessoas usam o lixão para separar materiais recicláveis ao lado de urubus
Jornal Cruzeiro do Sul
Giuliano Bonamim
giuliano.bonamim@jcruzeiro.com.br

A coleta seletiva de resíduos sólidos tem sido feita dentro do aterro sanitário de Votorantim. Catadores de lixo conseguem acesso à área pertencente ao município e fazem a separação dos plásticos, metais, vidros e papeis despejados pelos caminhões coletores da Prefeitura. A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul flagrou, na manhã de ontem, cerca de 10 pessoas aglomeradas em uma montanha de lixo despejada no local. O grupo fazia a separação dos restos orgânicos e inorgânicos acompanhados de dezenas de urubus em busca de comida.

A presença de catadores é confirmada pelos próprios funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), responsáveis pela coleta de lixo em Votorantim. "Todo dia tem gente lá", diz o coletor, que não quis se identificar com medo de represália. O Saae recebeu nos últimos dias a informação sobre a presença de catadores no local. A autarquia constatou que os invasores entram na área do aterro por meio da fazenda São João, através de uma cerca de divisa. "As providências já estão sendo tomadas com a reconstrução do cercado e a contratação de empresa para a implantação de muretas e alambrados, evitando dessa forma novas invasões", relata, em nota.

A lei número 12.305, vigente em todo o país desde 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e proíbe a atividade de catação de lixo nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) confirma que o Saae de Votorantim foi advertido em agosto deste ano por falhas no processo de destinação dos descartes no aterro. "A rigor, um aterro sanitário bem operado não tem a presença de catador", diz a entidade. 

O promotor de Justiça do Meio Ambiente de Votorantim, Luiz Alberto Meirelles Szikora, afirma que não é permitida a presença de catadores de lixo reciclável dentro do aterro. "São condições insalubres de trabalho", comenta. O próprio site do Saae de Votorantim contém informações sobre o acesso ao aterro sanitário. O texto diz que o local "necessita ser fechado e protegido para evitar invasões e possíveis descargas de empresas não autorizadas, o que pode comprometer o funcionamento do aterro e causar danos ao local. O acesso de pessoas estranhas não é permitido, somente com autorização do Saae e acompanhamento de responsável da autarquia até o local".

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Votorantim, o aterro recebe aproximadamente 71 toneladas de lixo por dia. O local é subdividido em células para o recebimento e o tratamento dos resíduos domésticos. O potencial da área gira em torno de 39 anos de uso. O aterro possui uma portaria com vigilância 24 horas. Um guarda controla a entrada e saída de veículos acompanhado por cachorros, que latem na presença de qualquer estranho pelo local. O terreno é todo cercado por um alambrado de 2 metros de altura e fica situado na rodovia Votorantim-Piedade, no bairro Jurupará, nas proximidades da linha de alta tensão da concessionária de energia elétrica.

O movimento de caminhões é intenso no interior do aterro. Alguns veículos despejam o lixo captado no município e outros cobrem os resíduos com camadas de terra sucessivas. O cheiro ruim é muito forte. O município não tem usina de compostagem capaz de aproveitar os resíduos para a produção de adubo e similares.

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