Para passageiros, metrô, ônibus e trens pioraram em 2011 na Grande SP


Pesquisa da ANTP também mostra que 73% reclamam de atitudes negativas de outros usuários


Caio do Valle - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O transporte coletivo de São Paulo - incluindo metrô, trens e ônibus - piorou no ano passado, na opinião dos passageiros. Pesquisa anual da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) revela que até o metrô - considerado "excelente ou bom" por 74% dos entrevistados - continua a sofrer os efeitos da superlotação. Em 2009, esse número era dez pontos porcentuais maior.

Metrô lotado no horário de pico e falta de educação de passageiros são motivo de reclamação - Epitácio Pessoa/AE
Epitácio Pessoa/AE
Metrô lotado no horário de pico e falta de educação de passageiros são motivo de reclamação
"O Metrô sempre teve uma imagem de excelência, mas está sendo vítima do próprio sucesso. Quando tinha poucas linhas, era avaliado pelo serviço delas. Agora, há um embrião de rede. Mas a cidade precisa de mais do que isso", diz Rogério Belda, diretor da ANTP, destacando que o pior desempenho desde que a pesquisa passou a usar a atual metodologia, em 1999, tem a ver justamente com lotação e conforto.
Pela primeira vez, o Metrô também caiu para terceiro lugar na análise dos usuários. Agora, o posto de transporte coletivo com melhor avaliação passou para o Expresso Tiradentes, com 81% de aprovação. Em seguida, vem o Corredor Metropolitano São Mateus-Jabaquara, via exclusiva de ônibus entre a capital e o ABC, gerida pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), do governo do Estado, tal qual o Metrô, com 74%. Mas aqui vale uma ressalva: enquanto o Metrô já bateu a marca de 4 milhões de passageiros transportados por dia, o Expresso Tiradentes leva 80 mil e o Corredor Metropolitano, 250 mil.
Por sua vez, os ônibus administrados pela São Paulo Transporte (SPTrans), da Prefeitura, alcançaram só 40% nessa avaliação - no ano retrasado, 59% dos entrevistados consideravam o serviço bom ou excelente. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) também foi aprovada por menos da metade das pessoas ouvidas: 48%, ante 54%.
A pesquisa avalia a imagem do transporte coletivo na Grande São Paulo. Ela foi encomendada à Toledo & Associados e feita em duas etapas, entre outubro e novembro: uma quantitativa e outra qualitativa, com 3.423 entrevistados.
Passageiro diário do Metrô, o operador de logística Henrique Volpe, de 25 anos, destaca a lotação em horários de pico como ponto extremamente negativo. "Os trens demoram e, quando chegam, às vezes vêm tão cheios e quentes que parecem sauna." Já o programador Daniel Oba, de 41, afirma ter notado que as paradas dos trens no meio dos túneis têm sido mais frequentes.
A linha que ele usa mais vezes, a 1-Azul, foi a que registrou maior queda na avaliação nos últimos dois anos, segundo a ANTP, passando de 85% de aprovação para 73%. Apesar disso, a Linha 3-Vermelha segue com a pior avaliação entre as cinco da rede: 68% dos entrevistados a consideram excelente ou boa. A 4-Amarela, cuja primeira fase foi aberta integralmente no ano passado, teve o melhor desempenho, com 89%. Segundo a pesquisa, considerando todo o sistema de transporte público, apenas 18% consideram o serviço bom.
Educação. A pesquisa pela primeira vez avaliou o que os passageiros dizem de outros passageiros: 73% reclamaram de alguma atitude negativa das pessoas com quem compartilham o transporte (não dar preferência, não dar passagem etc). Também se avaliou o serviço dos metroviários: 36% flagraram casos de comportamento agressivo de funcionários do metrô.
Para quem usa transporte coletivo, dois fatores contribuem para situações de violência na rede: superlotação e falta de educação de parte dos usuários. Pela pesquisa da ANTP, o abalo emocional causado por essas situações "favorece o estresse coletivo", resultando em brigas, bate-bocas e vandalismo. "O usuário reconhece que os investimentos acontecem, mas admite essa situação de violência que está vivendo. O trajeto que ele vivencia hoje é incômodo. Ele presencia brigas e falta de educação", diz Maria Aparecida Toledo, coordenadora da pesquisa. "É preciso organizar o ambiente do transporte público."
Em nota, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos informou que o índice do Metrô "é o maior de todos os meios de transporte coletivo avaliados pela pesquisa". Também destaca que o serviço "é bom, eficiente e tem tarifa mais barata do que o ônibus, o que, obviamente, atrai cada vez mais usuários". O texto diz que, em 2011, "o Metrô absorveu cerca de 1,3 milhão de novos passageiros" e as Estações República e Luz da Linha 4 fizeram com que 500 mil usuários fossem incorporados desde setembro. Segundo a estatal, isso "provocou reflexos em novembro", mês da pesquisa.
A nota afirma que "São Paulo é a única cidade no mundo ocidental que tem quatro obras de metrô em andamento", nas Linhas 2-Verde, 4-Amarela, 5-Lilás e 17-Ouro. Com elas, "a população vai reconhecer e aprovar a cada dia mais o sistema".
A SPTrans, por sua vez, informou que "trabalha ininterruptamente para oferecer um serviço da melhor qualidade aos usuários" e "foram criadas faixas exclusivas para ônibus em 2011 e alterados a sinalização e o tempo semafórico para aumentar a velocidade dos coletivos de 10% a 15%". Além disso, a frota de ônibus foi renovada em 80% desde 2005.

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1 Comentários

  1. Vagões do Metrô, Trens suburbanos e Monotrilho têm cada vez menos assentos.

    Está cada vez mais difícil viajar sentado nos trens em São Paulo. E isso não é só por causa da crescente superlotação do sistema. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso a Informação, mostram que os veículos das frotas modernizadas e as composições novas têm sido entregues com cerca de 100 assentos a menos do que os equipamentos antigos.

    Esta foi á solução encontrada pelos dirigentes para se aumentar a capacidade do sistema. Nos anos 1980 - segunda década de funcionamento das linhas da companhia, as composições da frota “C” da Linha 3-Vermelha possuíam 368 bancos. Algumas destas ainda rodam naquele ramal. No fim do decênio seguinte, os trens recém-adquiridos para a Linha 2-Verde passaram a apresentar 274 assentos, em um lote que recebeu o batismo de frota ”E”.

    Atualmente, a quantidade de vagas para os passageiros se acomodarem caiu ainda mais. Por exemplo, quem andar em um veículo da frota “K”, modernizada nos últimos três anos, terá de disputar um dos 264 lugares disponíveis. Chama a atenção o fato de que esses trens, antes de serem reformados e rebatizados, pertenciam à antiga frota “C” com 368. Ou seja, possuíam 104 assentos a mais, com os mesmos comprimentos e larguras dos vagões redefinidos, sendo que as vagas do Monotrilho Linha 15-Prata em testes, não passam de 120, a menor de todos.

    Embora o Metrô, que é controlado pelo governo do Estado, não admita oficialmente, a redução dos bancos em seus trens tem o objetivo de permitir a acomodação de um número maior de pessoas em pé, desafogando mais rápido as plataformas superlotadas das estações durante os horários de pico.

    CONCLUSÃO;
    “PARA O METRÔ E CPTM, MODERNIZAR E AMPLIAR CAPACIDADE SÃO SINÔNIMOS DE SUBTRAIR ASSENTOS”.
    É o que se pode deduzir pelas atitudes.

    Assim como já acontece aqui e no mundo com os ônibus e aviões o Brasil precisa conhecer e implantar o sistema "double decker" dois andares para trens.

    ANÁLISE TÉCNICA;
    As prioridades nunca têm levado em consideração o conforto dos usuários. "Como tudo é dimensionado só para atender à demanda no horário de pico, ninguém depois muda o arranjo e acrescenta mais assentos nos trens”.

    Proponho um sistema de Trens de dois andares com altíssima capacidade de demanda 60% maior que os atuais em apoio à Linha 11-Coral da CPTM, para aliviá-la nos horários de ponta. "Esses trens “double decker” utilizariam a mesma linha e na mesma frequência, maioria dos passageiros viajariam sentados."

    É prioritário e fundamental para implantação das composições de dois andares até a Barra Funda, reformar e ampliar as Estações da Mooca e Água Branca, readequar a Júlio Prestes e construir a do Bom Retiro (que englobariam as seis linhas existentes além dos futuros trens regionais). Tal atitude beneficiaria “todas” as linhas metrô ferroviárias, e descentralizaria e descongestionaria a Luz.

    Seria uma decisão sensata, racional, e correta porque falar em conforto para uns e outros irem esmagados não tem o menor sentido. Além de se evitar um risco maior, seria uma forma de aliviar este "processo crônico de sardinha em lata”.

    IDOSOS
    A Linha 5-Lilás, na zona sul, foi inaugurada em 2002 com trens de 272 lugares. A futura frota que será comprada para circular no ramal, que está sendo expandido para receber mais passageiros, registrará, em cada composição, 236 bancos, a menor quantidade entre todos os veículos do Metrô, com exceção do Monotrilho que tem 120.

    Além do natural envelhecimento da população - segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pessoas com mais de 65 anos de idade no país saltarão de 14,9 milhões em 2013 para 58,4 milhões em 2060 -, o governo Alckmin (PSDB) aprovou uma lei, no fim de 2013, que diminui de 65 para 60 anos a idade mínima para homens andarem de graça no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o que deve atrair ainda mais passageiros desse perfil.

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