Boate sorteia acompanhante como prêmio


Panfleto de boate que promete sorteio de uma acompanhante 


Promoção é da casa noturna 100 Limite Drinks, na periferia de Batatais; proprietária afirma que não há prostituição


OAB e governo veem crime na ação e dizem que vão notificar o Ministério Público; casa pode ser fechadaMARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA “FOLHA RIBEIRÃO”
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
De calça jeans justa e short minúsculo, um trio de mulheres divulgava anteontem à noite, no centro de Batatais, um convite inusitado: visitar uma nova boate de shows e concorrer ao sorteio de uma acompanhante, "à escolha do cliente premiado".
A boate 100 Limite Drinks, instalada há dois meses na estrada vicinal Ayrton Senna, periferia da cidade, está fazendo "um mês inteiro de festa", conforme o panfleto, distribuído nos veículos estacionados no centro.
O sorteio da acompanhante na boate -com o slogan "Aqui o bom gosto e a honestidade andam lado a lado"- está marcado para a festa do próximo dia 29.
Questionada pela Folha, uma das garotas que entregavam os panfletos, que não quis se identificar, afirmou que não via problema na promoção feita pela casa.
Segundo ela, que disse não ser prostituta, as mulheres que trabalham na boate "estão lá para isso mesmo".
Por telefone, uma pessoa que afirmou ser proprietária da casa de shows e se identificou apenas como Estrela disse que o evento "não tem nada a ver com prostituição".
CRIME
A OAB de São Paulo, a Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, e a Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania veem crime na ação e dizem que vão notificar o Ministério Público para que investigue o caso.
Segundo as três entidades, prostituir-se não é ilegal, mas configura crime a exploração da prostituição, o que entendem ser o caso da boate.
Para a Comissão da Mulher Advogada da OAB, caso a Promotoria comprove o crime, cabe inclusive o fechamento do local. "O fato de sortearem [a mulher] significa que,indiretamente [os donos da boate] estão recebendo dinheiro por causa disso", disse a presidente da comissão da OAB, Fabíola Marques.
"Até porque passa a impressão da mulher sempre explorada. Divulga-a como objeto sexual."
Os órgãos federal e estadual e a OAB disseram que desconhecem casos semelhante sem outras casas noturnas.

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