Corregedora diz que todos serão alvo no TJ


A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, durante audiência no Senado no mês passado 

Eliana Calmon afirma que todos os integrantes do Tribunal de Justiça de São Paulo terão seus rendimentos examinados

Ministra admite não ter como aprofundar análise para todos os 354 desembargadores que compõem o TJ-SPDE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, afirmou ontem que "todos" os membros do Tribunal de Justiça de São Paulo serão alvo da inspeção aberta pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para examinar os rendimentos dos juízes paulistas.
"Para que se preserve a impessoalidade, as inspeções, em princípio, abrangem a folha de pagamento de todos os membros do tribunal inspecionado", afirmou Calmon, por meio de nota em que respondeu por escrito a questionamentos feitos pela Folha. Ela grifou a palavra "todos".
Segundo ela, somente com o andamento do trabalho dos corregedores será possível verificar se a amostra definida no início da inspeção será suficiente para verificar a "regularidade dos pagamentos".
"Quando suficiente a amostragem, a inspeção é restrita aos dados inicialmente colhidos", escreveu a corregedora. "Quando necessário, a inspeção prossegue e pode abranger a totalidade de uma folha de pagamento."
A nota de Calmon foi uma resposta a um pedido de esclarecimentos feito pela Folha após uma entrevista em que a corregedora disse ontem à tarde que seria "impossível" investigar todos os desembargadores do tribunal.
Folha informou terça-feira que o CNJ decidiu ampliar suas investigações sobre a folha de pagamentos do TJ, estendendo a todos os 354 desembargadores a inspeção, que inicialmente tinha como foco cerca de 70 magistrados.
O presidente do TJ, desembargador Ivan Sartori, reagiu à notícia acusando a Folha de promover uma campanha para minar a credibilidade dos juízes paulistas e criticando a caracterização que o jornal fez da inspeção ao descrevê-la como uma investigação.
Ontem, Calmon e Sartori se encontraram em Brasília e falaram sobre o assunto em entrevista à imprensa. A corregedora definiu a inspeção como uma "operação de rotina" e indicou que dificilmente o trabalho dos corregedores se aprofundará sobre todos os 354 desembargadores do TJ.
"Vai fazer de todos os desembargadores? É absolutamente impossível fazer de todos os desembargadores, mas, quando nós vamos fazendo, e aparecendo a necessidade de se aprofundar mais, nós vamos ampliando", afirmou Calmon na entrevista.
Ao rejeitar a caracterização da inspeção como investigação, Calmon disse que a palavra "traumatiza" os juízes. "Significa que eu estaria lá, indo dirigida para apurar a situação de A, B, C, D. Não é o caso. Não vou direcionar essa investigação para nenhum desembargador", disse.

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