Jornais estrangeiros veem nova ‘guerra cambial’



Sílvio Guedes Crespo
Os dois principais jornais de economia e finanças do mundo, o americano “Wall Street Journal” e o britânico “Financial Times”, publicaram reportagens nesta sexta-feira, 2, a respeito das medidas tomadas pelo governo brasileiro para tentar conter e valorização do real.
O primeiro diz no título da reportagem que o “Brasil intensifica a batalha para frear a alta do real”, enquanto o segundo afirma que
o País “declara uma nova guerra cambial”.
Ambos reforçaram a informação, já comentada em sites na quinta-feira, de que a mudança no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) tem pouco efeito no mercado, mas vale como um sinal de que o governo está disposto a usar suas munições para conter a apreciação do real.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que a taxa de 6% de IOF sobre empréstimos no exterior, que incidia apenas as operações com vencimento de até dois anos, passaria a valer também para aquelas com prazo de até três anos.
Paralelamente, o Banco Central vem atuando no mercado de câmbio, por meio da compra de dólares à vista e no mercado futuro.
O governo argumenta que a política de afrouxamento monetário dos países ricos (o que inclui emissão de moeda) faz aumentar a quantidade de recursos nas mãos dos investidores, que, por sua vez, levam parte desse capital para países emergentes, como o Brasil, de forma especulativa.
“O ministro da Fazenda do Brasil e a presidente estão defendendo a moeda deles”, afirma o “Journal”.
No “FT”, o texto da versão impressa limita-se a descrever e explicar as medidas do governo brasileiro. Mas um artigo no blogBeyondBrics, do mesmo jornal, traz uma opinião sobre o caso. Recomenda que os investidores não ignorem “retórica belicista” de Mantega porque “desta vez a presidente se envolveu com a questão”.
Além disso, “Mantega sabe que tem grande parte do mundo emergente do seu lado”. O Peru e a Coreia do Sul também adotaram medidas de controle de capital.
China
Em outra reportagem, o “Journal” diz que a China está diversificando seus ativos, de modo a reduzir a participação do dólar em suas reservas, “uma tendência que pode significar menor fluxo de capital oriundo de Pequim e um possível aumento dos custos de empréstimos na economia americana”.
Abaixo, parte de uma arte publicada no “Journal”. As barras representam o tamanho das reservas chinesas. A parte de baixo das barras, em azul, se refere ao valor dos títulos americanos em poder dos chineses. O restante das barras, em verde, corresponde aos demais ativos que compõem a reserva do país asiático. Repare que a quantidade de títulos americanos em poder do governo chinês não parou de subir, mas corresponde a uma proporção cada vez menor do total das reservas, que é a barra inteira.

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