PSB resiste a pressões do PT e PSDB em São Paulo e tenta ganhar tempo


Partido avalia cenário nacional, no qual é aliado dos petistas, e chances em SP, onde apoia tucanos


O Estado de S. Paulo
Cortejado pelo PSDB e PT como peça importante para o embate eleitoral na capital paulista, o presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), orientou os correligionários a postergar qualquer decisão sobre a aliança por pelo menos 30 dias para avaliar melhor o cenário e aumentar o cacife do partido nas negociações. Campos esteve nesta segunda-feira, 5, na capital. “Quem decide o futuro do PSB é o PSB (...) Este processo não se conclui antes de junho”, afirmou o governador, após participar de palestra na Associação Comercial de São Paulo.

Kassab e Eduardo Campos, nesta segunda, em SP: por ora, aliança suspensa - Hélvio Romero/AE
Hélvio Romero/AE
Kassab e Eduardo Campos, nesta segunda, em SP: por ora, aliança suspensa
Campos negou que tenha feito um acordo com a presidente Dilma Rousseff e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o PSB apoie o pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad. “Não tem nenhuma decisão preestabelecida em relação a nenhum município. Nunca tratamos disso.”
Em conversa telefônica no domingo com Haddad, o governador afirmou que o PSB não tomou nenhuma decisão ainda e precisa de tempo. “Temos de ter calma para aguardar os desdobramentos das discussões internas e respeitar os nossos interlocutores”, afirmou Haddad.
O PT aposta todas as fichas numa decisão da direção nacional do PSB pró-Haddad por acreditar que vão pesar o quadro nacional e as aspirações de longo prazo de Eduardo Campos – as disputas presidenciais de 2014 e de 2018. A ausência de Lula das negociações em São Paulo por motivos de saúde dá mais fôlego a Campos, que teria dificuldades de negar um apelo pessoal do petista, de quem ele foi ministro, fiel aliado e afilhado político.
“Não se trata de uma questão paulista nem paulistana. São Paulo é muito grande para ser tratado como uma questão local. Nacionalmente, nós teremos dificuldade em apoiar a candidatura de José Serra”, disse o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral. Ele destacou que, além de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro são cidades com repercussão nacional e devem ser tratadas sob essa ótica.
Em São Paulo, porém, o PSB tem fortes laços com tucanos, que também aumentam a pressão ao partido. O presidente do diretório estadual do PSB e secretário estadual do Turismo, Márcio França, afirmou nesta segunda-feira que “não é tradicional no partido” uma intervenção da direção nacional no diretório regional.
“O que é certo é que nossa posição nunca será contrária à do governador Eduardo”, amenizou França. Segundo ele, antes da entrada de José Serra na disputa o PSB já havia ponderado com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) as dificuldades de uma aliança com o tucano. “Na época, foi dito ao governador de todas as nossas dificuldades, caso fosse o ex-governador José Serra o candidato. Que a eleição seria muito nacionalizada”, recordou o secretário. França disse não ter dificuldade em deixar o governo estadual se o PSB apoiar Haddad.

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