Um a cada quatro latrocínios ocorre em casa Um a cada quatro latrocínios ocorre em casa



MARCELO GODOY
WILLIAM CARDOSO
Entre todos os latrocínios (roubos seguidos de morte) ocorridos no ano passado no Estado de São Paulo, 26% foram dentro da casa da vítima e 79% dos mortos eram homens. Os números fazem parte de um estudo inédito divulgado ontem pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que será compartilhado com a PM para que o patrulhamento seja mais eficiente.
O motivo do levantamento é claro. Foram 308 casos em 2011, ante 253 em 2010, um crescimento de 21,74%. E a tendência continua em alta – em janeiro de 2012, já foram 22 casos no Estado, 1 a mais do que no ano anterior.
“O fato de um quarto das mortes em assaltos ter ocorrido dentro de casa chama a atenção, porque é em casa que a pessoa se sente mais protegida”, diz o diretor do DHPP, Jorge Carrasco, que considera o latrocínio o crime “mais preocupante” hoje.
Alguns aspectos tornam mais difícil a investigação dos roubos seguidos de morte. Na quase totalidade dos casos, são pessoas que não têm vínculo umas com as outras. “O autor pode ser qualquer um, assim como a vítima. Imagine isso em uma cidade com 11 milhões de habitantes”, diz o titular da 3.ª Delegacia do DHPP, Luiz Fernando Teixeira.
A violência dos ladrões também tem assustado a própria polícia. Para Teixeira, a inexperiência, por exemplo, pode explicar os latrocínios cometidos por menores –13% dos autores têm entre 12 e 17 anos. “Alguns são adolescentes, se atrapalham e acabam atirando por qualquer motivo.”
Em janeiro de 2012, a capital teve oficialmente oito casos de latrocínio, embora dois tenham sido registrados em duplicidade, segundo o diretor do DHPP. O índice de esclarecimento dos roubos seguidos de morte é de 48%, maior por exemplo do que o de homicídios, que fica entre 30% e 40% no Estado. “Só consideramos o caso esclarecido com identificação e prisão de autores.”
O estudo mostra que ações durante os roubos de veículo correspondem a 14% dos casos de latrocínio. Outros 12% aconteceram em roubos de moto.
Preocupação
O aumento nos latrocínios levou a Secretaria de Segurança Pública a transformar a 3.ª Delegacia do DHPP em especializada nesse crime – anteriormente, investigava apenas chacinas. “Delegacia do bairro é clínica geral, atende tudo. A especializada torna a investigação mais eficaz”, afirma Carrasco.
Para o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro, aumentar o número de casos solucionados é o motivo do foco nos latrocínios. Polícia defende também o endurecimento na legislação.

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