Jornal da Estância
Em dezembro
de 2010 quando um jovem tunisiano ateou fogo ao próprio corpo vindo a morrer,
nem os melhores analistas em política árabe imaginavam o que estava por
vir. Regimes sanguinários implantados há
décadas começaram a ruir, e neste contexto podemos incluir a própria Tunísia,
Egito, Líbia e Iêmem.
No Egito
desde a queda da monarquia em 1953, e a ascensão ao poder de Gamal Abdel Nasser,
em 1954, passando pelo governo de Anwar Al Sadat, que comandou o país de 1970,
até seu assassinato por um fundamentalista islâmico em 1981, desaguando na mais
longa ditadura egípcia comandada por Hosni Mubarak, que teve seu fim em 2011, a
tradição sempre foi de regimes tirânicos comandados por ditadores, que sempre
oprimiram o povo com objetivos pessoais, e a serviço desta ou daquela potência
imperialista.
A Líbia
comandada com mão de ferro por Muammar
Khadafi, desde 1970, viu o “grande” coronel sucumbir a uma revolução “popular”
apoiada por forças imperialistas em 2011.
A Síria comandada por uma “dinastia” no qual o poder vem
sendo transferido de pai para filho tem enfrentado grandes protestos desde
2011, que culminaram na morte de mais de oito mil pessoas em um ano. Portanto, enquanto a “dinastia” dos Al Assad
comandada por Bashar agoniza, a ONU procura uma saída para o fim do conflito.
È importante salientar, que os países árabes têm certo
fascínio pelos ditadores e a religião tem suma importância no processo político
e social dessas nações.
Na ausência de governos democráticos, a religião islâmica
passou a ter papel fundamental nos destinos políticos das nações que agora
enfrentam a “Primavera Árabe”.
O crescimento desse fundamentalismo religioso tem muito a ver
com a forma imperialista que nações do primeiro mundo sempre trataram os países
árabes. Ao longo da história recente, os
países ocidentais capitaneados pelos EUA, só vislumbraram as nações árabes como
mero fornecedores do “ouro negro” incentivando e financiando a instalação de
ditaduras sangrentas que desde 2010 estamos vendo se desintegrarem.
Chega a ser hilária a atuação diplomática do ocidente nesta
questão. Se por um lado tentam pressionar seus aliados até ontem, por outro
apóiam os grupos que lutam pela derrubada desses regimes tirânicos, como forma
de perpetuarem sua influência.
Mas uma coisa é certa, à medida que ditaduras sangrentas vão
caindo, uma nova ordem começa a ser desenhada para o verão que virá após a
primavera.
Emir Bechir/Jornalista
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