Candidatos temem cancelamento do concurso



Concorrentes que conseguiram completar os exercícios se preocupam com decisão que pode ser tomada pelo MP

 Jornal Cruzeiro do Sul
Leandro Nogueira
leandro.nogueira@jcruzeiro.com.br

Os candidatos aptos para continuar no processo seletivo do concurso para a admissão de 60 novos integrantes da Guarda Civil Municipal (GCM), em Sorocaba, estão preocupados com a possibilidade de que o pedido de cancelamento do concurso seja acatado pela Justiça, caso o Ministério Público (MP) proponha uma ação civil pública. O cancelamento da segunda fase, durante a qual foram realizados os exercícios do Teste de Aptidão Física (TAF), foi pedido ao MP por candidatos que ao jornal Cruzeiro do Sul reclamaram de suposta manipulação de resultados, por meio da falta de contagem das repetições de exercícios, com o intuito de eliminar os que não estavam entre os mais jovens ou tinham sobrepeso. Alguns ainda reclamaram de assédio moral. O resultado da prova deve sair nos próximos dias e ainda não é possível saber quem foi aprovado no TAF.

O auxiliar de produção, André Alves Flávio, 25 anos, diz que também sofreu pressão durante o TAF da GCM para que fizesse os exercícios corretamente, mas assim que os corrigia, as repetições eram contadas normalmente. Segundo ele, a pressão na seleção para policiais militares e guardas municipais é normal. Ele diz que na próxima fase, a do exame psicotécnico, também deverá haver muita pressão. "Eu prestei para a Polícia Militar quando tinha 19 anos e no psicotécnico os examinadores diziam que eu estava pegando errado no lápis", cita como exemplo. Afirma não ter percebido irregularidade no TAF para a GCM de Sorocaba. "Acho muito difícil uma pessoa, por mais que tenha treinado muito, conseguir fazer 50 flexões de cotovelos em um minuto conforme diz o edital. Mas muitas pessoas passaram com pontuação máxima com avaliadores diferentes", declara.

Outro candidato que prossegue na seleção é o atualmente desempregado Diego Rafael da Silva, 24 anos. Preocupado com um eventual cancelamento, ele considera correto apenas que os candidatos que sentiram-se ofendidos ou desfavorecidos tenham uma nova oportunidade para verificar quem está errado, mas sem cancelar os resultados dos que não foram eliminados. "Eu já fiz dois TAFs para a Polícia Militar, onde foi a mesma banca examinadora quem avaliou e não passei. De maneira alguma me senti ofendido ou ridicularizado, simplesmente aceitei", declarou. O auxiliar de almoxarife Juliano de Lima Honório, 28 anos, diz que enquanto os examinadores demonstravam a forma correta de fazer os exercícios muitos candidatos estavam dispersos. 

O outro lado 
Enquanto os candidatos que não foram eliminados preocupam-se com o risco da invalidação do TAF, várias reclamações de candidatos que se sentiram lesados com os testes continuam chegando à reportagem. Uma delas partiu da operadora de marketing, Maria José de Oliveira, 34 anos. Ela diz que para a flexão de cotovelo com os joelhos apoiados em um banco de madeira, o banco utilizado estava desnivelado. De acordo com a candidata, foram colocados calços de papel sob os pés do banco, no entanto, como três candidatos faziam o teste ao mesmo tempo, o banco balançava por conta do desnível, fazendo o joelho deslocar, invalidando parte dos movimentos e atrasando a execução do exercício, o que influiu diretamente na pontuação. Por telefone, Maria de Oliveira disse que também vai protocolar denúncia ao Ministério Público.
 
MP decide até a próxima segunda-feira 
Conforme publicado na edição de ontem do jornal Cruzeiro do Sul, o MP decidirá até a próxima segunda-feira se vai ou não instaurar um inquérito civil para apurar as denúncias de supostas irregularidades. O órgão recebeu pelo menos sete denúncias de candidatos eliminados. As reclamações foram encaminhadas para o curador do patrimônio público em Sorocaba, Orlando Bastos Filho. Caso opte pelo inquérito, o promotor dará início à apuração que reunirá informações e documentos que o levará a decisão de propor ou não uma ação civil pública à Justiça. 

A responsável pela aplicação do concurso, a Fundação para o Vestibular Estadual Paulista (Vunesp), descarta que houve irregularidades e informa que seguiu o edital. Sobre as reclamações contra os testes, as considera infundadas e que ainda podem "ser tipificada criminalmente por atingir a reputação da instituição, sem qualquer tipo de prova". Acrescentou que é previsto que todos os candidatos devidamente inscritos têm o direito de apresentar sua insatisfação por meio de recurso administrativo. Já a Prefeitura, por meio da Secretaria de Negócios Jurídicos (SEJ), informa que vai aguardar a indicação do Ministério Público para que possa proceder à apuração da situação e, então, se posicionar em relação às denúncias.

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