Comandante da GCM é acusado de ameaçar mulher dentro de boate


 Jornal Cruzeiro do Sul
Carlos Araújo
carlos.araujo@jcruzeiro.com.br

A polícia de Ibiúna investiga acusação de ameaça contra E.F.B.S., uma mulher de 28 anos, numa boate da cidade. O acusado é o comandante da Guarda Civil Municipal, Vagner Correia Cruzoleto. O fato foi divulgado na segunda-feira pela Seção de Comunicação Social do 40º Batalhão da Polícia Militar de Votorantim e está registrado na Delegacia de Polícia de Ibiúna como boletim de ameaça. A Prefeitura de Ibiúna informou que vai abrir sindicância para apurar a denúncia. Cruzoleto, negando a acusação, disse que não esteve na boate durante a confusão e só compareceu ao local momentos depois para averiguar a informação de que estariam usando o seu nome como autor de uma ameaça. "Isso não aconteceu, de maneira alguma, e é o que eu quero esclarecer o mais rápido possível", afirmou Cruzoleto.

De acordo com o boletim de ocorrência nº 1125/2012, E.F.B.S., que também trabalhou na boate e consta como testemunha, viu uma discussão envolvendo um guarda municipal que se queixou de que a sua arma tinha sumido. Ele saiu de um quarto, seguido por E.F.B.S, dizendo que tinha encontrado a arma na bolsa dela. "Aquele GCM mandou que (E.F.B.S.) entrasse novamente no quarto e neste momento (E.F.B.S.) veio a alegar que não entraria, quando então ele sacou de uma arma que trazia na cintura, e veio a colocar na cabeça de (E.F.B.S) mandando que ela entrasse para dentro do quarto", descreveu o boletim de ocorrência.

Segundo o documento, a reação de E.F.B.S. e de outras duas testemunhas foi correrem para o mato. A boate fica numa beira de estrada, na rodovia Bunjiro Nakao, km 74. O boletim de ocorrência acrescentou que o acusado foi identificado como Cruzoleto, que foi encaminhado à delegacia, e que também estava na boate a viatura da CGM de número 012.
 
Testemunhas confirmaram 
O delegado de polícia José de Arruda Madureira Júnior disse que ouviu E.F.B.S. e uma testemunha e elas confirmaram o relato do boletim de ocorrência. Ele pretende ouvir Cruzoleto ainda esta semana ou no máximo na semana que vem. O resultado da apuração será encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) da Comarca de Ibiúna, e cópia também será enviada ao prefeito Coiti Miramatsu (PSDB). 

O secretário da Segurança Urbana de Ibiúna, Choji Miyake, confirmou que será aberta a sindicância, e disse que até ontem ainda não havia recebido nenhum registro oficial da ocorrência. Uma nota da assessoria de imprensa da Prefeitura informou: "Nesta sindicância será verificado se o funcionário estava em horário de serviço, entre outros pontos a serem observados. Se for constatado que o funcionário é culpado, ele sofrerá penalidades, mas isso apenas acontecerá no final do processo administrativo. Enquanto isso ele deve trabalhar normalmente. A sindicância apurará, também, o fato de ter uma viatura da Guarda Municipal no local; os GMs serão ouvidos no processo.
 
Outras partes da história 
Cruzoleto acredita que alguém tenha tentado prejudicá-lo usando o seu nome. E.F.B.S., ouvida ontem por telefone, disse que não conhecia o "cliente" com quem ela e uma outra mulher estavam. De acordo com o delegado de polícia, ela fez representação contra ele, um procedimento que autoriza o encaminhamento de ação de ameaça contra o acusado.

Na entrevista de ontem à noite, E.F.B.S. disse que vai retirar a queixa feita na Delegacia de Polícia porque tem planos de voltar para Recife (PE), sua cidade, e não terá condições de pagar passagens aéreas para atender às demandas de um processo judicial. Ela disse que trabalhou na boate de Ibiúna, onde fazia "bicos", e agora se desligou do local. Ela também disse que não viu o acusado colocar a arma na sua cabeça e disse que esse detalhe foi descrito pela testemunha que estava com ela. E.F.B.S. também disse que não está mais em Ibiúna e negou que tenha sofrido alguma pressão para retirar a queixa. A outra mulher citada na ocorrência como testemunha não foi encontrada por telefone.

Na boate, uma mulher que se apresentou como responsável pelo local e preferiu não se identificar, disse que o estabelecimento funciona como lanchonete. Sobre a acusação de ameaça contra uma mulher, ela respondeu: "Não teve negócio de arma aqui." Reconheceu que E.F.B.S. e a testemunha relatada na ocorrência trabalharam ali, mas deixaram o local e não sabe onde elas estão.

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