Segurança do CHS continua falha, um mês depois


BOM DIA volta ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba e passeia por salas sem ninguém pedir identificação


TATIANE PATRON/AGÊNCIA BOM DIA
tatiane.patron@bomdiasorocaba.com.br

Mais de um mês se passou e, apesar de a Secretaria de Estado da Saúde aumentar o número de vigilantes no CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba), o BOM DIA constatou, nesta terça-feira (24) à tarde, que ainda dá para entrar e sair do local sem ser incomodado. Exatamente  como no passado.

A repórter andou novamente por todos os setores do hospital e em  nenhum momento precisou mostrar a  identificação  ou ser incomodada por um dos 12 vigilantes terceirizados contratados.

No térreo está a porta dos fundos que dá fácil acesso à unidade de saúde. Lá existe uma catraca quebrada e  uma vigilante. A funcionária, no entanto,  não verifica se quem transita por ali possui  identificação.

Os funcionários contam com crachá e os visitantes com um adesivo na roupa, com seu nome e setor de visita escritos. O cadastro é feito pela entrada principal, mas quem entrar pelos fundos ganha livre acesso.
Nos demais andares o BOM DIA  não notou a presença de vigilantes ou de câmeras como está em avisos espalhados nos corredores e elevadores.

A repórter andou livremente pelo primeiro andar, onde fica a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). No segundo andar viu os pacientes da ala de queimados e do centro cirúrgico deitados nas macas com os pertences pelo chão. Já as mães e seus bebês ficam internados no terceiro andar.

Pelo menos uma mudança foi notada. O estacionamento do hospital conta agora com um porteiro. Quando o veículo do BOM DIA embicou para entrar, ele logo avisou que ali era permitido  apenas para ambulâncias e funcionários. Para isso, os carros contam com um adesivo de identificação que traz a logomarca do CHS.
Insegurança ainda é presente
Apesar de não ter mais ocorrido registro de furtos ou de roubo no Hospital Regional desde a reportagem que o BOM DIA publicou há um mês, os funcionários e pacientes alegam que ainda se sentem desprotegidos.“Depois da matéria não tivemos mais problemas com pertences roubados, mas ainda nos sentimos inseguros, pois qualquer um anda livremente pelo hospital. É um absurdo”, desabafa uma enfermeira. “Imagina se alguém leva um bebê”, destaca uma auxiliar de enfermagem. Os funcionários temem revelar as identidades.

A empresa de segurança contratada pelo CHS é terceirizada e chama-se Alpha. A Secretaria de Estado da Saúde não informou a periodicidade e o valor do contrato. Sobre o fato de a repórter  ter transitado livremente pelo hospital, a direção afirma que vai reorientar a empresa para reforçar a atenção em relação à entrada de visitantes.
 
Após as ocorrências de furto,  em março, o CHS instalou uma central de monitoramento por TV, com 150 pontos de câmeras; uma equipe de vigilância que se reveza em turnos de 24 horas e porteiro no estacionamento.
Relembre o caso
Alvo de ladrão
Funcionários e pacientes do CHS foram vítimas de furto,  em 5 de março. Das pacientes internadas na maternidade ou que acompanhavam seus filhos no berçário, foram levados celulares e dinheiro. 

Uma médica estava no conforto quando viu sua bolsa sendo levada por um homem magro. Ele furtou da funcionária R$ 350.

O estacionamento do hospital não tinha um porteiro para controlar a entrada e a saída de veículos.
 

As vítimas acreditam que o ladrão deve ter entrado pela porta dos fundos, já que não precisa de cadastro de identificação.
Ileso
Os furtos que aconteceram em março vitimaram apenas pacientes e funcionários. Nada foi levado do Hospital Regional.
100 
assinaturas foram enviadas à ouvidoria da unidade
Sem armário
Pacientes não contam 
com armários, apenas os funcionários que compram um cadeado para deixar os pertences seguros.
Pacientes registram queixas na ouvidoria
Uma carta de reclamação com denúncias sobre as falhas existentes no atendimento do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba) foi protocolada na tarde desta terça-feira (24). Quem recebeu o protesto foi a ouvidoria da unidade. 

O abaixo-assinado contém a assinatura  de cem pacientes, que foram recolhidas somente entre a noite de segunda e na manhã de ontem.
Segundo os idealizadores da carta de reclamação, as denúncias são várias, entre elas: uma paciente com câncer na cabeça aguardou a cirurgia por mais de quatro meses internada recebendo apenas morfina.
 
Outro caso que chamou a atenção é uma idosa de 77 anos que teve convulsões e entrou em coma depois de meses aguardando uma cirurgia, também na cabeça, para retirada de um tumor.  “Minha mãe estava internada desde domingo no Hospital Regional. Apenas ontem [segunda] foi transferida para o Hospital Santa Lucinda e isso só aconteceu por causa do manifesto que fizemos”, conta Marlene Araújo Inácio, uma das organizadoras do ato. “Além dela, mais duas pacientes conseguiram a transferência de internação.”

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