Conjunto Hospitalar tenta resgatar credibilidade


Após escândalos que envolveram o hospital, reforma da unidade e concurso público podem virar o jogo


TATIANE PATRON/AGÊNCIA BOM DIA
tatiane.patron@bomdiasorocaba.com.br

O diretor do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba), Luís Cláudio de Azevedo, concedeu entrevista ao BOM DIA e apontou quais são os problemas que o hospital ainda tem depois do escândalo dos plantões fantasmas – médicos recebiam por plantões não realizados. 

Segundo ele, a imagem da unidade continua  tão manchada, mesmo após quase um ano, que vagas remanescentes de concursos públicos ficaram sem ser preenchidas.

Para revitalizar a estrutura e recuperar a imagem do CHS, a partir de julho devem ter início obras nos prédios dos hospitais Regional e Leonor Mendes de Barros, além do ambulatório. No entanto, dos R$ 60 milhões que o governo estadual havia anunciado, apenas R$ 10 milhões foram disponibilizados. Conforme a Secretaria de Estado da Saúde, o restante deve ser utilizado para a construção do “segundo Hospital Regional”, no bairro Ipanema do Meio.

Confira na integra a entrevista com o diretor: 
BOM DIA: Como está a reputação do CHS após a Operação Hipócrates?
Luís Cláudio: O hospital ficou com a imagem manchada. Não tinha como sair ileso desse estresse. Porém, o julgamento foi generalizado. Do porteiro ao médico, todos foram tachados de ladrão, bandido, vagabundo e isso não é verdade. São questões pontuais. Para resgatar a autoestima desse pessoal teremos de ter muita paciência e oferecer boas condições de trabalho com resultado. Não dá para ficar só na perspectiva. Por isso, estão sendo feitas tantas cobranças para que as mudanças ocorram.

BD: Houve a exoneração de 50 funcionários. O que a direção deve fazer para repor o quadro de empregados?
LC: O quadro sempre foi deficitário e exonerações ocorrem a todo momento. Não vamos apenas repor essas vagas, mas completar o quadro. Publicamos em 28 de abril, no Diário Oficial, um edital para o concurso público para médicos.

BD: No último concurso público que o CHS abriu não houve sequer uma inscrição?
Luís: Não foi isso. Havia oito vagas remanescentes de outros concursos que não foram preenchidas. O prazo expirou e não tivemos interessados.

BD: A remuneração para médicos não é atrativa, segundo a categoria. Com o escândalo, o senhor acredita que haverá interessados para o concurso? 
LC: O salário não é atrativo. Isso é fato. O mercado de trabalho público nunca será competitivo com o privado. O que segura profissional é o nome do hospital, é a experiência e o aprendizado que ele vai ganhar. A equipe é de referência. Essas condições de trabalho podemos dar. Como o serviço público tem de fornecer a assistência, aqui temos muitos equipamentos e todos os tipos de casos. Quem está na área pública não é pelo salário, é pela paixão.

BD: Como está o andamento da revitalização do CHS?
LC: Os prédios são antigos e não têm manutenção adequada. O edital será publicado nos próximos dias, então as obras terão início entre julho e agosto. A reforma será na parte elétrica, hidráulica e gases. Inclui também a duplicação de leitos da UTI neonatal e a construção da farmácia ambulatorial de auto-custo. A ordem de investimento é de R$ 10 milhões. A entrega deve ser entre 24 e 36 meses. O plano de atualização tecnológica tem R$ 9 milhões para comprar 130 equipamentos. Vamos contratar empresas terceirizadas para a manutenção. O prazo para colocar todos os projetos anunciados em prática é longo. Afinal há cotação, estudos, mudanças. Em dez anos o CHS será outro hospital.

BD: Qual é o seu balanço?
LC: 2011 foi um ano de diagnósticos; 2012 é de implementação e execução e em 2013 vamos ver os resultados.

Dinheiro
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou em março do ano passado R$ 60 milhões em investimentos para ampliar e modernizar as instalações do Conjunto Hospitalar de Sorocaba, que atende 48 municípios da região.

Operação Hipócrates
A operação foi comandada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pelo Gas (Grupo Antissequestro de Sorocaba). Foram presas dez pessoas acusadas de receber por plantões não realizados.

Intervenção
O diretor Luís Cláudio de Azevedo assumiu o hospital em meados do ano passado.

Quadro de funcionários
Atualmente, trabalham 450 médicos. Ideal seriam 550 e mais 200 para demais funções.

‘O escândalo abalou’, diz presidente do Sindicato dos Médicos de Sorocaba
Antônio Sérgio Ismael não acredita que os projetos anunciados pelo governo serão concluídos; baixo salário afasta profissionais da unidade

“O escândalo abalou a imagem do CHS [Conjunto Hospitalar de Sorocaba]”, afirma o presidente do Sindimed (Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região), Antônio Sérgio Ismael. “Antes o CHS era referência. Hoje os médicos não usam mais o nome do hospital em publicações.”

Segundo ele, com o quadro de funcionários  incompleto, há dificuldades para montar os plantões o que causa sobrecarga de trabalho e isso reflete no atendimento ao público.

Para Ismael, os projetos anunciados pelo governo estadual nunca serão concluídos porque o hospital continua sem foco de atuação. “Está faltando planejamento.” 
Outra questão que está afastando os médicos das oportunidades oferecidas, de uma maneira geral, na visão do dirigente sindical, é o baixo salário. 

Cada médico ganha R$ 1.862 para trabalhar 20 horas por semana. Com as gratificações, a renda mensal acaba sendo de R$ 2.300.

Essa remuneração é a oferecida no concurso público  divulgado no fim do mês pela Secretaria de Estado da Saúde. São mais de cem vagas abertas e para diversas especialidades. Entre elas: cirurgia cabeça e pescoço, cirurgia tórax, cirurgia pediátrica, cirurgia vascular, clínica médica, infectologia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia e urologia.

Novo profissionais
O CHS deve ganhar mais profissionais em breve, segundo o diretor do complexo, Luís Cláudio de Azevedo. Segundo ele, os contratados devem estar atuando entre outubro deste ano e janeiro de 2013. A intenção é deixar o quadro ideal para atender aos pacientes. Por isso, será aberto mais concurso público para área da saúde. Serão cerca de 200 vagas disponíveis para auxiliar de enfermagem, auxiliar de saúde, auxiliar de serviços gerais, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, oficial da saúde e motorista. 

No entanto, ainda não há previsão para a liberação do edital, mas deve ser em breve, avisa a Secretaria de Estado da Saúde. 

v

Postar um comentário

0 Comentários