PMs da Rota matam 6 e são presos



    Pacotes de drogas, celulares e armas apreendidas

CAMILLA HADDAD
Uma moradora da Penha, na zona leste, assistia à televisão quando foi alertada pelo filho sobre uma cena “estranha” perto da casa da família, na noite desta segunda-feira (28). De longe, a mulher viu PMs em uma viatura das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) agredindo um homem. Depois, ouviu som de tiros. Ela descreveu tudo isso a um atendente do 190, em tempo real. O diálogo, de 12 minutos, terminou com a prisão de três policiais suspeitos de execução.
O coronel Salvador Modesto Madia, comandante da tropa de elite, afirma que o homem morto estava ligado a um grupo que teria recebido PMs a balas em um estacionamento da região, às 21h de anteontem. Na ação, cinco pessoas foram mortas pelos policiais. Essa parte da ocorrência foi registrada como resistência seguida de morte. Outras três pessoas foram presas e cinco fugiram.
Mas, no caso do homem observado pela moradora, a polícia diz que ele pode ter sido vítima de homicídio doloso (quando há intenção de matar) praticado por uma equipe de Rota. Um sargento identificado como Nogueira, o cabo Cosmo Levi e o soldado Aparecido estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes.
O coronel Madia explicou que os três não têm no histórico militar episódios graves, como execuções. “A ação no estacionamento foi legítima. O que houve foi desvio de conduta de uma das equipes”, diz o comandante. Segundo Madia, a ocorrência começou quando o batalhão recebeu denúncia de que o grupo, num estacionamento, planejava o resgate de um preso ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
Com as informações, seis viaturas – um total de 24 PMs – seguiram para a Rua Osvaldo Sobreira, endereço do estacionamento. Madia disse que as equipes foram alvo de tiros. Ninguém da tropa ficou ferido. Apesar de ter 38 câmeras no local, a ação da polícia não foi gravada.
Enquanto o fogo cruzado tomava conta da rua, o homem não identificado visto pela mulher foi detido, colocado em uma viatura e levado para a Rodovia Ayrton Senna, a seis quilômetros de distância. Investigadores disseram que câmeras da rodovia gravaram a viatura parada por exatos 12 minutos –mesmo tempo de conversa mantido entre o 190 e a mulher. Só que, na versão da equipe, eles resolveram parar na estrada pois um dos PMs teve câimbra.
A Polícia Civil investiga o caso. O diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco, disse que há sinais de execução no caso.
Três mortos foram identificados: José Carlos Arlindo, de 35 anos, Antonio Marcos Santos, de 37, e Cláudio Mendes. Arlindo tem passagem por furto, roubo e homicídio. Santos por tráfico, homicídio e porte de droga. Mendes não tem passagem criminal. Com eles foram apreendidas pistolas, metralhadores e drogas.

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