Servidor recebeu imóveis de grupo beneficiado com alvará


Espaço Singular, que recebeu alvará da reforma

Espaço Singular que recebeu alvará de reforma

Folha de S.Paulo

Um grupo empresarial transferiu em 2010 seis apartamentos perto do parque Ibirapuera para o nome da SB4, de Hussain Aref Saab, à época chefe do setor responsável por aprovar obras de médio e grande porte na cidade de São Paulo. Depois, empresas do mesmo grupo conseguiram liberações de alvarás na prefeitura.
Os seis imóveis --um andar inteiro com vista para o parque-- valem hoje cerca de R$ 4 milhões no mercado.
A Servcenter, que integra o grupo empresarial, registrou o repasse dos imóveis para Aref em novembro de 2010 como pagamento por "prestação de serviços de assessoria empresarial".
Um mês depois, o centro de convenções do WTC, do mesmo grupo, obteve a renovação de seu alvará de funcionamento na marginal Pinheiros --o processo estava parado havia mais de um ano.
Já em fevereiro de 2011, outra empresa do grupo, a Servlease, obteve o alvará de reforma de um salão de eventos nos Jardins (zona oeste). A aprovação saiu em cerca de um mês --o procedimento leva meses.
Patrimônio
Aref é investigado pela Corregedoria-Geral do Município. O Ministério Público também apura sua evolução patrimonial. Aref adquiriu 106 imóveis nos sete anos (2005 a 2012) em que comandou o setor que libera empreendimentos de médio e grande porte, chamado de Aprov. Ele, que pediu demissão em fevereiro, nega irregularidades.
Segundo registro da transação, o contrato de "prestação de serviços de assessoria empresarial" feita pela empresa de Aref ao grupo é de março de 2006.
O problema é que a SB4 nem existia. Ela só foi aberta em 2008.
O alvará do centro do WTC foi dado via Contru, setor que aprova locais de eventos. Informada pela Folha, a Corregedoria pediu os processos do caso a fim de saber se Aref tinha influência sobre o Contru. O outro alvará foi dado pelo Aprov.
Resposta
A defesa do ex-diretor Hussain Aref Saab não comentou ontem o negócio envolvendo os seis imóveis recebidos como pagamento pelos serviços prestados pela SB4.
De acordo com o advogado Augusto de Arruda Botelho, Aref não poderia responder as questões enviadas pela reportagem em razão de seu estado de saúde.
"Em decorrência de recomendação médica, Aref não está acessível", afirmou. O advogado não detalhou quais problemas de saúde acometiam o ex-diretor.
A defesa de Aref sustenta que todas as negociações feitas pelo então diretor da prefeitura foram regulares, e que seu crescimento patrimonial se deve aos rendimentos de um estacionamento de sua propriedade.
O empresário Gilberto Bousquet Bomeny, responsável pelo grupo que pagou a empresa de Aref com seis apartamentos, nega irregularidade.
Por meio de sua assessoria, o grupo disse que "a transação imobiliária feita não tem vínculos com o que está sendo noticiado pela imprensa".

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