Sorocaba precisa construir 12 mil moradias



O déficit habitacional apontado leva em conta apenas a demanda para atender às famílias de baixa renda

 Jornal Cruzeiro do Sul
André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

O próximo prefeito de Sorocaba, a ser eleito em outubro, deverá começar o seu mandato, em janeiro de 2013, tendo que planejar ações para sanar um déficit de cerca de 12 mil moradias para pessoas de baixa renda na cidade. Essa será a "herança" que a atual administração, de Vitor Lippi (PSDB), deixará, pois não será possível mudar essa realidade até o final deste ano, conforme assumiu, ontem, o secretário municipal de Habitação e Urbanismo, José Carlos Comitre. Esse número é praticamente o mesmo divulgado no ano passado, com base em dados do Plano Local de Habitação de Interesse Social - que era de 12.448 -, já que durante todo o ano passado, nenhuma moradia foi entregue pela municipalidade. 

Apesar disso, o secretário acredita que os projetos em andamento, que serão deixados já encaminhados para a próxima gestão, poderão ajudar a solucionar esse problema de habitação no município nos próximos anos. Ele citou sete projetos já elaborados pela Prefeitura, em parceira com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), que deverão oferecer 1.201 novas moradias à população de baixa renda. Em entrevista exclusiva realizada na manhã de ontem, Comitre afirmou que não será possível modificar esse número do déficit habitacional até o final deste ano, algo que ele considera bastante complicado, pois a liberação de verbas para a construção de casas populares é "morosa" e "burocrática". "Ainda mais agora, com a vinda de diversas indústrias à cidade, trazendo um grande volume de pessoas para cá", revela. 

Atualmente, existem 6.498 famílias com renda mensal de zero a três salários mínimos, vivendo em residências em situações precárias, ou mal instaladas, morando com outras famílias. Outras 4.491 famílias pagam valores excessivos de aluguel, acima da capacidade de pagamento, como, por exemplo, mais do que 30% da renda familiar. Existem também 7.105 famílias, que necessitam de regularização jurídica, pois moram em locais com falta de infraestrutura, ou casos de legalização de documentos, para melhoria dos imóveis. O déficit da cidade também contabilizava as famílias que moravam em áreas de risco, algo que foi totalmente zerado, conforme Comitre, com as 480 novas moradias que estão sendo ocupadas até o final deste mês - no residencial Altos do Ipanema I -, e com a finalização do Parque das Árvores, que passará a ser ocupado até agosto deste ano.
 
Novas moradias 
O secretário considera que os projetos em andamento na área da habitação poderão auxiliar na amenização dessa situação, já que mais de mil famílias poderão ser beneficiadas nos próximos anos. De acordo com Comitre, existem quatro projetos, em parceria com a CDHU, que deverão ser licitados ainda neste ano, possibilitando o início de suas construções até o ano que vem. No bairro de Aparecidinha, será construído o Sorocaba T, que oferecerá 124 novas residências. No Cajuru, mais 155 moradias serão construídas, constituindo o projeto Sorocaba S. 

Ambos projetos já se encontram em fase de licitação. A sua pasta também está trabalhando na elaboração do orçamento do Sorocaba U, que conterá 355 novas moradias instaladas na região do Jardim Betânia. Por fim, existe a criação da Vila da Dignidade, que oferecerá 20 novas moradias, no Jardim Tulipas, à população idosa de baixa renda.

Além disso, Comitre destaca um projeto, que está sob análise do governo federal, que oferecerá 256 moradias no Jardim Tropical; uma área, que está sendo retificada no bairro Parada do Alto, onde serão construídas 243 residências populares; e um projeto diferenciado, a ser realizado na Vila Barão, que tirará 48 famílias de uma área invadida, para levá-los para as novas residências que serão construídas naquele mesmo bairro. "Esse último projeto visa não tirar aquelas pessoas de sua realidade, de seu bairro, que eles já estão acostumados", acrescenta o secretário. 

"Tudo isto não vai resolver essa questão do déficit de moradias, mas eu acredito que estamos em um caminho tranquilo agora. Se tudo isto vingar, e acredito que vai, pois a procura pela nossa cidade para projetos como este está bastante grande, vamos diminuir drasticamente esse nosso déficit", argumenta Comitre.
 
3 mil em 8 anos 
Conforme dados passados por Comitre, a Prefeitura entregou, durante os dois mandatos de Vitor Lippi (PSDB), mais de três mil novas moradias às famílias de baixa renda e que viviam em áreas de risco. Em 2006 foram entregues 192 moradias no Jardim Imperatriz. Já em 2007, 203 residências foram repassadas às famílias de baixa renda no Jardim Maria Elvira. Em 2009, foram entregues 1.071 novos imóveis no Conjunto Habitacional Ana Paula Eleutério (Habiteto). No mesmo ano, foram entregues 484 unidades no Jardim Renascer. Já em 2010, 272 famílias foram beneficiadas com novos lares no Jardim Tulipas. Estes dois últimos empreendimentos foram viabilizados em parceria com a CDHU.

Em 2011, nenhuma nova moradia foi entregue pela Prefeitura à população de baixa renda. Já em 2012, 480 apartamentos estão sendo entregues neste mês para famílias que viviam em áreas de risco e outros 320 deverão ser finalizados e ocupados até agosto.

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