Eleitores desconhecem os candidatos a prefeito e vereadores



Eles atribuem à pouca divulgação o desinteresse nos concorrentes

 Jornal Cruzeiro do Sul

Rosimeire Silva
rosimeire.silva@jcruzeiro.com.br


A 74 dias do primeiro turno das eleições municipais, muitos eleitores de Sorocaba ainda demonstram desconhecer a maioria dos candidatos que concorre tanto ao cargo de prefeito como de vereador. Durante enquete realizada pelo Cruzeiro Sul junto a onze pessoas que circulavam pelas ruas do Centro de Sorocaba, apenas uma disse que já escolheu o candidato a prefeito e outra para o de vereador. Os demais disserem que ainda não têm conhecimento sobre quem disputará, seja a Prefeitura ou uma vaga no Legislativo.

O aposentado Décio de Oliveira, 67 anos, foi o único eleitor consultado pela reportagem que foi enfático ao afirmar que já escolheu em quem vai votar para prefeito. "Eu já tinha decidido o meu voto antes mesmo dele ter lançado oficialmente a sua candidatura". Essa convicção, no entanto, não é a mesma quanto à escolha de quem será o seu representante no Legislativo. "Vou ter que escolher ainda. Nem sei bem os que estão concorrendo". Já a dona de casa Helena Bueno, 61 anos, revela que o seu candidato a vereador já está escolhido, pois se trata de uma pessoa conhecida por ela que estará concorrendo nestas eleições. "Já em relação à Prefeitura eu ainda não conheço todos os que estarão concorrendo, por isso não consegui decidir para quem vai meu voto".

A auxiliar de enfermagem Helen Cristina de Lima, 36 anos, disse que está difícil definir o melhor candidato porque existe pouca divulgação sobre os nomes que estão concorrendo. A mesma opinião é compartilhada pela biotecnologista Fernanda Cunha, 24 anos. "Depois que conhecer o horário político na televisão fica mais fácil de conhecer um pouco mais os candidatos para poder decidir em quem votar. Por enquanto poucos estão fazendo campanha", diz.

O horário eleitoral gratuito na televisão também é esperado pela empresária Giovana Domingues, 26 anos, e a escriturária Suderleia de Oliveira Glauzer, 28 anos, para a definição dos votos para as próximas eleições. "Embora eu geralmente não assista muito, pelo menos dá para conhecer um pouco mais sobre cada um", diz Giovana. "Só assim a gente fica sabendo quem se lançou candidato e assim escolher por alguém que seja conhecido ou que tenha uma proposta melhor", reforça Suderleia.
 
Fora do domicílio eleitoral 
Para quem vota fora de Sorocaba, a escolha se torna ainda mais difícil. O porteiro André Luiz dos Santos, 32 anos, disse que embora more em Sorocaba ainda não transferiu o título e terá que viajar até Herculândia, no interior do Estado, para votar. "Só vou saber mesmo em que votar quando chegar lá, como é uma cidade pequena todo mundo se conhece e fica fácil saber quem se lançou como candidato".
 
O operador de máquinas Mateus Coelho, 49 anos, também terá que ir a Tatuí para votar. Mas embora more em Sorocaba, diz que pretende se informar melhor sobre os candidatos que concorrem na cidade onde vota para poder escolher. Eleitor da capital paulista, o metalúrgico Ismael Alves Luiz, 25 anos, que mora em Sorocaba, disse que se não conseguir escolher os seus candidatos nas eleições vai optar pelo voto na legenda. "Pelo menos favoreço os candidatos do meu partido".

Alguns eleitores, no entanto, não fazem questão nem mesmo de saber quem está na disputa eleitoral. "São sempre os mesmos candidatos. Por isso nem me interesso muito em saber sobre as eleições. Se a gente pensar muito acaba não votando em ninguém", desabafa o encarregado de mecânica Adilson Peres, 56 anos. O mesmo desinteresse é demonstrado pelo aposentado Sidnei Ferreira, 53 anos. "Não dá para escolher muito não. Acabo mesmo é decidindo no dia da eleição".
 
Campanhas mais tardias 
O mestre em sociologia, Rogério de Souza, docente da Universidade de Sorocaba (Uniso), diz que esse desconhecimento demonstrado pela maior parte dos eleitores sobre os candidatos que concorrerão nas próximas eleições é reflexo do menor ritmo das campanhas nas ruas verificado neste ano. Ele disse que diante da maior restrição por parte da Justiça Eleitoral em relação às propagandas, os candidatos estão mais cautelosos em só lançarem as campanhas nas ruas depois que todos os procedimentos estiverem devidamente regularizados. "Nas eleições passadas muitos candidatos foram alvos de processos por propaganda irregular, por isso agora existe uma cautela maior". 

Embora a autorização pela Justiça Eleitoral esteja em vigor desde o dia 7 de julho, Souza afirma que os candidatos tiveram que aguardar a liberação do CNPJ, que é necessário para a comprovação dos gastos da campanha, e então iniciar a confecção dos materiais de divulgação. "Nessas duas últimas semanas percorri seis diferentes cidades do interior do Estado e a própria capital e o cenário é o mesmo, com poucos elementos de campanhas nas ruas". Ele considera que somente a partir da segunda quinzena de agosto é que as campanhas tomarão mais corpo, especialmente após o início da propaganda gratuita no rádio e televisão. 

O cientista político Frederico de Oliveira Henriques, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas), afirma que até mesmo as pesquisas de intenção de voto, que foram realizadas antes desse período, podem sofrer alterações significativas a partir do início do horário político gratuito, que poderá ser motivada principalmente pelos eleitores indecisos ou que demonstrem rejeição por determinados candidatos. 

O sociólogo considera como positivo o encurtamento das campanhas eleitorais, que favorecem, inclusive, o menor gasto dos candidatos. Ele acredita que 45 dias é tempo suficiente para que os candidatos obtenham a popularização do seu nome e participem dos debates com seus adversários para esclarecer melhor os eleitores. "Isso favorece aqueles que já têm uma atuação junto com a comunidade e ações concretas e não aqueles com muito dinheiro para bancar longas campanhas", argumenta.

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