Presidente da CUT recua mas não descarta manifestação contra STF


Após dizer que Central poderia mobilizar trabalhadores, Vagner Freitas disse que Supremo fará 'julgamento técnico'


Fernando Gallo, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Embora tenha evitado dizer textualmente que descartava a ideia de uma manifestação nas ruas, o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, recuou nesta segunda-feira, 9, das declarações de que a central sindical pode mobilizar trabalhadores caso o Supremo Tribuna Federal (STF) faça um julgamento político do processo do mensalão. Ele repetiu diversas vezes que o Supremo fará um julgamento técnico, em cima dos autos.
"Acreditamos nas instituições que nós mesmo criamos. Não temos dúvida nenhuma de que teremos um julgamento técnico, no campo jurídico. O Supremo, como órgão competente que é, tem toda a confiança da população brasileira para fazer um julgamento no campo técnico, daquilo que está escrito nos autos. Era isso o que eu gostaria de ter dito hoje" disse, referindo-se à entrevista que deu ao jornal Folha de S.Paulo. "Esse era o recado que queríamos dar em nome da CUT".
Nos bastidores do Congresso da CUT, realizado nesta segunda-feira em São Paulo, a direção da central foi advertida da inconveniência das declarações de Freitas por petistas como o presidente da Câmara, Marco Maia, que pregou um "desarmamento" do debate.
Freitas afirmou ter "informações" de sua assessoria de que os autos do processo não indicam a existência dos crimes pelos quais os réus do mensalão foram denunciados. "A informação que temos da nossa assessoria que faz a averiguação jurídica em relação aos autos é que nos autos você não tem a configuração do crime que quer se estabelecer", sustentou.
Questionado sobre o autor da avaliação, ele negou que tenha sido feita pela assessoria jurídica da CUT, e desconversou. "São avaliações que temos tido. Obviamente não nos debruçamos em relação a isso porque temos tidos outras preocupações".
Ele indicou que sua fala sobre a mobilização nas ruas é uma espécie de antídoto para que o julgamento não seja politizado. "Um pouco da nossa tentativa de fazer a intervenção é de que a gente não transforme isso numa queda de braço política entre defensores de tese A, B ou C. Por isso que acreditamos que o Supremo, do alto da sua responsabilidade, num Brasil que caminha numa normalidade democrática, vai fazer o julgamento em cima dos autos".
Freitas afirmou que a "grande preocupação" da CUT é que não exista um pré-julgamento do caso e afirmou que a central não se omitirá de opinar sobre o mensalão. "A CUT é uma central sindical importante e nunca vai se omitir diante de fatos importantes do Brasil".

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