À CPI do Cachoeira, Pagot diz que Demóstenes pediu obras para Delta


 

Denise Madueño e Lilian Venturini, de O Estado de S.Paulo
O ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antonio Pagot afirmou em depoimento à CPI do Cachoeira, nesta terça-feira, 28, que o ex-senador Demóstenes Torres pediu a ele que destinasse obras para a construtora Delta, apontada pela Polícia Federal com integrante do esquema de Cachoeira. Demóstenes teve o mandato cassado em razão das denúncias de envolvimento com o contraventor. Aos parlamentares, Pagot creditou sua demissão do órgão a um complô entre Cachoeira e a construtora.
Adir Assad, dono das empresas JSM Terraplenagem e SP Terraplenagem, suspeitas de atuarem como “laranjas” e de terem sido beneficiadas com repasses de dinheiro público pela Delta foi convidado a prestar depoimento, mas como disse que não falaria, foi dispensado pela comissão.
Pagot contou que em fevereiro de 2011 foi chamado pelo então senador para um jantar em sua casa. Lá encontrou Fernando Cavendish, principal acionosta da Delta, o diretor da empreiteira no Centro-Oeste Claudio Abreu e outros integrantes da empresa. Em uma sala reservada, o senador teria o abordado sobre as obras em execução do Dnit. “Ele (Demóstenes) disse: tenho dívidas com a empresa Delta, que tem me apoiado nas campanhas, e preciso ter uma obra com meu carimbo”, relatou Pagot, que afirmou ter recusado o pedido.
Pagot foi demitido do Dnit durante a “faxina” da presidente Dilma Rousseff no Ministério dos Transportes em 2011. Em seu depoimento à CPI, Luiz afirmou que sua demissão foi resultado de um complô entre Carlinhos Cachoeira e integrantes da Delta por ter contrariado interesses da empresa ao apontar sucessivas falhas em obras.
Ele mencionou como exemplos a obra da BR-116 no Ceará, na qual a Delta subcontratou uma empreiteira sem autorização do Dnit. Também contou que, na BR-104, em Pernambuco, a empresa insistia em um aditivo de preços que não foi concedido por Pagot. Em outra obra, no Rio de Janeiro, o Dnit tentava retirar a Delta por descumprimento de contrato. “Tínhamos um cronograma e a empresa sempre ficava dando desculpas. O que percebemos é que havia uma postergação da empresa em entrar na obra”, disse Pagot.
“Acredito que esses fatos todos, se nós agimos no interesse de preservar a qualidade das obras e o cumprimento dos compromissos, provocaram dissabores a Claudio Abreu, o que o levou, juntamente com Cachoeira, a patrocinar uma matéria jornalística que me tirou do Dnit”, diz Pagot, em referência ao ex-diretor da Delta Centro-Oeste. À CPI, Luiz Antonio Pagot afirmou desconhecer eventuais ligações entre a empresa e o contraventor, de quem tomou conhecimento apenas pelos jornais.

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