Cerca de mil participam da Parada Gay



Candidatos a prefeito procuram associação para discutir a demanda da comunidade GLTTB e o combate à homofobia


José Antonio Rosa
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br


Três dos quatro candidatos a prefeito de Sorocaba já assumiram o compromisso de, caso eleitos, apoiar e desenvolver políticas públicas de atenção à causa da comunidade formada por Gays, Lésbiscas, Transformistas, Travestis e Bissexuais (GLTTB). A informação foi prestada pelos organizadores da sétima edição da Parada do Orgulho Gay, que preferiram não divulgar os nomes dos candidatos. O evento conta com o apoio da Prefeitura, das Secretarias da Cultura e da Segurança Comunitária. Cerca de mil pessoas participaram da Parada neste domingo. 

Os encontros para discutir as demandas ocorreram por iniciativa dos próprios concorrentes e neles foram tratadas questões como o combate à homofobia, a conscientização para a prática da tolerância e o respeito à diversidade. A proposta do movimento é fazer com que a sociedade conviva melhor e em paz com as diferenças. "Não reivindicamos privilégios; apenas buscamos exercer a cidadania nas mesmas condições que todos", disse o tesoureiro da recém-criada Associação do Orgulho Gay de Sorocaba, Luiz Fabrício Gomes.
O anúncio da entidade reforça e incorpora à agenda política local temas até então pouco discutidos. Gomes acredita que certos tabus estejam caindo e que a sociedade tenha aprendido a conviver melhor com as diferenças. "O falso moralismo e o traço mais conservador já são coisas do passado. Acredito que Sorocaba começa, mesmo que lentamente, a mudar essa visão distorcida. Nosso propósito é viver em paz com todos."

A Parada trouxe à cidade artistas da região de Campinas, como as drag queens Thuany Camp, Stefany Bills e Pretty Lupon, que conversaram com a reportagem. Todas entendem que o tratamento às minorias sexuais tem melhorado. Definiram a festa de ontem como "um ato pela paz". "Não se pode ignorar que existe espaço para o convívio pacífico e respeitoso; basta querer. E nós queremos", disse Pretty.

Para os participantes, o preconceito ainda é uma barreira que encontra aplicação em todos os lugares indistintamente. "Sorocaba faz parte do contexto. Até por isso, não dá para dizer que aqui a discriminação é maior, ou mais acentuada. Preferimos acreditar que estamos fazendo a nossa parte e que, o mais breve possível, não tenhamos mais de lamentar nem pedir providências por ataques sofridos, violência gratuita", destacou José Ribeiro.

Os organizadores também reforçam que a parada é o momento em que todos podem expressar o quanto se gostam e se respeitam. Mais do que isso, que respeitam os demais. "Essa festa serve para dizermos que a igualdade deve ser regra. Chega de homofobia, chega de brigar para ser respeitado. Nós não somos diferentes, nem melhores, nem piores. Somos gente como qualquer um que exerça outra opção, que tenha outras ideias", disse Edna Penha.

Equipes do ambulatório de Doenças Sexualmente Transmitíveis (DST) montaram barraca na Pça. Frei Baraúna, ponto de partida da passeata, na qual foram distribuídos preservativos e folhetos explicativos sobre a realização do teste que detecta Aids em pouco tempo. Os exames, conforme o médico Ricardo Pio Marins, chefe do setor, podem ser realizados gratuitamente na sede do Coas, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na Rua da Penha, 770. De acordo com Marins, cerca de 50 pessoas ainda morrem por ano em Sorocaba vítimas da doença.

A parada se dispersou no Parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim. Apesar do ano eleitoral, nenhum candidato compareceu ao evento. A legislação proíbe e pune os que disputam cargo eletivo de participar de ato promovidos pelo poder público. A norma obriga que os concorrentes mantenham-se a distância mínima de 200 metros desses encontros, sob pena de serem punidos com multa e até cassação da candidatura. 

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