'Ele nunca se envolveu com o crime', diz mãe de universitário preso



Folha de São Paulo

Aluno de engenharia numa universidade privada, Temístocles de Souza, 21, trabalha numa metalúrgica e vinha dizendo à mãe que iria deixar a indústria onde atuava para buscar emprego em sua área.
Há cerca de 15 dias, foi baleado pela polícia. Para os investigadores, ele era parte há pelo menos seis meses de uma quadrilha de sequestradores formada por rapazes de classe média que cometia os crimes para comprar roupas caras e fazer festas regadas a uísque.
Eles atacaram ao menos 30 vítimas em sequestros-relâmpago em bairros nobres das zonas sul e oeste da cidade.
"Não consigo acreditar nisso. Meu filho sempre foi trabalhador e levou um tiro. Não é sequestrador. Passou por cirurgia e está com febre na delegacia em que está preso", disse à Folha a mãe do jovem, a também metalúrgica Raquel, 53, que não quis ter seu nome completo publicado.
Ela diz acreditar que Temístocles foi preso por engano. "Ele nunca se envolveu com o crime, foi uma surpresa muito triste."
O suspeito mora com a mãe e uma irmã no Capão Redondo, zona sul. Os seis comparsas, que estão presos, são colegas de bairro. Outros nove são procurados pela polícia.
A vida deles, mesmo em bairros pobres, é confortável. Entre os presos, há pelo menos quatro universitários.
Jovem de olhos claros, Vitor Mendes Rodrigues de Lima, 20, aparece em fotos com roupas de grife ao lado de amigos com bebidas e dólares nas mãos. Ele também trocou a casa confortável por uma carceragem.
Folha deixou recado num telefone de familiares de Vitor, mas não obteve retorno.
"São todos de família boa, de gente trabalhadora. Quando explicamos que eles são reconhecidos por vítimas e que há provas, os pais não se conformam", disse o delegado Eduardo de Camargo Lima, do 96º DP (Brooklin).
Raphael Guilherme dos Santos, 21, também foi preso. Ontem, o advogado dele, José Hilton Cordeiro da Silva, disse que o jovem nega os crimes. "Ele trabalhava como auxiliar de cozinha num hospital. Nega envolvimento."
Hoje, os jovens estarão frente a frente com outras vítimas para reconhecimento.

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