Em debate, prefeitos do interior de SP dizem que a saúde é o principal problema



Financiamento da saúde é o maior problema das prefeituras hoje. Mobilidade urbana será em breve o grande desafio das cidades médias. E a crise internacional reduzirá os orçamentos.
Essas foram algumas das conclusões do debate entre prefeitos do interior paulista realizado na Folha ontem (20).
Segundo o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), a rede de saúde municipal atrai moradores da região "sem receber por isso".
"O governo federal cria medidas demagógicas [como o programa Brasil Sorridente] e quem paga a conta são os municípios."
Cury e os prefeitos de Sorocaba, Vítor Lippi, e de Piracicaba, Barjas Negri, todos do PSDB, criticaram a política para a saúde da presidente Dilma Rousseff (PT).
"O Ministério da Saúde tem diminuído sua participação no financiamento da saúde", afirmou Negri.
Para melhorar o trânsito, Cury e Lippi defenderam a ampliação das ciclovias, o desestímulo aos carros e a desoneração do transporte público.
Já Negri disse que deve haver "grandes investimentos" em avenidas, "para fazer carros e motos que estão sendo vendidos rodarem".
As três cidades têm montadoras de veículos.
Os três prefeitos, que estão no último ano de seu segundo mandato e não podem se reeleger, afirmaram que todos os prefeitos terão dificuldades para fechar o caixa por causa da crise iniciada em 2008.
Quanto à educação, os três avaliaram seus resultados como positivos. Isso ocorreu, segundo eles, porque as prefeituras têm mais "flexibilidade" para investir nessa área do que na saúde, por exemplo.
Quanto a políticas sociais, eles consideraram o Bolsa Família importante. Cury, no entanto, criticou o "marketing" feito com o programa.
Todos concordaram, por fim, que prefeituras de uma mesma região têm de trabalhar em conjunto para resolver os problemas locais.
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CONFIRA ALGUNS TRECHOS DO DEBATE:
OPOSIÇÃO
"Ser oposição [ao governo federal] não ajuda na hora de receber recursos. Sorocaba tem conseguido recursos quando pleiteia financiamentos, como no Minha Casa, Minha Vida. Mas [recursos] a fundo perdido ou não reembolsáveis são uma raridade."
Vítor Lippi, prefeito de Sorocaba
"É muito claro que nos governo Lula e Dilma partidos de oposição têm recebido [recursos] em escala muito pequena em comparação com prefeituras da base [...] O PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] na minha cidade praticamente não chegou."
Barjas Negri, prefeito de Piracicaba
CRISE INTERNACIONAL
"Os prefeitos terão dificuldades para fechar suas contas neste ano. Como muitos tentarão reeleição, ou eles vão chegar e dizer aos eleitores que não vão cumprir suas promessas de campanha --o que é muito difícil no meio da disputa--, ou eles vão estourar seu orçamento."
Eduardo Cury, prefeito de São José dos Campos
"Neste ano, o saldo ainda será positivo, mas bem abaixo dos outros anos. A média [de empregos criados] era de 5.500. Não vamos alcançar 3.000, 4.000 neste ano. A prefeitura que não tiver feito ajustes no orçamento terá dificuldades para fechar o caixa."
Barjas Negri, prefeito de Piracicaba
SAÚDE
"Hoje, o que é repassado [pelo governo federal] aos hospitais é insuficiente. E quem paga a conta? Os municípios. Para não deixar de prestar atendimento nós temos que cometer até algumas irregularidades, como colocar médicos das unidades de saúde municipais dentro dos hospitais para fazer cirurgias."
Vítor Lippi, prefeito de Sorocaba
MOBILIDADE
"Esse vai ser o principal gargalo das prefeituras daqui para a frente. Os gargalos do passado --como saneamento básico e habitação-- estão sendo resolvidos nas cidades grandes e médias, ficando a questão da mobilidade [...] Estamos criando ciclovias, porque apostamos que as cidades do futuro não serão cidades do carro."
Eduardo Cury, prefeito de São José dos Campos

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