Famílias de sem teto devem ser retiradas de prédio invadido no centro da capital


Entre os ocupantes, há 78 crianças; a PM confirmou a reintegração de posse e cerca o prédio


Ricardo Valota, O Estado de S.Paulo
Atualizado às 6h50
Prédio possui seis andares, foi invadido há 9 meses e fica na Avenida Ipiranga - Divulgação
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Prédio possui seis andares, foi invadido há 9 meses e fica na Avenida Ipiranga
SÃO PAULO - De 100 a 130 famílias de sem teto devem ser retiradas nesta manhã de terça-feira, 28, de um prédio de seis andares, um antigo hotel, localizado na altura do nº 908 da Avenida Ipiranga, no centro da capital paulista.
Segundo as famílias, que fazem um apitaço e ameaçam não deixar o local, a previsão era de que a Polícia Militar iniciasse a operação a partir das 6 horas. Às 6h50, a PM cercava o prédio e conversava com a liderança das famílias.
Somente às 5h30 o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar confimou a reintegração de posse e afirmou que a informação não foi divulgada antes deste horário pois o Batalhão responsável por aquela região da cidade ainda planejava como seria o acompanhamento da operação.
Segundo a Frente de Luta por Moradia (FLM), entre as pessoas que invadiram o prédio, no final de 2011, há 78 crianças. O dono do edifício, segundo a FLM, é Dino Lencione, que teria conseguido uma liminar na justiça a favor da retomada do prédio.
"Esse prédio foi lacrado pela Prefeitura por causa de infiltrações e problemas com a rede de esgoto. Depois que ocupamos o prédio, conseguimos consertar os vazamentos, as infiltrações e trocamos o encanamento.", afirmou Osmar Silva Borges, coordenador do movimento.
O coordenador da FLM disse também que as famílias que estão no prédio conseguiram emprego e as crianças frequentam escolas, tudo na região central. Segundo ainda a FLM, houve nesta segunda-feira, 27, uma reunião entre os representantes das famílias e a Secretaria Municipal de Habitação que, de acordo com Osmar, apenas iniciou o processo de cadastramento das pessoas com a promessa de estudar alojá-las em albergues.
"Se formos retirados, teremos que ficar na rua mesmo. Não temos para onde ir. As crianças terão que deixar a escola e muitos perderão o emprego. Existe um preconceito muito grande contra quem não tem residência fixa ou mora em albergue.", acrescentou Borges.
Outras 117 famílias, da mesma frente, também ocupam um prédio, de quatro andares, na altura do nº 588 da Avenida São João, totalizando nos dois imóveis cerca de 200 crianças. Todas elas fazem parte do mesmo movimento que iniciou várias ocupações em 2009 na zona leste da capital. Desde lá, segundo a FLM, estas famílias tentam com a Prefeitura a construção de moradias populares.

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