São Roque investe na divulgação do enoturismo entre os paulistas


O Sindicato da Indústria do Vinho de São Roque reúne 16 vinícolas - Por: Aldo V. Silva


 Jornal Cruzeiro do Sul
Fernando Guimarães
fernando.guimaraes@jcruzeiro.com.br

São Roque está entre as 29 cidades consideradas estâncias turísticas no Estado de São Paulo por estarem em conformidade com critérios estabelecidos por lei estadual. Com isso, esses municípios recebem um repasse maior de verbas para investir no turismo regional. São Roque cumpre esse papel e atrai, por ano, mais de 800 mil turistas, graças à estrutura disponibilizada como hotéis, restaurantes, lazer e, em especial, o enoturismo, cujo objetivo é divulgar as variedades de vinhos para tornar a bebida mais popular.

Fundada no século 17, hoje a cidade completa 355 anos, mas, mais do que festejar, São Roque se preocupa em aumentar a cultura do vinho entre os paulistas, e o enoturismo é ferramenta certa para a desmistificação de muitas crendices como a de que vinho é somente a elite quem pode apreciar. Nesse aspecto, hoje o Sindicato da Indústria do Vinho de São Roque (Sindusvinho), que reúne 16 vinícolas, investe cada vez mais no roteiro turístico.
 
De acordo com o presidente da entidade e diretor executivo da Vinícola Góes, Cláudio José de Góes, de 48 anos, o vinho de mesa representa 80% do consumo da bebida no Estado de São Paulo. Trata-se de um vinho economicamente mais viável, pois custa entre R$ 8 a R$ 15, porém, a indústria vinícola pretende ampliar a introdução de outras variedades de vinho, como aquelas produzidas do sumo das uvas finas do tipo carbenet e tanat, por exemplo. Mas além do conhecimento desses vinhos, a indústria brasileira enfrenta o problema da concorrência com os vinhos do Chile e da Argentina.

O preço para venda praticado por esses países chega a ser menos da metade do praticado pelo nacional, o que inviabiliza o produto interno. Segundo a justificativa de Góes, um dos problemas seria a irregularidade geográfica das terras brasileiras que dificulta o uso da tecnologia para a colheita e produção da fruta. Estuda-se modelos que permitam facilitar esse processo e tornar o mercado brasileiro mais competitivo internamente. São Roque hoje se vale das plantações e cultivo da uva feitos na Serra Gaúcha, onde a agricultura familiar recebe investimentos do governo federal e onde a especulação imobiliária é bem menor que a do Estado de São Paulo. São Roque chegou a ter 140 vinícolas. Esse número foi caindo em função da venda de terrenos e sítios para loteamento urbano.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos vinicultores, as perspectivas são positivas, considerando-se que a cada ano aumenta o número de turistas na região, em busca de conhecimento sobre a cultura do vinho. São Roque recebe entre 100 e 120 mil turistas anualmente, chegando a registrar de 3 a 4 mil por final de semana. São números para se comemorar, porém, como diz Cláudio Góes, não se pode perder em qualidade e há muito ainda a ser feito. A Vinícola Góes envasa cerca de 7.500 garrafas por hora, e todos os lotes são controlados e analisados. Quem faz esse controle de qualidade é o enólogo Fábio Góes, de 33 anos, que recolhe de cada produção seis amostras, que passam por rigorosos testes químicos em laboratório da própria vinícola. Apenas o teste micro-orgânico é feito por laboratório terceirizado.

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