Dilma afaga PR e nomeia vice do BB para o Ministério dos Transportes


Presidente escolheu César Borges (PR) em busca de apoio do partido para sua reeleição


Vera Rosa e Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em mais uma operação para obter apoio à campanha do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff cedeu ao comando do PR e trocou o titular dos Transportes. O novo ministro é o ex-governador baiano César Borges, que ocupava a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil. Borges substitui Paulo Sérgio Passos, o técnico que assumiu Transportes no rastro da "faxina" administrativa promovida no primeiro ano do governo, em julho de 2011.
Dilma resistiu o quanto pôde a trocar Passos. Depois de uma "novela" que durou mais de dois meses, porém, ela avisou o senador Alfredo Nascimento (AM), presidente do PR e ex-ministro dos Transportes, que só aceitaria a substituição se o escolhido fosse Borges. Posse será na terça-feira, 2.
Apesar dos protestos da bancada na Câmara, defensora da indicação de um deputado federal, o ex-ministro Nascimento - que fora defenestrado dos Transportes em meio a denúncias de corrupção na pasta - fechou acordo com Dilma, provocando um racha no partido. Caso não fosse contemplada, a direção do PR ameaçava apoiar o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma, em 2014.
Com a troca desta segunda-feira, 1, sobe para quatro o número de mudanças no primeiro escalão. No último dia 15, a presidente fortaleceu o PMDB no governo e, a exemplo do que fez com o PR, também cedeu ao grupo do PDT que havia saído da Esplanada na esteira da "faxina".
Na seara do PMDB, Dilma transferiu Wellington Moreira Franco da Secretaria de Assuntos Estratégicos para a Aviação Civil, um ministério poderoso em tempos de concessões de aeroportos e obras para a Copa de 2014. Depois, numa articulação para facilitar a montagem do palanque eleitoral em Minas, ela escalou o deputado Antônio Andrade, presidente do PMDB mineiro, para assumir o Ministério da Agricultura no lugar de Mendes Ribeiro. Além disso, pressionada pela cúpula do PDT, nomeou o secretário-geral do partido, Manoel Dias, para o Ministério do Trabalho, antes ocupado por Brizola Neto.
Dnit. Dilma se reuniu nesta segunda com Borges, Nascimento e com o senador Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP), no Palácio do Planalto, para selar a mudança em Transportes. O ex-governador e ex-senador baiano terá autonomia para mexer no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Na "faxina" de 2011, a cúpula do Dnit também caiu.
Borges ficou apenas dez meses na vice-presidência do Banco do Brasil. Agora, ele terá a missão de unir o PR para a campanha da reeleição, apesar dos percalços enfrentados pelo partido. Um deles ocorreu depois do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) foi condenado.
A posse de Borges está marcada para quarta-feira. "A escolha é muito boa. Não tinha cabimento a gente não aceitar a indicação de quem comanda o PR na Bahia", afirmou Antônio Carlos Rodrigues. Questionado sobre o racha no partido e o descontentamento da bancada federal, com 34 deputados, o senador desconversou. "A direção do PR está contente", insistiu ele.
Na semana passada, o líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho (RJ), recusou-se a negociar sobre o assunto com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e esperou pelo chamado de Dilma, que só ocorreu ontem, minutos antes da confirmação do nome de Borges.
Dote. O PR tem a oferecer um dote de 1 minuto e 10 segundos por bloco, na propaganda política. No ano passado, o partido não conseguiu negociar com a presidente a substituição de Passos e apoiou a candidatura do ex-governador José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo, contra Fernando Haddad (PT), que acabou eleito.
Desde que Nascimento deixou o Ministério, em 2011, o PR resolveu ficar "independente" nas votações do Congresso, embora oficialmente integre a base aliada. Embora seja filiado ao PR, Passos nunca teve trânsito no partido e sempre foi considerado uma escolha da "cota pessoal" de Dilma.

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